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Foto: Nelson Almeida/AFP
Foto: Nelson Almeida/AFP| Foto:

Aproveitando a distância temporal que ainda temos das eleições, deixarei minha primeira e única observação sobre alguns candidatos “menores” que concorrerão neste ano. Creio que nenhum deles alcançará algum tipo de relevância que me leve a escrever de novo. Vamos lá.

Eu nunca tinha visto nem ouvido falar do Cabo Daciolo até o primeiro debate entre presidenciáveis promovido pela Rede Bandeirantes. Confesso que a surpresa foi agradável, pois a participação do candidato do Patriota (antigo Partido Ecológico Nacional, PEN) adicionou um tom de humor a um debate horroroso de ruim. Para começar, Cabo Daciolo, que começa todas as suas falas com “Eu, servo do Deus vivo” e termina todas com “para a honra e glória do Nosso Senhor Jesus Cristo”, foi originalmente eleito deputado federal pelo PSol, um partido que não tem o menor apreço ou respeito por religiosos desse naipe. Ou o cabo deu uma de agente secreto ou o pessoal do PSol não achou que ele tinha chance e só o colocou na chapa para fazer número. Qualquer que seja o caso, é engraçado demais. Mas o ponto alto da participação de Daciolo no debate foi a pergunta que fez a Ciro Gomes sobre o Foro de São Paulo e a tal Ursal. Somente um candidato tão desconhecido e sem chances de ganhar se arriscaria a falar algo assim em transmissão nacional. Com sua falta de noção, Cabo Daciolo mostrou que ter candidatos nanicos no pleito não é tão ruim assim. Afinal, todo grupo social tem aquele cara nada a ver, que faz as piadas em momentos errados, constrange todo mundo e gera histórias para a posteridade.

Outro nanico que participou do primeiro debate, Guilherme Boulos é um tipo bem mais perigoso de nanico – aquele que tem potencial para crescer em eleições futuras. Com uma fala muito clara, dicção boa e discurso ensaiado, o rico líder dos sem-teto mostrou qualidades que, em alguém com um discurso mais moderado e mais alinhado ao anseio da população, fariam uma tremenda diferença positiva. É claro que, sendo o escolhido do PSol para concorrer à Presidência, não se poderia esperar nada de muito bom desse sujeito. E, de onde menos se espera, menos vem: Boulos consegue juntar todas as piores pautas da esquerda em suas propostas, desde a indecente tratativa do aborto como questão de saúde pública – sempre usando as mulheres “pobres e pretas” como exemplo de quem mais precisa do auxílio do Estado para matar bebezinhos – até bordões econômicos comuns como “aumento de impostos para os ricos” e “reconstrução da legislação trabalhista para recuperar a justiça e equilibrar a balança a favor do lado mais fraco, o trabalhador”. Apesar de mais jovem e com uma certo apelo contemporâneo no vestir e no falar, Guilherme Boulos representa o que há de mais retrógrado nas ideologias vermelhas. Todo cuidado é pouco com esse sujeito nas eleições de 2022 ou 2026. Lembremo-nos de que o PT também começou pequeno.

O democrata cristão José Maria Eymael tem o jingle mais conhecido entre todos os concorrentes. Mesmo assim, não deve conseguir uma votação muito diferente dos 61 mil votos que recebeu em 2014. Eymael é o símbolo da persistência infrutífera – concorreu à Presidência em 1998, 2006, 2010 e 2014. Sua quinta participação se dará pelo partido Democracia Cristã (DC), antigo PSDC. Não há muito mais o que dizer a seu respeito. Um candidato nanico, de um partido nanico, fazendo uma campanha nanica, com uma votação provavelmente supernanica.

Se você não nutria muita simpatia pelo ex-presidente João Goulart, o Jango, imagine por seu filho, o último candidato confirmado para esta eleição. Basicamente, Janguinho só tem uma coisa a favor ou contra sua candidatura: seu nome. Sem recursos, sem tempo de televisão, sem exposição, sem militância, sem participação em debates, sem existência política prévia e sem nenhum destaque, João Goulart Filho deve ganhar um ou outro voto dos escassos admiradores de seu pai e ser devidamente ignorado pelo resto da população brasileira. Nem para fazer comédia ele servirá.

Vera Lúcia, a sapateira do PSTU, finalmente tirou um outro insistente do páreo. Depois de quatro eleições como candidato do Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado, Zé Maria dá lugar a uma nova desconhecida. O PSTU tem duas grandes vantagens: 1. Qualquer que seja seu candidato, você sabe que não deve votar nele em hipótese nenhuma, nem se a alternativa for o anticristo. Afinal, o partido é atualmente a agremiação mais à esquerda no espectro político brasileiro; 2. Mesmo que Stálin ressuscitasse e viesse ao Brasil fazer campanha por Vera Lúcia, ela não teria a menor chance de chegar ao segundo turno.

O PT lançou um presidiário como seu candidato oficial à Presidência da República. Já que o partido resolveu tirar uma com a gente, não creio que seja digno de mais do que essa simples menção. Lugar de criminoso é no xilindró, e Lula está muito bem colocado neste momento. Que continue assim.

Semana que vem falarei do Amoêdo. Apesar de ser nanico, ele merece estar separado dessa turminha de hoje.

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