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A cantora e o compositor se conheceram nos ensaios do Festival dos Festi vais | Washington Possato
A cantora e o compositor se conheceram nos ensaios do Festival dos Festi vais| Foto: Washington Possato

Dos tantos parceiros que teve Leila Pinheiro, desde que a paraense pisou no Rio de Janeiro, nos anos 1980, Guinga e Eduardo Gudin são aqueles que leem sua alma. "O que mais me arrebata, eles fazem", ela diz.

A profunda identificação pelo primeiro foi vertida em disco em 1996, Catavento e Girassol. Em Pra Iluminar (Otacá Music), chegou a vez de Gudin. Parceiro determinante em sua carreira, antes de tudo, por ser o autor da canção ("Verde") que projetou a voz de Leila para o país, no Festival dos Festivais, em 1985.

A intérprete havia se debruçado sobre o cancioneiro do compositor e amigo em 2007, durante seis shows feitos no Teatro Fecap, em São Paulo. As condições técnicas do lugar convidavam a uma gravação. Ao ouvir o resultado do quinto dia, os poucos erros encontrados revelaram que o material do novo disco estava ali. "Eram coisas que podíamos consertar na mixagem, e assim eu fiz", diz Leila, que finalmente pôde registrar largamente a amizade iniciada no Maracanazinho, durante os ensaios que culminariam em um prêmio de cantora revelação no festival.

Ao firmar parcerias exclusivas –como foi aquela com Guinga e, mais recentemente, com Roberto Menescal, no duo Agarradinhos, e agora esta–, Leila mostra o quanto acredita nos encontros. "Posso mergulhar com muito mais profundidade e calma dentro das composições escolhidas. E, no caso do Gudin, um dos grandes prazeres meus é tornar sua obra mais conhecida. Tenho certeza de que ele compõe para mim, porque diz que alcanço o que ele pensa para a canção. Tenho essa sensação tanto com ele quanto com o Guinga", diz.

A dona da voz elogia, sobretudo, as habilidades do violonista ao acompanhar seu canto. "Não é para qualquer um. Saber acompanhar um cantor é um dom." Gudin não apenas assina as 17 composições do disco, como imprime seu violão nas canções, participou da seleção do repertório, e responde pela direção musical e pelos arranjos. Finalmente, no samba "Velho Ateu", última faixa do disco, aparece também nos vocais.

O um mais um de Pra Iluminar resulta homogêneo, para o bem e para o mal. Leila se mostra íntima das canções, em interpretações seguras e consistentes, que comprovam sua maturidade musical. Canta sambas vibrantes sobre amor desde a primeira faixa, que batiza o disco. E outros de tons mais graves, como "Mordaça", dobradinha de Gudin com Paulo César Pinheiro.

A cantora revisita "Chorei", "Mente" (à sombra da gravação de Clara Nunes), "Paulista" (antes cantada por Vânia Bastos, parceira recorrente do compositor) e, é claro, "Verde", sem superar o registro anterior e definitivo.

O show ganha a estrada com uma formação mais enxuta do que os oito músicos que subiram ao palco da Fecap. Estreia em maio, no Rio de Janeiro, de onde segue para São Paulo. Curitiba deve recebê-lo no segundo semestre.

Enquanto viaja, Leila pensa nos próximos passos, que dará em 2010. Um projeto mantém ainda em segredo. O outro é a reedição de seu LP de estreia pelo produtor e pesquisador Marcelo Fróes, ela lança ainda, em CD, um show de 2002, dedicado a Bilie Holliday, pelo Projeto Três Vezes Jazz. GGG1/2

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