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Uma aliada. É assim que deve ser vista a internet pelos meios impressos, dizem os profissionais de jornalismo. E assim tem sido o modus operandi dos veículos diários. Dos pequenos aos tradicionais e de maior circulação, a maioria mantém, já há algum tempo, páginas virtuais e versões online.

O diretor de redação da Gazeta do Povo, Nelson Souza Filho, endossa a tese. "Os grupos de comunicação, mais do que nunca, devem hoje ser provedores de conteúdo, num processo de multiplataforma, onde cada veículo completa o outro", afirma. O jornalista Matías Molina, também diretor de análise internacional da CDN Análise & Tendências, acescenta que essa soma de forças – de plataforma "real" com "virtual" – pode se traduzir em trampolim para a difusão. "Permite que o conteúdo de um jornal chegue facilmente a todos os lugares do planeta", diz.

A internet, observa o professor da UFSC Elias Machado, passou a ser utilizada como plataforma de convergência de várias possibilidades de jornalismo: do impresso ao rádio, incluindo a televisão. Há limites ou tendências? "Acho que todos estão em busca de caminhos e que as respostas certas ainda não estão claras para ninguém", analisa o ombudsman da Folha de S.Paulo, Carlos Eduardo Lins da Silva.

O eterno papel

Se, no que diz respeito ao jornalismo, a televisão já chegou a "ameaçar" o futuro do impresso, o jornalista Eugênio Bucci – a partir de estudos e reflexões sobre o assunto – acredita que o meio impresso, com infografia e texto de qualidade, pode ser mais eficiente, por exemplo, do que a tevê. A posse do presidente Barack Obama é um exemplo.

"Apesar de os canais televisivos terem feito amplas e exaustivas coberturas, no caso brasileiro, foram os grandes jornais que ofereceram aos leitores, de maneira detalhada, ‘tudo’ sobre a cerimônia", raciocina. Bucci argumenta que, no impresso, quando o jornalismo é eficaz, o leitor se localiza, pode voltar a uma informação e, no fim das contas, ter uma apreensão do assunto muito mais completa (inclusive a partir de recursos visuais) do que, por exemplo, um telespectador.

O popular e o simbólico

O futuro dos meios impressos parece mesmo promissor, sobretudo se a referência for um fenômeno relativamente recente: os jornais populares. Dados do Instituto de Verificação de Circulação (IVC) revelam que veículos como Daqui (GO), Expresso (RJ), Diário de SP, Extra (RJ) e Meia Hora (RJ) apresentaram aumento de circulação, em relação ao ano anterior, respectivamente, de 33,2%, 21%, 14,8%, 14,3% e 10,6%. "O sucesso de alguns jornais ditos populares é exemplo de que existe potencial de leitura", comenta Nelson Souza Filho, diretor de redação da Gazeta do Povo.

Questionáveis ou não, programas sociais do governo federal injetaram dinheiro no mercado, houve aquecimento na economia e, como consequência, os leitores desses jornais populares, em tese, não-leitores anteriormente, provam que o mercado é viável e há alternativas. "Ler e, principalmente, dizer que leu um jornal, mesmo popular, é algo simbólico. Aumenta a autoestima do cidadão", avalia Carlos Alberto Di Franco.

"O jornal impresso não acaba. Ele tem força simbólica. As empresas, por mais que tenham os portais na internet, precisam ter os jornais circulando, nas bancas e nas mãos das pessoas". Essa verbalização é da professora da UFRJ Ivana Bentes que, por mais que venha a ter contestadores, tem sua força e verdade. (MRS)

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