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O que o White Stripes traz de novo? Pouco, muito pouco. Mas quer saber de uma coisa? Jack White sabe que ele próprio pode ir mais longe musicalmente, mas que não pode perder o espírito original de sua parceria com Meg: um certo ar de brincadeira despretensiosa, feita de um jeito diferente que separa a dupla dos milhões que tentam o rock na forma mais básica.

"Icky thump" é uma tentativa de equilibrar um certo avanço musical com o que a dupla sabe produzir de melhor. Talvez por não ter sido muito bem compreendido pelas inovações de "Get behind me Satan" (2005) - uma injustiça, aliás -, Jack resolveu aumentar novamente o volume das guitarras.

A faixa-título começa pesada e tem conteúdo político. Talvez incomodado com as críticas do Bloc Party Kele Okereke sobre Jack dar de ombros para a política externa norte-americana, ele escreveu uma letra que dispara contra a construção do Grande Muro entre Estados Unidos e México - construído para barrar a imigração ilegal.

"Quem está usando quem? / o que nós devemos fazer? / bem, você não pode ser um cafetão e ao mesmo tempo uma prostituta", e Jack tenta colocar em pratos limpos as duas vias da relação entre vizinho rico e vizinho pobre lá em cima. Quase panfletária, mas soa urgente e poderosa.

"You don't know what love is (you just do as you're told)" e "300 MPH torrential outpour blues", as duas seguintes, são o White Stripes que você conhece, um recheio que fica mais saboroso no conjunto do disco ouvido por inteiro - sim tem gente que ainda faz isso.

Mas "Conquest" e "Prickly thorn, but sweetly worn", ambas com gosto mais étnico, é quando a tentativa de sair um pouco do básico não dá certo para Jack White. Soa como uma paródia sem muita graça. "St. Andrew (this battle is in the air)", também na mesma atmosfera e com Meg nos vocais, tem um resultado um pouco mais interessante, mas mesmo assim irrita após um par de audições. A guitarra de "Little cream soda", na seqüência, é recebida com alívio.

"Icky thump" traz mais momentos de destaque como a claramente zeppeliana "I'm slowly turning into you" e a divertida "Rag & bone". Jack e Meg talvez já estejam, mesmo nas melhores horas, a ponto de desgastar a sua fórmula, mas ainda conseguem garantir o que um bom rock básico tem o poder de proporcionar, sempre acima da média.

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