A imagem de cada um dos deuses nórdicos está estampada nos rótulos das cervejas da marca.
A imagem de cada um dos deuses nórdicos está estampada nos rótulos das cervejas da marca.| Foto: Renata Kalkmann
  • Por Ol Beer
  • 09/03/2022 18:22

A mitologia nórdica é pop. Tão pop que deu origem a uma série de histórias em quadrinhos – Thor, o deus do Trovão, a mais famosa delas -, e é tema de um número incontável de filmes e, mais atualmente, séries disponíveis nas plataformas de streaming. E em 2016, serviu de inspiração para a criação de uma marca curitibana de cerveja artesanal de personalidade forte como o filho de Odin e seu martelo Mjolnir: a ØL Beer, do casal Isadora Neier e Eduardo Vosgerau.

A ØL Beer nasceu em 2016, resultado do amor pela cerveja compartilhado pelo casal. O nome, ØL, significa cerveja em dinamarquês. “Queríamos um nome curto, fácil de falar”, recorda Isadora. “Fomos dar uma pesquisada melhor para encontrar um bom nome e, quando vimos, estávamos entrando na história da mitologia nórdica, um universo fantástico”, acrescenta. Conta a história que uma das heranças transmitidas de geração em geração entre os povos que ocuparam, entre os séculos 8 e 13, a região conhecida atualmente como Escandinávia – Dinamarca, Suécia e Noruega – era a pá utilizada para mexer a cerveja durante sua produção, item que garantia o sucesso da receita. Tal segredo é o que passou a ser reconhecido, tempos depois, como levedura.

Prêmios, um laboratório para experimentar novas ideias no mundo das cervejas artesanais, o lançamento de latas para ampliar o alcance de suas produções e até uma ‘parceria’ com a família do músico norte-americano Frank Zappa estão no portfólio dessa marca de cervejas especiais. Que com apenas cinco anos de atividades, já aceitou desafios e encarou aventuras que orgulharia qualquer um dos deuses do panteão nórdico.

Com a cerveja em lata, ØL Beer consegue expandir horizontes e chegar a diversas regiões do Brasil.
Com a cerveja em lata, ØL Beer consegue expandir horizontes e chegar a diversas regiões do Brasil.| Renata Kalkmann

Mares ainda não navegados

Isadora e Eduardo se identificaram com a cultura viking. Na busca pelo nome, perceberam que os antigos nórdicos viviam para desbravar novas regiões, enfrentar desafios, navegar mares ainda não explorados. “É isso que a gente traz para a cervejaria também: fazer coisas diferentes, inusitadas, e trazer isso para as pessoas, compartilhar com elas o que a gente pensa”.

Isadora é formada em Relações Internacionais; Eduardo é advogado. O que conheciam do mundo cervejeiro vinha da paixão por experimentar marcas e sabores diferentes e vivenciar, como apreciadores, o mundo das cervejas artesanais.

Em 2016, decidiram então estudar para produzir a própria cerveja. A ideia era fazer a bebida por hobby. Após um curso intensivo em um final de semana, compraram os equipamentos necessários para a produção caseira.  Veio o primeiro resultado dessa produção e a constatação de que precisariam estudar mais. Surgiu, então, a possibilidade de passar o ano seguinte em Blumenau para estudar na Escola Superior de Cerveja e Malte. “Ficamos imersivos”, conta Isadora. “A gente acordava às 8h da manhã e saía da aula às 18h todos os dias. Aprendemos sobre produção e também sobre mercado. Fizemos vários contatos e estabelecemos parcerias. Foi corrido, mas valeu a pena”, ressalta.

De volta a Curitiba, retomaram a produção, agora com mais conhecimento de mercado e de elaboração da cerveja. Encontraram um galpão para o trabalho e, durante um ano, acompanharam todo o processo de produção para ter certeza de que o resultado estava adequado. Contaram nesse período com a colaboração de um mestre cervejeiro, que depois assumiu a liderança do processo produtivo. Isso deixou Eduardo e Isadora mais livres para cuidar da administração da ØL Beer, buscar parcerias e investidores e pensar no conceito da marca.

A Loki American Pale Ale.
A Loki American Pale Ale. | Renata Kalkmann

Cada rótulo, um deus nórdico

“A gente costuma dizer que cerveja artesanal vira um estilo de vida”, destaca Isadora. E nesse estilo de vida, o casal incluiu a conexão com a mitologia nórdica.  Num momento em que séries como Vikings, The Last Kingdom, Loki e Ragnarok, e filmes como Thor e Valhalla, a lenda de Thor, fazem sucesso nos cinemas e nas plataformas de streaming, uma cerveja que oferece elementos dessa cultura tinha tudo para dar certo.

