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A americana Stacey Kent, que lança disco de canções francesas | Divulgação
A americana Stacey Kent, que lança disco de canções francesas| Foto: Divulgação

Perfil

Saiba um pouco mais sobre a cantora americana

Stacey Kent nasceu em 1965, em South Orange, Nova Jersey.

Hoje, além de estudar a língua portuguesa com o intuito de gravar canções nacionais – ela adora Tom Jobim e a bossa nova –, Stacey compõe músicas com o escritor nipo-britânico Kazuo Ishiguro, autor dos romances Os Resíduos do Dia e Não Me Abandone Jamais.

No Brasil, além de Raconte-moi, foram lançados The Boy Next Door e Breakfast on the Morning Tram. Este tem uma versão comovente de "Landslide", música que ficou famosa com o Fleetwood Mac. No mesmo disco, ela fez o que parecia impossível: criar uma versão de "What a Wonderful World" que não faz pensar imediatamente em Louis Armstrong.

Em The Boy Next Door, ela investe em alguns clássicos americanos, como "Too Darn Hot" e "Makin’ Whoopee".

Se eu tivesse de fazer uma lista sobre as coisas que fazem a vida valer a pena, a voz de Stacey Kent seria uma delas. Ela soa frágil e ao mesmo tempo segura, como se tivesse consciência de sua vulnerabilidade e não tentasse dissimulá-la. Stacey cantando é pacificadora. Ouve-se as canções de Raconte-moi e a única certeza é de que tudo vai ficar bem, não importa o quão difíceis elas pareçam – ou de fato sejam – agora.

O 11.º disco de Stacey foi lançado há pouco no Brasil e reúne 12 composições cantadas em francês, antigas (as de Henri Salvador) e novas (Claire Denamur). Ela havia gravado na língua de Edith Piaf antes, mas nada com a extensão do novo trabalho.

Embora, para os nativos da língua, essas incursões em idiomas diferentes possam soar estranhos ou mesmo engraçados – pense em Nat King Cole cantando em português –, para um brasileiro, o francês de Stacey Kent é perfeito!

O álbum abre com uma versão linda de "Águas de Março", transformada em "Les Eaux de Mars" e ela seria suficiente para justificar os elogios que a cantora merece. Há algo de levado na maneira como ela entoa os versos de Tom Jobim – como se se orgulhasse da proeza de fazer uma adaptação francesa que não fica devendo nada para a original. O amor de Stacey pela música brasileira virou interesse pelo português e ela disse em entrevistas que estuda a língua com o objetivo de gravar parte do repertório nacional.

A faixa-título, "Raconte-moi", abre com um violão sutil, leve e rápido, acompanhando os versos que dizem "Conte-me so­­nhos". Igualmente animada e um tanto mais alegre, "La Vénus du Mélo" é pop daqueles que grudam na memória.

Na verdade, Stacey costuma ser associada ao jazz, mas seu campo de interesse é amplo: gravou um disco em homenagem a Fred Astaire e outro só com canções natalinas (uma tradição da qual nem Bob Dylan escapou). "Raconte-moi", por sua vez, tem os dois pés fincados na chanson, o gênero levado às multidões por Charles Aznavour, Maurice Chevalier e outros.

"C’est les Printemps", "Le Mal de Vivre" e "Mi amor" (esta com batida próxima do bolero, irresistível) são capazes de estabelecer um clima entre o tranquilo e o fes­­tivo. O começo de algo bom. E é preciso acreditar em começos.

Algo parecido acontecia com "The Boy Next Door", o álbum anterior da cantora lançado no Brasil. Sem alarde, delicada e carinhosa, a voz de Stacey é mais marcante do que se pode supor à primeira ouvida. GGGG

Serviço

Raconte-moi, de Stacey Kent. EMI. Preço: R$ 29,90.

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