Quatis são impactados pelo desmatamento, caça e atropelamentos
Quatis são impactados pelo desmatamento, caça e atropelamentos| Foto: Divulgação/Ouro Fino
  • Por Ouro Fino
  • 12/03/2021 14:42

O parque de preservação ambiental Estância Ouro Fino é mais do que um ambiente de lazer para as pessoas. Prova disso é que em meados do ano passado, foram soltos três quatis e um cágado-pescoço-de-cobra dentro do Criadouro Ouro Fino.

O espaço mantenedor de animais silvestres funciona como uma parceria da Ouro Fino com o Instituto Águas e Terra (IAT). Nele, são protegidos animais resgatados que não têm condições de voltar ao habitat natural.

Bichos como araras, gaviões e macacos fazem parte do cenário. E mais recentemente, os três quatis e o cágado também receberam uma nova chance de vida ao serem soltos nas matas do parque, que fica inserido em um cinturão verde com mais de seis milhões de metros quadrados.

Processo de soltura

Após passarem por atendimento veterinário e tratamento, os bichos têm qualidade de vida em um local semelhante ao seu habitat natural. Algumas espécies podem ser reintegradas à natureza – desde que isso seja feito de forma criteriosa e levando em conta as necessidades biológicas do animal, assim como as condições do ambiente onde serão soltos.

De acordo com a veterinária da Ouro Fino, Andreise Costa, que acompanhou a soltura dos quatro animais, todo o processo prévio foi realizado pelo IAT, que é o órgão autorizado ao procedimento. De acordo com ela, foi constatado que a região de Campo Largo (PR) é uma área adequada para a espécie. “Inclusive, já haviam sido vistos animais desse tipo no parque”, comenta. O mesmo ocorre com os cágados. “Soltam os animais onde sabem que têm ocorrência da espécie”, explica.

Andreise ainda expõe que, desde a soltura, os animais ficam livres em uma área do parque. “Eles têm a escolha de explorar o ambiente como quiserem”, justifica.

Animais foram reintegrados à natureza, onde especialistas sabem que já têm ocorrência da espécie
Animais foram reintegrados à natureza, onde especialistas sabem que já têm ocorrência da espécie| Divulgação/Ouro Fino

Quatis e cágados

Assim como outros animais, os quatis são impactados pelo desmatamento e também pela caça. Procurados por sua carne ou mortos devido à destruição de seus habitantes, eles se aproximam das áreas urbanas e acabam sofrendo ataques de animais domésticos. Desse modo, acabam sendo mortos por entrarem em residências ou por serem atropelados. Isso representa um problema, já que esse animal é de extrema importância para a dispersão de sementes, reflorestando biomas e ajudando no controle de aves.

Já os cágados são animais visados pelo tráfico e, por isso, são comumente encontrados à venda para se tornarem animais doméstico. Embora a comercialização deles seja proibida no Brasil, de acordo com a Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres (Renctas), os números se associam a um panorama assustador.

O tráfico de animais é a terceira maior atividade ilegal do mundo, atrás apenas do tráfico de armas e de drogas. Esse comércio clandestino movimenta anualmente US$ 2 bilhões​ no Brasil. São retirados da natureza brasileira 38 milhões de animais silvestres todos os anos. Contudo, a cada dez, nove animais traficados morrem antes de chegar às mãos do consumidor final. A Renctas é uma instituição sem fins lucrativos que luta pela conservação da biodiversidade, tendo sido fundada em 1999.

O desmatamento funciona como outro “predador”. Em 2010, o Brasil tinha 492 milhões de hectares de floresta natural, estendendo-se por 59% da sua área terrestre. Em 2019, perdeu 2,60 milhões de hectares, o equivalente a 952 megatoneladas de CO₂ de emissões. Os números são da Global Forest Watch, que oferece dados para capacitar pessoas em todos os lugares do mundo em prol da proteção das florestas.

Além de auxiliar na preservação da fauna, Criadouro Ouro Fino ajuda a manter a flora e evitar o desequilíbrio do ecossistema como um todo.
Além de auxiliar na preservação da fauna, Criadouro Ouro Fino ajuda a manter a flora e evitar o desequilíbrio do ecossistema como um todo.| Divulgação/Ouro Fino

Diante a tantos desafios, proporcionar ambientes saudáveis e seguros para devolver oportunidade de vida a animais silvestres é fundamental.  Por isso, o espaço mantenedor da flora silvestre local, localizado dentro do Parque Ecológico Ouro Fino é fundamental para a conservação das espécies.

Ajude animais silvestres

Em caso de informações sobre animais silvestres machucados, o órgão ambiental responsável da região deve ser informado. Na região de Curitiba, o número é o (41) 3213-3465. Por meio desse canal, técnicos do IAT darão a orientação adequada sobre como agir. Na Região Metropolitana de Curitiba, o contato pode ser feito com o Centro de Apoio à Fauna Silvestre (CAFS). O número para contato é (41) 3313-5626.