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Vinte anos atrás

“As Crônicas de Nárnia” aproximou a juventude de C.S. Lewis e da Bíblia

Vinte anos depois, vale assistir a "As Crônicas de Nárnia: O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa"
Vinte anos depois, ainda vale assistir a "As Crônicas de Nárnia: O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa" (Foto: Disney/Divulgação)

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“No seu mundo, eu também existo, mas lá tenho outro nome”, diz o sagaz leão Aslam em um dos capítulos das Crônicas de Nárnia, uma série de livros escrita pelo autor C.S. Lewis entre 1949 e 1954. Ela conta a história de quatro irmãos que descobrem ao acaso a encantada terra de Nárnia, onde faunos, bruxas e animais falantes existem. Com esses seres como personagens, alguém poderia achar estranho imaginar algo de cristão na obra. Só que a Bíblia foi a principal referência do autor nessa fantasia que mistura elementos dos contos de fadas e das mitologias grega e nórdica. Aslam teria outro nome em nosso mundo, sendo reconhecido muito provavelmente como Jesus Cristo – uma escolha intencional do escritor irlandês. 

O mesmo pode ser encontrado em As Crônicas de Nárnia: O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa, filme que completa 20 anos em 2025 e está disponível no Disney+. Com faturamento de US$ 745 milhões na ocasião do lançamento, o longa foi um sucesso estrondoso de bilheterias ao redor do mundo, algo que hoje seria surpreendente para um filme de cunho claramente religioso. Sua história, mesmo que com algumas mudanças para as telonas, trouxe para espectadores de todas as idades alguns dos principais eventos e ideias do cristianismo em um filme repleto de imaginação. 

Para começar, os irmãos Pevensie, Pedro, Susana, Edmundo e Lúcia não são reconhecidos como humanos em Nárnia, mas sim como filhos de Adão e Eva. Já Aslam, o único personagem a aparecer em todos os livros e no filme de 2005, foi criado por Lewis como uma versão alternativa de Jesus Cristo. Outros elementos tirados da Bíblia se fazem presentes, como a traição de Judas ou o sacrifício e a ressureição de Cristo. 

Leão de Judá

Com tantos paralelos possíveis de serem traçados, alguns mais óbvios e outros mais discretos, muita gente encontra no filme e nos livros uma série de alegorias inspiradas no cristianismo. Mas Lewis era enfático em dizer que Nárnia não era uma alegoria.  “[Aslam] é uma invenção que dá uma resposta imaginária à pergunta: 'Como seria Cristo se realmente existisse um mundo como Nárnia e Ele escolhesse encarnar, morrer e ressuscitar como realmente fez no nosso?' Isso não é alegoria de forma alguma”, escreveu ele em uma correspondência resgatada após a sua morte.

Em outras ocasiões, Lewis adotou o termo “suposição” para definir o gênero literário da fantasia que criou. Com isso, ele queria reafirmar que a história foi desenvolvida muito mais a partir de um “e se” do que uma alegoria propriamente dita. “Como Nárnia é um mundo de bestas falantes, pensei que Ele se tornaria uma besta falante lá, assim como Ele se tornou um homem aqui. Eu o imaginei se tornando um leão ali porque (A) o leão deveria ser o rei dos animais; (B) Cristo é chamado de “O Leão de Judá” na Bíblia; (C) Eu estava tendo sonhos estranhos com leões quando comecei a escrever o trabalho”, escreveu em outra de suas cartas privadas. 

Neeson, McAvoy e Tilda 

Mesmo após 20 anos, As Crônicas de Nárnia: O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa  continua uma boa opção de filme para se assistir com toda a família. Além de toda essa base teológica, que garante a ausência de pautas identitárias, os efeitos visuais e a própria narrativa ainda prendem espectadores de todas as idades.

A computação gráfica que dá vida às bestas de Lewis, indicada ao Oscar de 2006, não envelheceu nada mal. Os animais falam e se movem com bastante desenvoltura, capturando quem assiste para o mundo de magia. Fora isso, o filme é recheado com boas performances de atores como Tilda Swinton, James McAvoy e Liam Neeson, que vivem a Rainha Branca, o Sr. Tumnus e o leão Aslam, respectivamente.  

O sucesso foi tanto na época que rendeu mais outros dois filmes, embora nenhum tenha gerado o mesmo burburinho. Mas isso não afeta o brilho do longa de 2005. Qualquer criança que assistir ao filme hoje ficará encantada com a ideia de entrar em um guarda-roupa e ir parar em uma terra mágica e desconhecida. Além disso, As Crônicas de Nárnia: O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa apresenta uma ótima oportunidade para colocar a molecada em contato com a obra de um escritor do calibre de C.S. Lewis e com a Bíblia. 

  • As Crônicas de Nárnia: O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa
  • 2005
  • 150 minutos
  • Indicado para maiores de 10 anos
  • Disponível no Disney+

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