As primeiras cervejas feitas pela ØL não tinham necessariamente relação com a cultura nórdica. Foi aí que o casal percebeu que a falta de conexão entre o nome dinamarquês e a cultura daquela região não criava identificação do cliente com a marca. “As pessoas demonstravam interesse, perguntavam se a gente assistia às séries. Foi quando decidimos transformar os rótulos das garrafas e nomear as cervejas com os nomes dos deuses nórdicos. Cada rótulo tem um nome de um deus nórdico”, detalha Isadora.

Em 2017, nasceram as cinco cervejas que constituem a linha de frente da ØL. Baldr Pilsen, Odin Witbier, Loki American Pale Ale, Thor Belgian IPA e Bragi Oatmeal Stout. Cada uma com um nome de um deus da mitologia nórdica, e disponíveis inicialmente em chopp e em garrafas de vidro de 500 ml. Dois anos depois, Isadora e Eduardo perceberam que a identificação com seus consumidores, que adoram a cultura viking, seria ainda maior se as características dos deuses estivessem retratados nos rótulos das garrafas. Foi assim que elas ganharam as imagens estilizadas de cada deus que representam.

“A Baldr Pilsen é uma cerveja leve, mas super dourada”, explica Isadora. “Escolhemos essas características pra ela porque Baldr é o deuz da luz. Então, é uma cerveja bem amarelinha, ela brilha, representando essa ideia de luz”, detalha. Já a Thor, a Belgian IPA da carta da ØL, tem teor alcoólico um pouco mais elevado e é mais amarga, em harmonia com as características do deus do Trovão. A partir disso, alguns clientes passaram a colecionar os rótulos.

Experiências + inovação = prêmios

Em 2019, a ØL Beer lançou o Projeto USINØL, espécie de usina de ideias aberta onde os mestres-cervejeiros misturam ingredientes em medidas secretas e criam sabores únicos. No mesmo ano, a cervejaria participou da Copa Cervezas de América, sua primeira participação em concurso internacional. Realizado no Chile, rendeu à dupla uma medalha de bronze graças à Thor Belgian IPA. Também em 2019, a ØL garantiu o Selo Alimentos Paraná, auditado pelo Sebrae, que atesta boas práticas de fabricação e gestão.

Apenas dois anos depois, Isadora e Eduardo faturaram a medalha de prata no Concurso Brasileiro de Cervejas, em Blumenau (SC). De novo com a Thor Belgian IPA. “Competimos com as principais cervejarias do Brasil, incluindo as grandes”, celebra Isadora. “A Thor é nossa cerveja que mais vende, a mais pedida”, revela.

Veio a pandemia da Covid-19, mas os deuses da cultura viking estavam com eles. Por meio do delivery, feito inicialmente via WhatsApp, a ØL não parou ao longo de 2020 e 2021. Com a demanda crescente de entregas, decidiram então profissionalizar o serviço e criaram um e-commerce próprio para a realização das vendas. Hoje, o serviço vai além de Curitiba e região, atendendo a todo o país.

Foi também pelo USINØL que, em 2021, o casal de mestres-cervejeiros desenvolveu novos produtos que incluíram o envase de cerveja em lata de 473 ml. O formato permite à cervejaria romper barreiras geográficas, por ser mais fácil e mais barato o transporte das latas de alumínio do que o de garrafas de vidro.

O copo com a imagem de Thor, o deus do Trovão: dica de presente para os amantes das cervejas artesanais.
O copo com a imagem de Thor, o deus do Trovão: dica de presente para os amantes das cervejas artesanais.| Renata Kalkmann

Parceria com Frank Zappa

Para este ano, a ØL já planeja o lançamento de dois novos rótulos. A Hop Sounds entra em circulação ainda em fevereiro. A cerveja foi produzida com lúpulo chamado ‘Zappa’, desenvolvido pela família do músico norte-americano Frank Zappa (1940-1993). “Nosso rótulo ficou bem psicodélico, bem ao estilo Frank Zappa”, comemora Isadora.  Na sequência, vem a Haka Viking, a ser produzida com três tipos de lúpulos neozelandeses, que estão chegando agora ao mercado. O nome faz uma referência à dança maori de mesmo nome.

Elas se somam às cervejas Baldr Pilsen, Odin Witbier, Loki American Pale Ale, Thor Belgian IPA, Bragi Oatmeal Stout e Sunna Session Rye IPA. E incrementam um cardápio que inclui ainda kits compostos de copos e cervejas que levam nas embalagens as ilustrações dos rótulos das cervejas. Quer conhecer mais sobre a ØL Beer e seu mundo fantástico de mitologia, aromas e sabores? Acesse o site https://olbeer.com.br/. Nas redes sociais, @cervejariaolbeer.