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Venceu Globo de Ouro

“Conclave” podia ser baita thriller, mas tropeça em ranço com a Igreja Católica

O decano do Colégio Cardinalício em "Conclave" se chama Thomas Lawrence, papel de Ralph Fiennes
O decano do Colégio Cardinalício em "Conclave" se chama Thomas Lawrence, papel do ator Ralph Fiennes (Foto: Divulgação Diamond Films)

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Em cartaz nos cinemas brasileiros, Conclave enfoca cardeais que se reúnem para eleger o sucessor do Papa após sua morte. Quatro começam como favoritos: o cardeal ultraconservador Tedesco (Sergio Castellito), o cardeal progressista e ultraliberal Bellini (Stanley Tucci), o pragmático e cinzento cardeal Tremblay (John Lithgow) e o cardeal africano Adeyemi (Lucian Msamati). Os quatro querem ser os escolhidos. Mas outros dois cardeais que não estão interessados ​​no poder também recebem votos: o decano do Colégio Cardinalício, Thomas Lawrence (Ralph Fiennes) – protagonista do filme – e o desconhecido e humilde cardeal mexicano Benítez (Carlos Diehz), arcebispo de Cabul, que havia sido nomeado cardeal in pectore (em sigilo) pelo falecido pontífice.

Lawrence é um homem em crise espiritual, mas íntegro, que deseja cumprir de forma correta e impecável sua missão de árbitro do conclave. Com esses fios, o vencedor do Oscar por Nada de Novo no Front Edward Berger tece, a partir do romance de Robert Harris, um thriller sombrio que funciona muito bem graças a uma estrutura narrativa eficaz e a uma encenação cheia de força visual, com momentos memoráveis. Por isso, Conclave recebeu seis importantes indicações ao Globo de Ouro – Melhor Filme, Diretor, Ator, Atriz Coadjuvante, Trilha Sonora e Roteiro, levando o prêmio na última categoria – e também recebeu seis indicações para o Oscar, incluindo a de Melhor Filme.

Mas esses acertos são seriamente ofuscados por duas questões muito importantes: a absurda mensagem subjacente que o filme envia e o fracasso na construção dos personagens. O filme diz que a Igreja Católica só tem futuro se assumir o relativismo moral e endossar plenamente a agenda pós-moderna: superar o modelo familiar tradicional, aceitar o divórcio, o controle de natalidade e a ideologia de gênero. O enquadramento ideológico do filme é captado na primeira homilia do reitor: “A certeza é a grande inimiga da unidade; é o inimigo mortal da tolerância […] Que Deus nos conceda um Papa que duvide”. Discurso que se complementa com o do Cardeal Benítez: “A Igreja não é tradição. A Igreja não é o passado. A Igreja é o que faremos a partir de agora”.

O outro elemento que atrapalha o filme é o retrato dos cardeais: neles não se percebe nenhuma fé, nenhuma alegria cristã, nenhuma esperança, nenhuma caridade. São seres solitários, com crises espirituais ou morais, ambiciosos, mesquinhos e movidos apenas pelo cálculo do poder. Nenhuma de suas conversas é sobre o bem da Igreja do ponto de vista cristão, de fé ou pastoral.

Ou seja, a construção dos personagens é baseada em estereótipos e preconceitos que dão as costas à realidade. A alternativa não era fazer um filme angelical e idealizado, mas sim um filme realista e credível. Resumindo, o filme tem uma embalagem magnífica que esconde dentro um produto rançoso e vencido.

© 2025 Aceprensa. Publicado com permissão. Original em espanhol.

  • Conclave
  • 2024
  • 118 minutos
  • Indicado para maiores de 12 anos
  • Em cartaz nos cinemas

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