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A repórter Philomena Cunk, vivida pela atriz inglesa Diane Morgan
A repórter Philomena Cunk, vivida pela atriz inglesa Diane Morgan| Foto: Divulgação/Jonathan Browning

Tente imaginar uma edição do Globo Repórter comandada por uma jornalista muito sem noção, capaz de fazer as perguntas mais cretinas para especialistas de alto nível e ainda tirar conclusões de uma estupidez assombrosa. OK, alguns leitores neste momento estão se perguntando “como assim ‘tente imaginar?’”. Mas isso é só porque vocês não conhecem Philomena Cunk, a repórter que dá nome à série feita em parceria entre a BBC britânica e a Netflix, que chegou à plataforma há poucos dias.

O Mundo por Philomena Cunk é o que chamamos de um mockumentary, expressão que designa uma obra supostamente documental, mas com premissas falsas, para causar risos. Philomena não existe. É uma personagem interpretada pela atriz e comediante inglesa Diane Morgan. Em cinco episódios de 29 minutos, ela pretende desvendar as histórias mais fascinantes do planeta com sua total falta de cultura e de vergonha na cara, especialmente quando confronta estudiosos com os questionamentos mais descabidos.

Ao entrevistar um expert em história egípcia, ela indaga se as pirâmides foram erguidas naquele formato para evitar que sem-tetos se abrigassem em torno delas. Não contente, ainda quer saber se os egípcios começavam a construir as pirâmides pela base ou pelo topo. Os entrevistados, incrédulos, procuram contestar Philomena da maneira mais polida possível, em embates que remontam a muito do que já vimos em filmes de Sacha Baron Cohen (Borat, Bruno) ou até nos primórdios do CQC brasileiro, quando Danilo Gentili encarnava o “repórter inexperiente”.

Influência de Monty Python

Algumas interações fazem o espectador acreditar que é só questão de tempo até que algo semelhante aconteça na vida real, como quando Philomena quer saber de uma catedrática em Renascentismo se a música Single Ladies, de Beyoncé, não é mais relevante do que todo o movimento europeu. Em outra cena, a jornalista convence uma entrevistada a dizer que Jesus Cristo foi a primeira vítima da cultura do cancelamento.

Muito do humor nonsense da série remete à obra da lendária trupe Monty Python, baluarte do refinado humor britânico, que se sustenta muito bem sem gargalhadas pré-gravadas. A própria Philomena nunca esboça um sorriso, o que impede que suas presas partam para a galhofa logo no início das entrevistas. Mas muitos não conseguem se segurar e passam a jogar o jogo da repórter, aliviando as situações de constrangimento.

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