
Ouça este conteúdo
Se você cresceu assistindo Chaves e Chapolin Colorado, prepare-se para se emocionar com Chespirito – Sem Querer Querendo, a nova série biográfica da HBO Max que estreou em 5 de junho e já se tornou um dos maiores sucessos do streaming em 2025. Com episódios lançados toda quinta-feira, a produção narra a vida de Roberto Gómez Bolaños (1929–2014) desde sua juventude até o auge da fama, revelando quem era a pessoa real por trás do gênio da comédia mexicana.
Antes de atuar, Roberto Bolaños deu vida a vários personagens por meio de sua habilidade com a escrita. Por isso recebeu o apelido de Chespirito — uma forma carinhosa de “pequeno Shakespeare”, dada sua capacidade de criar histórias envolventes e cativantes.
Com base na biografia escrita pelos filhos Paulina e Roberto Gómez Fernández (também responsável pelo roteiro), Sin Querer Queriendo: La Biografía Autorizada de Chespirito, a obra não ignora os erros de Bolaños. Pelo contrário, desde o primeiro episódio já fica evidente o contraste entre as promessas feitas por Chespirito (vivido por Pablo Cruz Guerrero) à esposa Graciela Fernández (Paola Morelli), com quem teve seis filhos, e as suspeitas de envolvimento com Florinda Meza (que vivia a personagem Dona Florinda). Bolaños e Florinda permaneceram juntos por 37 anos, até a morte dele, em 2014.
Nomes alterados por questões legais
A atuação de Pablo Cruz Guerrero como Roberto é um dos pontos altos da série: o ator reproduz com precisão os gestos, a voz e a postura tanto dos personagens — como Chaves e Chapolin — quanto do próprio Bolaños. No entanto, para retratar os demais personagens de Chaves, a produção precisou alterar alguns nomes. Isso porque Florinda Meza e Carlos Villagrán (o Quico) não autorizaram o uso de suas imagens. Ainda assim, a série deixa claro quem são os personagens inspirados neles.

O elenco conta ainda com Luis Gatica (Ramón Valdés), Bárbara López (Florinda Meza, sob o nome fictício de Margarita Ruiz), Arturo Barba (Rubén Aguirre) e Juan Lecanda (Carlos Villagrán, com o nome alterado para Marcos Barragán), além de outros rostos que dão vida a figuras icônicas da história da televisão mexicana.






A série mostra os primeiros passos de Bolaños na publicidade, sua ascensão como roteirista e o momento em que ganhou o apelido de “Chespirito” — dado por um diretor de cinema, impressionado com sua genialidade. A partir daí, acompanhamos o surgimento do programa Os Super Gênios da Mesa Quadrada e o início das parcerias com Ramón Valdés (Seu Madruga), Rubén Aguirre (Professor Girafales) e Maria Antonieta de Las Nieves (Chiquinha), que se tornariam ícones da cultura popular. Além das polêmicas pessoais, a série também aborda conflitos profissionais, como a saída abrupta de Carlos Villagrán (Quico).
“Não contavam com a minha astúcia!”
Até agora, já foram lançados quatro episódios na HBO Max: o primeiro mostra sua infância e os primeiros passos na publicidade; o segundo foca no início da carreira como roteirista; o terceiro mergulha nos conflitos criativos e no surgimento dos personagens; e o quarto, mais recente, aprofunda os bastidores de Chaves e os conflitos pessoais. Restam ainda quatro episódios inéditos.
Ao todo, a série terá oito capítulos e conta com lançamento semanal. As prévias dos próximos episódios já indicam mais cenas sobre a gravação em Acapulco, a crise com a Televisa e o legado de Chespirito para a cultura latino-americana, especialmente para o Brasil, onde o seriado Chaves foi exibido durante exatos 37 anos, entre 1984 e 2020.
O sucesso da nova produção foi imediato. No dia seguinte ao lançamento, Sem Querer Querendo já era a série mais assistida da Max, ultrapassando títulos consagrados como The Last of Us. A série também ganhou destaque nas redes sociais e teve uma pré-estreia especial no México, com a presença de figuras históricas como Rosita Bouchot (a Patty de 1975) e Estevam Valdés, filho do eterno Seu Madruga. Mesmo com ausências importantes, como Edgar Vivar e Maria Antonieta de Las Nieves, o clima foi de celebração e reconhecimento à memória de Bolaños.
“Sigam-me os bons!”
De forma geral, a produção capricha nos detalhes. Portanto, cenários internos e externos foram recriados com minúcia, os figurinos respeitam as épocas retratadas, e as referências visuais e textuais têm forte apelo nostálgico. O espectador é transportado com autenticidade para as décadas de 60, 70 e 80. E ainda há espaço para episódios especiais e cenas icônicas recriadas, como a famosa viagem a Acapulco — cuja origem, aliás, é explicada já no primeiro episódio.
Mesmo para quem não é fã incondicional de Chaves, Chespirito – Sem Querer Querendo é um entretenimento de alta qualidade. Mais do que um reencontro com a infância, a série da Max oferece um olhar contemporâneo sobre referências que marcaram época, aproximando o espectador da história real por trás da comédia. É difícil não se emocionar, rir e refletir diante de uma narrativa tão bem construída. Como diria o próprio: “Tudo estava friamente calculado.”
- Chespirito – Sem Querer Querendo
- 2025
- 8 episódios
- Indicado para maiores de 12 anos
- Disponível na HBO Max