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Show dos roqueiros do Kiss em Curitiba em 2015. | Marcelo Andrade/Gazeta do Povo
Show dos roqueiros do Kiss em Curitiba em 2015.| Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo

A intenção era das melhores. Depois do megaconcerto Live Aid, que uniu dezenas de artistas de rock em prol do fim da fome na Etiópia, o músico Phil Collins, entusiasmado com a empreitada, declarou que aquela data deveria ser definida como o dia mundial do rock. O dia era 13 de julho de 1985.

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A ideia, porém, não foi comprada por quase ninguém. Exceto dois grandes países da América do Sul: Brasil e Argentina. Nem na Inglaterra, onde ocorreram os shows do Live Aid, no estádio de Wembley. Tampouco nos Estados Unidos, onde se realizou o outro braço do concerto, no JFK Stadium, na Filadélfia, se comemora o tal “dia mundial do rock”. 

Influência das rádios

Como o pão de queijo e as compras parceladas, a data comemorativa só emplacou no Brasil. E por influência das duas rádios que tocavam rock em São Paulo, na mesma época, a 89 FM e 97 FM. Elas passaram a mencionar a data na programação e fazer produções especiais para a data. “Eles ficaram impressionados com o megaevento e resolveram levar a sério a coisa toda”, explica o radialista Kid Vinil. 

A partir de então, a data se popularizou pelo país. Na vizinha Argentina, o fenômeno acontece de modo semelhante. A cada 13 de julho há programação especial para fãs de rock. 

Em outros países, no entanto, não há uma data específica para comemorar o gênero ou há outras. Em certas cidades americanas, há festas no dia 9 de julho, data em que foi ao ar pela primeira vez o programa “American Bandstand”, que ajudou a popularizar o gênero no país. 

Live Aid, evento que inspirou o Dia Mundial do Rock AFP

Na Inglaterra, há a tradição do Record Store Day, um evento anual criado em 2007, celebrado no terceiro sábado de abril, para comemorar a cultura da compra de discos em lojas especializadas.

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Curitiba

Em Curitiba, o “Dia Mundial do Rock” motiva inúmeros eventos e promoções nos bares ligados ao rock.A comemoração oficial, porém, soa incoerente para um gênero que nasceu sob o signo da rebeldia e do inconformismo. 

O radialista e produtor Rodrigo Barros Del Rey afirma que a necessidade de se criar uma data oficial não serve como demonstração de boa saúde do gênero. “ Virou uma coisa institucional. Daqui a 20 anos teremos o dia do tecno... Tudo pra tirar dinheiro dos incautos”.

O presidente da Associação Brasileira de Bares e Casas Noturnas (Abrabar) , Fábio Aguayo, acha que a data se presta a firmar uma posição de um nicho importante do mercado de entretenimento da cidade.“Serve como um movimento de resistência contra o avanço do sertanejo na capital. Mostra que na cidade tem muitos empresários que remam na maré do rock”.

Rock S.A.

Para Solange Lima Barbosa, economista e coordenadora adjunta do curso de Administração da PUC- PR, a data comemorativa é oportuna, pois acontece em um período sem grandes feriados ou outros chamarizes de mercado.

“Do ponto de vista comercial é a oportunidade de dar uma alavancada em vendas. Ainda que seja para um nicho reduzido, se os empresários que investem no setor souberem aproveitar este público específico com serviços direcionados, podem ter bons resultados”. 

O jornalista Daniel Fernandes, coautor, com Marco Bezzi, do livro “Como o rock pode ajudar você a empreender”, em que se analisam conceitos do empreendedorismo aplicado ao meio do rock, diz que o gênero é um bom negócio porque a “mensagem é muito forte e vende rebeldia e criatividade”. 

“O rock é uma empresa sólida que já deu muito certo. Talvez esteja precisando de umas rupturas, de umas start-ups para acontecer e criar um novo movimento”. 

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