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Anos 90

Dez episódios de “Seinfeld” que hoje chocariam a geração Nutella

Cosmo Kramer, Elaine Benes, Jerry Seinfeld e George Costanza
Cosmo Kramer, Elaine Benes, Jerry Seinfeld e George Costanza, os personagens da série (Foto: Divulgação NBC)

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No ar entre 1989 e 1998, a sitcom Seinfeld começou como um sucesso de crítica e terminou como fenômeno de audiência, com números impressionantes e presença no topo de qualquer lista das principais séries de todos os tempos. Mas nem essa condição de xodó fez Jerry Seinfeld abrandar o texto ou ceder à patrulha politicamente correta. Seu show foi ferino até o fim.

Com todos os 180 episódios disponíveis na Netflix, fica fácil rever o humorista interagindo com Elaine, Kramer e George em Nova York e também fica tentador imaginar como tal piada cairia na sociedade hoje, com tantos desocupados nas redes sociais se dizendo ofendidos com tudo. A natural conclusão é que Jerry Seinfeld fez bem em encerrar seu programa no auge, ainda nos anos 90, quando a liberdade para se brincar com tudo ainda reinava.

Em sete das nove temporadas, o comediante teve a parceria de Larry David ditando os rumos do seriado e usando suas experiências pessoais para enriquecer os roteiros. David, que anos mais tarde daria prosseguimento ao mesmo tipo de humor na sua série Curb Your Enthusiasm, defendia que Jerry, Elaine, Kramer e George não podiam ter filtro moral nem aprender com os erros do passado e que os espectadores, de maneira alguma, podiam ter dó deles. Isso permitiu que o quarteto aprontasse mil e umas ao longo de uma década, metendo-se em enrascadas raciais, sexuais, criminais... Mas tudo em função do riso.

A seguir, dez episódios clássicos (na real, difícil é apontar um que não seja clássico) que se fossem lançados hoje renderiam uma gritaria daquelas. O primeiro da lista até causou comoção na época, deixou de ser exibido nas reprises, mas voltou anos depois, sem nenhum corte.

Dia de desfile (temporada 9)

O quarteto fica preso no trânsito ao voltar de um jogo de baseball porque Nova York está recebendo a parada anual que celebra Porto Rico. Kramer acidentalmente bota fogo numa bandeira do território americano ao acender um charuto. Para tentar conter as chamas, ele pisoteia a bandeira, o que causa a fúria dos porto-riquenhos presentes no ato. Foi o antepenúltimo episódio da história da série e causou protestos ruidosos nas ruas pela ofensa a Porto Rico. Mas Seinfeld não se dobrou e o episódio voltou a passar na TV, entrar nos DVDs e na Netflix após alguns anos como “maldito”.

Friars Club (temporada 7)

A controvérsia principal do episódio envolve Elaine. Ela ganha um novo colega de trabalho com problemas auditivos (interpretado pelo ator Rob Schneider). Na hora da divisão de tarefas, o colega sempre tem dificuldade de escutar o que o chefe pede e a missão acaba sendo delegada para Elaine. Ela começa a desconfiar que o surdo, na verdade, é um preguiçoso que dá migué para não pegar trampo. O capítulo termina com Elaine botando o aparelho auditivo do surdo no próprio ouvido para ver se ele funciona.

A esponja (temporada 7)

O episódio é sempre lembrado por Elaine desesperada porque seu método contraceptivo vai sair de linha. Ela estoca tudo o que encontra nas farmácias e depois fica pesando quando vale a pena usar cada “esponja”. Mas a polêmica aqui envolve Kramer. Ele decide participar de uma caminhada anual que arrecada fundos para a causa da AIDS. No entanto, recusa-se a usar a fitinha no peito que simboliza a luta contra a doença e acaba espancado pelos outros participantes da caminhada.

O Clube dos Diplomatas (temporada 6)

A sexta temporada é regularmente apontada pelos procuradores de encrenca como a mais problemática da série. Há desde um episódio em que Jerry se interessa por uma mulher só porque ela seria chinesa até um em que Elaine tira onda por estar namorando um comunista. Em O Clube dos Diplomatas, quem se vê enrascado é George, que é acusado de ser racista pelo seu chefe negro. Para provar que o chefe está errado, George tenta arranjar algum amigo negro, chegando a apelar para um cara que ele conhece dedetizando o apartamento de Jerry.

A acompanhante (temporada 6)

Elaine topa sair com um amigo gay que precisa mostrar para o seu chefe que é heterossexual. O problema é que Elaine se apaixona pelo tipo e começa a fazer investidas para que ele deixe de ser gay. Além das “piadas homofóbicas” geradas por essa situação, George, numa fase usando peruca, fica inconformado quando marca um encontro e descobre que sua pretendente é careca. Mais tarde, ao tentar avançar na relação sem peruca, ele é dispensado pela careca justamente por ser calvo.

O índio da tabacaria (temporada 5)

Jerry presenteia Elaine com a estátua de um índio. O gesto é considerado ofensivo por Winona, amiga de Elaine que descende de povos nativos americanos. Jerry consegue reverter a situação e começa a sair com a moça, mas acaba esbarrando em diversas situações em que pode ser acusado de preconceito com indígenas se disser o que pensa ou precisa ser dito. A maior complicação é na hora de fazer “reserva” num restaurante.  

A vaga para pessoas com deficiência (temporada 4)

O quarteto viaja até um shopping center fora de Manhattan para comprar uma TV para um amigo que vai se casar. Ao chegar ao destino, Kramer incentiva George a estacionar o carro numa vaga para deficientes. Na hora de pegar o automóvel para voltar a Nova York, o grupo encontra um monte de revoltados com o uso da vaga, pois uma cadeirante precisou estacionar longe e se acidentou ao se dirigir ao shopping. Deficientes sempre renderam boas piadas na série.

O implante (temporada 4)

A “objetificação feminina” foi uma constante em Seinfeld, muito antes disso virar o grande tabu que é hoje. O episódio do implante representa bem o tema, pois mostra Jerry desconfortável com uma dúvida: estaria ele namorando uma siliconada ou portadora de seios naturais? Elaine acidentalmente encosta nos peitos da moça (vivida por Teri Hatcher) numa sauna e confirma para Jerry que eles são reais. E espetaculares.

Saindo do armário (temporada 4)

É o episódio campeão em “piadas homofóbicas”. Tudo porque Elaine diz para uma jornalista que Jerry e George formam um casal. A jornalista, que tem a missão de escrever um perfil de Jerry, encontra vários indícios de que o humorista é mesmo gay. George aproveita a fama para tentar escapar de um relacionamento amoroso. Não que exista algo de errado em ser gay!

O menino da bolha (temporada 4)

Cena do episódio sobre o garoto que é protegido por uma bolhaO menino da bolha tenta enforcar George Costanza (Foto: Reprodução YouTube)

Trata-se de um dos episódios mais engraçados da série. O grupo ruma para a campo da namorada de George. No caminho, Jerry se compromete a visitar um fã que não pode ter contato com germes, por isso vive dentro de uma bolha. Como eles fazem a viagem em dois carros, George chega primeiro ao destino e começa uma jogatina com o garoto enquanto espera por Jerry. Um erro na impressão de uma das cartas do jogo leva George a se desentender com o garoto, que tenta estrangula-lo. Ao tentar libertar George, sua namorada estoura a bolha do doente, que precisa ser levado ao hospital.

  • Seinfeld
  • 1989-1998
  • 180 episódios
  • Indicado para maiores de 12 anos
  • Disponível na Netflix

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