Avaliações e expectativas dos corredores do STF dão conta de que Cristiano Zanin pode acompanhar a tendência inaugurada de Luiz Fux e confrontar a estrela maior do Supremo, Alexandre de Moraes. Longe, porém, de absolver os réus por suposto golpe, Zanin poderia defender redução de pena para os envolvidos. Assim, a primeira turma estaria com dois dissidentes do império de Moraes.
Não dá para negar que os advogados tocaram em pontos sensíveis a Zanin: imparcialidade, direito à ampla defesa, respeito às prerrogativas da advocacia. Esses, só para ilustrar, são exemplos de princípios que, ao menos no discurso, Zanin defendeu no passado. Para manter a coerência, a saída seria discordar, ao menos em parte, da famosa rigidez de Alexandre de Moraes.
Mas Zanin está longe de virar um heroi para a direita. Seu histórico de ex-advogado de Lula se junta à escalação que faz duvidar de um final positivo para Bolsonaro. De todos os 5 ministros da primeira turma, apenas Moraes não foi escolhido por um governo petista, mas pelo vice de um, Michel Temer.
Discurso do União Brasil muda "da água pro vinho". Arrependimento ou oportunismo?
Faltando um ano para a eleição, ninguém quer correr o risco de perder volume nas urnas. A opinião pública está atenta a todos os posicionamentos de cada parlamentar e partido. Nesse ínterim, PP e União Brasil resolveram desembarcar da base governista, logo após o escândalo do INSS tomar corpo. No momento em que tudo converge contra Lula, os partidos parecem ensaiar uma mudança que pretende fazer o eleitorado esquecer do passado. Agora, União Brasil se diz “antipetista raiz”. Por mais que o diga, será que tal afirmação será absorvida pela opinião pública?
Vivemos na época do print eterno. Certas declarações jamais somem da memória coletiva que a internet fez questão de eternizar. Assim, uma mudança brusca de posicionamento já não tem o mesmo impacto, a menos que haja uma confissão clara: eu estava errado. Se o União Brasil basear seu discurso no arrependimento e no erro, talvez (e muito talvez) haja aderência a parte da direita.
Anistia começa a apavorar a esquerda; desfecho cairá no colo de Moraes?
Gleisi Hoffmann e Lula já demonstram um incômodo difícil de cessar. Com um dos maiores partidos do congresso fora da pauta do governo, uma pauta começa a assombrar as mentes petistas: a anistia. A profusão de textos alternativos desagrada a direita, que segue firme no propósito original: que ela seja ampla, geral e irrestrita, abrangendo Bolsonaro desde 2019 e tornando-o novamente elegível.
Se o PT possui Moraes, Zanin, Dino, Barroso e quase todo o STF do seu lado, é certo também que a direita vem reforçando a escalação. Agora, Tarcísio de Freitas passa a atuar efetivamente em prol da pauta. Acusado inúmeras vezes de falta de posicionamento contra o STF, o governador certamente sentiu o baque, e previu perdas nas eleições do ano que vem. Agora, subiu o tom, e quer mudar as mentes que ainda têm pé atrás e comentam a todo canto: "Tarcísio é sistema".
Lula, é claro, vetará a anistia tão logo chegue em sua mesa. Mas não é aí que mora a complexidade. O STF de Moraes, Dino, Zanin, Cármen Lúcia, Barroso e outros alinhados ao PT pode ser provocado e, com isso, derrubar o projeto. Assim, todo o trabalho iria por água abaixo. A revolta nas ruas seria certa, mas a pergunta é: os ministros irão se importar com isso? Zanin, por exemplo, que alçou de advogado direto para o mais alto cargo do judiciário brasileiro, estará preocupado com as manifestações?
Aproxima-se o 7 de setembro
E por falar na possível indiferença de Zanin às ruas, precisamos lembrar: está chegando o dia em que a direita promete manifestações por todo o país. Paulo Figueiredo já deu o recado: Donald Trump estará de olho.
Ótimo dia de reuniões com @BolsonaroSP aqui. Nós nunca poderemos agradecer o suficiente o apreço que os americanos tem por nossa liberdade. Os olhos deles estarão voltados para as ruas do Brasil no 7 de Setembro. Precisamos continuar mostrando que estamos fazendo nossa parte. pic.twitter.com/jyydWxtXxt
— Paulo Figueiredo (8) (@pfigueiredo08) September 4, 2025
O que vem depois de um ato com milhares de manifestantes? Quais as implicações? O passado nos mostra que, a depender do teor, quase nada muda em Brasília. Quais as estratégias para que agora seja diferente? É certo que as críticas à esquerda e ao STF farão parte dos discursos e dos cartazes. Fará parte também uma cobrança firme por mais atitude dos políticos de direita? Qual será a proporção entre crítica e autocrítica nas manifestações?
Zanin, Moraes e Anistia: veja os destaques do Café com a Gazeta do Povo desta sexta-feira (5)
- PAULO FIGUEIREDO: EUA ESTARÃO DE OLHO NO 7 DE SETEMBRO;
- ZANIN PODE DIVERGIR DE MORAES E ABRANDAR PENAS DO NÚCLEO 1;
- PESQUISA INDICA SÉRGIO MORO A FRENTE PARA GOVERNADOR DO PR;
- DEPUTADO DO UNIÃO BRASIL DIZ QUE SIGLA TEM RAIZ ANTIPETISTA;
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