A horta do Hospital Erasto Gaertner conta com ervas e temperos utilizados nas refeições.
A horta do Hospital Erasto Gaertner conta com ervas e temperos utilizados nas refeições.| Foto: Marcelo Andrade/Divulgação
  • Por Hospital Erasto Gaertner
  • 25/04/2023 18:54

A alimentação e a nutrição inadequadas causam uma série de consequências ao corpo e ao bem-estar das pessoas. O consumo de ultraprocessados em detrimento da ingestão de alimentos in natura, integrais e vegetais, inclusive, pode contribuir para o surgimento de doenças crônicas não transmissíveis. Entre elas, o câncer.

O Brasil é rico em biodiversidade e possui uma variedade de frutas, verduras, ervas e legumes, como, por exemplo, a acerola, jabuticaba e castanha-do-brasil. Esses alimentos contêm compostos bioativos, que promovem efeitos benéficos à saúde, como atividade antioxidante ou anti-inflamatória. “Recomendamos preferencialmente o uso de alimentos orgânicos, porém, quando não é possível, deve ser estimulado o consumo destes alimentos convencionais. Alguns exemplos de compostos bioativos são os fitoquímicos como polifenóis, carotenóides e flavonóides. O consumo desses compostos nos alimentos pode ajudar a prevenir doenças crônicas não transmissíveis, como o câncer”, explica a nutricionista Marina Lopes, supervisora do Serviço de Nutrição e Dietética (SND) do Hospital Erasto Gaertner.

Reconhecido como o maior Cancer Center do Paraná, o hospital possui estrutura completa para atender as necessidades de seus pacientes, inclusive com um Serviço de Nutrição e Dietética especializado. “Temos uma Unidade de Alimentação e Nutrição (UAN) de autogestão, responsável pelo fornecimento de mais de 3 mil refeições por dia para pacientes oncológicos, acompanhantes e colaboradores. Temos como pilares a saudabilidade e a sustentabilidade”, conta Marina.

O Hospital Erasto Gaertner promove a prevenção do câncer por meio da educação nutricional. “Desenvolvemos cardápios e materiais educativos diferenciados de acordo com o mês de conscientização do câncer, como o Outubro Rosa, Novembro Azul, Dia Mundial de Combate ao Câncer, entre outros”, explica Marina.

 O Erasto Gaertner produz mais de 3 mil refeições por dia. <em>Foto: Marcelo Andrade/Divulgação</em>
O Erasto Gaertner produz mais de 3 mil refeições por dia. Foto: Marcelo Andrade/Divulgação| Marcelo Andrade / Daí Comunica

Os cardápios são servidos a toda a comunidade hospitalar, e a proposta é demonstrar que é possível ter uma refeição prazerosa, equilibrada, rica em compostos bioativos e – principalmente – de fácil acesso. “Prezamos por preparações saudáveis, com o uso integral de alimentos e, inclusive, ervas naturais da nossa horta. O intuito é tornar factível uma produção sustentável de alimentos, fomentando o assunto entre pacientes e colaboradores, assumindo esta responsabilidade social e ecológica”, completa a nutricionista.

O consumo de determinados tipos de alimentos é capaz, também, de contribuir com o tratamento. “Ocorrem alterações no metabolismo dos pacientes com câncer que acabam interferindo no aumento do gasto energético, perda de massa muscular e alterações hormonais que reduzem o apetite. Pode ser necessário aumentar ou diminuir o consumo de determinados alimentos para atingir as necessidades nutricionais dos pacientes. O acompanhamento nutricional é essencial para orientar sobre a oferta adequada dos alimentos, mantendo e/ou recuperando o estado nutricional, auxiliando no controle de sintomas, além de contribuir com o preparo imunológico, visando melhorar a resposta ao tratamento.

O incentivo a uma refeição prazerosa, equilibrada, rica em compostos bioativos disseminado pelo hospital acaba mudando hábitos alimentares que melhoram a vida dos pacientes. “Muitas pessoas, principalmente os homens, chegam para nós com um consumo muito baixo, ou, às vezes, nenhum consumo de frutas ao dia”, exemplifica Marina. “Ofertamos as frutas diariamente, várias vezes ao dia, em forma de purês, vitaminas ou mesmo in natura. A nutricionista acompanha os pacientes e explica diariamente os benefícios à saúde. Nas consultas após o período de internação, verificamos que há uma mudança no padrão alimentar”, explica.

Para Marina, cada vez mais é necessário o fomento de práticas sustentáveis em Unidades de Alimentação e Nutrição (UAN), afinal, dessa forma é possível chegar a pessoas de diferentes grupos populacionais, além de ser um espaço propício para intervenções e ações voltadas à promoção da qualidade de vida, preservação e defesa do ecossistema, além de iniciativas pelo direito humano à alimentação.

 <em>O Hospital conta com parcerias com pequenos produtores locais. Foto: Marcelo Andrade/Divulgação </em>
O Hospital conta com parcerias com pequenos produtores locais. Foto: Marcelo Andrade/Divulgação | Marcelo Andrade / Daí Comunica

Conheça mais sobre as diretrizes de produção de alimentos e de incentivo à educação alimentar do Hospital Erasto Gaertner:  

1. Desenvolvimento de cardápios sustentáveis: uso integral de alimentos, dando prioridade para ingredientes sazonais e saudáveis, bem como redução da utilização de ingredientes que tenham elevado impacto ambiental, social ou na saúde.

2. Criação de uma horta: a equipe cultiva ervas e temperos na horta do setor para uso em seus cardápios. Desde 2022, o hospital conta com o apoio da Fazenda Urbana, que doa mudas e terra à instituição.

3. Uso de alimentos de produtores locais: parceria com produtores locais, com doação de insumos agroecológicos e orgânicos ao hospital.

4. Educação alimentar e nutricional: as mídias sociais do hospital, bem como as televisões internas, transmitem conteúdos relacionados à alimentação saudável e sustentável. No refeitório, são promovidas ações dinâmicas, como a degustação de pratos e receitas sustentáveis com o uso integral dos alimentos.

5. Atuação em ensino e pesquisa: o Hospital Erasto Gaertner também contribui para o ensino e pesquisa em Nutrição, com pesquisas que ampliam o olhar para novas técnicas, recursos e atividades no setor, além de ajudar a formar profissionais que prezem pelos conceitos de sustentabilidade e saudabilidade.