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Show É Tempo de Amar foi apresentado domingo no Teatro da Caixa | Divulgação
Show É Tempo de Amar foi apresentado domingo no Teatro da Caixa| Foto: Divulgação

Zé Renato deu adeus à Jovem Guarda no domingo (9), encerrando a turnê do disco É Tempo de Amar com um pequeno show no Teatro da Caixa. Por ser o derradeiro, permitiu-se encaixar entre o roteiro de canções emprestadas da geração de Roberto Carlos, Erasmo e Wanderléa al­­gumas intrusas, como "Rosa" (Pi­­xin­­guinha), entoada em homenagem à mãe, e a nova "Água pra Quê", que deve nortear um projeto infantil futuro. Mas a set list se concentrava mesmo é nos sucessos daquela geração romântica dos anos 60, que descobria o rock.

O mesmo não se pode dizer de Zé Renato. O vocalista do grupo Boca Livre, em mais um projeto-solo concebido como tributo (um de caráter mais autoral, ele continua devendo a seus fãs), revisita a Jovem Guarda, recriando-a de forma serena, ao estilo voz e violão ou com arranjos para guitarra, teclados e baixo, que pouco preservam do entusiasmado iê-iê-iê.

A abordagem delicada funciona de início para criar um clima de intimidade com temas simpáticos como "Namoradinha de um Amigo Meu", de Roberto e Erasmo. Zé Renato aproveitou o momento para soltar alfinetadas endereçadas ao ídolo, que não o autorizou a gravá-la no disco que deu nome ao show. Mais adiante, devolveu o veto, gracejando que não deixaria Roberto gravar composições suas como "Anima", feita em parceria com Milton Nascimento.

Passados temas como "Nossa Canção" e "Coração de Papel", sob a mesma interpretação calma e contida, sente-se que o re­­pertório não tem fôlego para sustentar a atenção que sobre ele recai, no formato de câmara do show. As letras, afinal, não são lá grandes achados sentimentais ou poéticos.

Mais que isso, fica complicado acreditar no intérprete de cabelos grisalhos, invariavelmente sentado empunhando seu violão com a postura mais comportada de toda a música popular brasileira, como "o tal" conquistador de brotinhos de "Lobo Mau" ou mesmo o narrador da "fama de mau" do personagem de "A História do Homem Mau" (versão de Roberto para a música de Louis Armstrong).

Ao fundo do palco, a repetição de grafismos coloridos, obedecendo a um mesmo padrão, contribui elaborando uma pasmaceira visual. Zé Renato faz, enfim, um show correto, refinado nas harmonias e íntimo das canções, mas não escapa de uma certa monotonia. GGG

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