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Filme mexicano

Em busca do pai verdadeiro, “O Melhor do Mundo” emociona e diverte na Netflix

Gallo (Michel Brown) enfrenta uma reviravolta ao descobrir que Benito (Martino Leonardi) não é seu filho biológico
Gallo (Michel Brown) tem sua vida virada do avesso ao saber que Benito (Martino Leonardi) não é seu filho biológico (Foto: Divulgação/ Netflix)

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O Melhor do Mundo, produção mexicana que domina o ranking dos dez filmes mais vistos da Netflix nesta semana, é daquelas comédias dramáticas que ensinam a aliviar os dramas da vida com o riso. Sob a direção de Salvador Espinosa, o filme adapta o argentino Vamos Consertar o Mundo (2022), também disponível na Netflix, sob uma nova perspectiva. A narrativa gira em torno de Gallo (Michel Brown), um produtor de TV de meia-idade que, apesar do sucesso profissional, ainda carrega um comportamento imaturo e negligente como pai.

O tom leve do início logo é interrompido por uma reviravolta comovente — e sem entrar em spoilers, basta dizer que está no trailer: sua ex-companheira (Fernanda Castillo), com quem mantém uma relação cordial, porém tensa, morre em um acidente, não sem antes lançar uma revelação devastadora: Benito (Martino Leonardi) pode não ser seu filho biológico. A partir desse momento, e após a cena inevitável do funeral, pai e filho partem juntos em uma jornada curiosa e afetiva em busca do "pai verdadeiro" do garoto.

Amor que vai além do sangue

Um dos maiores trunfos de O Melhor do Mundo é sua habilidade em provocar reflexões profundas sem jamais perder o frescor ou o senso de humor. Enquanto tenta ajudar o menino a montar o quebra-cabeça de sua origem, visitando possíveis candidatos à paternidade, Gallo se vê confrontado por lembranças, frustrações e descobertas que desafiam sua visão sobre o que é, de fato, ser pai.

Esse processo, irônico à sua maneira, o afasta do mundo ilusório de suas produções televisivas e o aproxima de uma realidade que havia negligenciado: a de seus próprios sentimentos. Gallo representa o homem que, embora tenha evoluído profissionalmente, se manteve emocionalmente estagnado. Michel Brown entrega uma performance precisa, equilibrando a arrogância e a fragilidade do personagem com naturalidade. Gallo não é o típico herói — tampouco um vilão. É um sujeito comum, falho, que só começa a escutar a razão quando já parece ter perdido tudo.

No começo, Gallo demonstra ser uma figura periférica na vida de Benito. No entanto, com o tempo, percebe que ele também está à deriva. À medida que procuram um desfecho, pai e filho se aproximam um do outro, descobrindo que o laço construído ao longo dos anos pode ser mais sólido que qualquer vínculo genético.

Um filme para ver junto e conversar depois

A produção se destaca também visualmente, com paisagens mexicanas que surpreendem pela beleza, servindo de pano de fundo para uma história profundamente humana. É um longa ideal para se ver em família, pois além de divertir, instiga diálogos sobre o valor da presença, da escuta e do afeto entre familiares.

Assim, a escolha narrativa é clara: valorizar o que é imperfeito. O filme não idealiza a paternidade — pelo contrário, evidencia suas faltas, equívocos e dificuldades. E ao se recusar a dar respostas fáceis sobre o passado ou garantias sobre o futuro, revela que mais importante do que saber quem é o pai, é decidir que tipo de pai se quer ser. No fundo, a grande jornada não é para encontrar um pai, mas para despertar aquele que, por anos, havia trocado a convivência real com o filho por um talk show de fantasias.

Gallo (Michel Brown) tem sua vida virada do avesso ao saber que Benito (Martino Leonardi) não é seu filho biológico. O drama pode ser assistido na Netflix.Em "<em>O Melhor do Mundo</em>", Gallo (Michel Brown) descobre que Benito (Martino Leonardi) não é seu filho de sangue (Foto: Divulgação/ Netflix)

Por fim, uma das frases mais memoráveis surge em um encontro inesperado, quando um personagem diz a Gallo: “Sempre estamos buscando avançar. Mas então, nos toca retroceder e ver o que já tínhamos. Aí você se dá conta de que o que mais quer, você já tem.” No fim das contas, O Melhor do Mundo é um convite para rir, sentir e pensar — e talvez perceber que, apesar de todas as falhas, a família é mesmo o melhor lugar do mundo.

  • O Melhor do Mundo
  • 2025 
  • 83 minutos 
  • Indicado para maiores de 12 anos 
  • Disponível na Netflix

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