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O quarteto inglês Coldplay, que fez 11 shows no país em março| Foto: Divulgação

“Não duvido que, se eu sair para comprar pão, vou dar de cara com o Chris Martin.” “Se o Chris Martin ficar mais uma semana no Brasil, ele vai ter de declarar imposto de renda.” Esses e outros comentários em tom de brincadeira se tornaram muito comuns nas redes sociais desde o começo de março. O motivo: a série de 11 shows que a banda Coldplay, liderada pelo cantor britânico, realizou no Brasil até a última terça-feira (28).

Os eventos, que aconteceram em São Paulo, Curitiba e Rio de Janeiro, movimentaram a economia e os noticiários por conta da quantidade de fãs interessados em assistir às apresentações do grupo e pela simpatia de seu líder. Poucos artistas na ativa oferecem um espetáculo como o do Coldplay. As performances dos ingleses são recheadas de luzes coloridas, momentos especiais, interação com os fãs e as xylobands, famosas pulseirinhas que integram o espectador ao sistema de iluminação dos shows.

Fora o aspecto visual, as músicas do quarteto, que foram se tornando cada vez mais acessíveis ao longo de 27 anos de carreira, agradam a diferentes gerações — numa das apresentações paulistanas presenciadas pela reportagem, não era difícil ver jovens gravando dancinhas para o TikTok e senhores pedindo uma cerveja enquanto aguardavam o início do espetáculo. O setlist privilegiou Music of the Spheres, o mais recente trabalho de estúdio, mas também contou com clássicos como Yellow, Viva La Vida Clocks.

Para entender a magnitude da passagem do Coldplay pelo Brasil, confira abaixo alguns pontos e números que reforçam essa grandeza.

Qual foi o público total e quanto a banda pode ter faturado 

As 11 apresentações aconteceram em três grandes estádios brasileiros: Morumbi (SP), Couto Pereira (PR) e Nilton Santos (RJ), que juntos podem abrigar 164,3 mil pessoas. Como cada local recebeu mais de um show, com destaque para a cidade de São Paulo com seis performances, o Coldplay tocou para cerca de 665 mil fãs — número muito próximo do alcançado na emblemática temporada argentina de dez datas no estádio do River Plate, em Buenos Aires, entre outubro e novembro de 2022, que movimentou 650 mil pagantes.

Considerando que o preço médio dos ingressos para os shows no Brasil era de aproximadamente R$ 515, é possível que o grupo britânico e a organizadora dos shows tenham amealhado quase R$ 343 milhões só em venda de tíquetes.

Quantas vezes o Coldplay se apresentou no Brasil até hoje  

Com as datas da turnê Music of the Spheres, o Coldplay chegou à marca de 25 concertos no Brasil nos últimos 20 anos. O primeiro e já disputado show aconteceu em 2003, na cidade de São Paulo. A casa escolhida foi a finada Via Funchal, que tinha capacidade para 6 mil pessoas de pé (todos esgotados na ocasião). Aumentar o público em mais de 110 vezes é uma proeza para poucos grupos da atualidade.

Quais foram as participações especiais da turnê  

Alguns fãs reclamaram que músicas como Maria Maria, Quando Você Passa (Turu Turu), Amiga da Minha Mulher Todo Homem tiraram o espaço de hits do Coldplay que poderiam ter entrado nos setlists brasileiros. Mas homenagear cada país por onde passa com canções e convidados locais é praxe na trajetória recente de Chris Martin e sua trupe. Os escolhidos por aqui foram Milton Nascimento (apenas na última data carioca), Sandy, Seu Jorge, Rael, Hamilton de Holanda, Cris Botarelli (da banda Far From Alaska) e os três filhos de Caetano Veloso: Moreno, Tom e Zeca.

Os rolês aleatórios de Chris Martin  

Outra marca da turnê Music of the Spheres no país foram os “rolês aleatórios” do vocalista Chris Martin, que aconteceram principalmente em São Paulo. O britânico foi visto em uma roda de samba no bairro da Barra Funda (SP), assistiu a um ensaio da bateria da USP, distribuiu marmitas a moradores de rua e foi ao show do compositor italiano Ludovico Einaudi. Além desses passeios bacanas, o músico se encontrou com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que convidou a banda para se apresentar na Amazônia durante a COP30, conferência sobre o clima que deve acontecer em 2025, na cidade de Belém (PA).

A pulseira que não era brinde  

Um dos assuntos da turnê foi a devolução das xylobands, pulseiras criadas pelo fã Jason Regler para a banda utilizar a partir da excursão do disco Mylo Xyloto, entre 2011 e 2012. O item fica no pulso de quem comprou o ingresso durante o show e tem luzes acionadas por radiofrequências, programadas de acordo com o que cada canção enseja.

Ao longo das apresentações, a banda reforça várias vezes que o adorno tecnológico deve ser devolvido no final. Mas é claro que muita gente ignora o pedido e leva o treco para casa como se fora um souvenir. Para minimizar essa prática feia, o Coldplay passou a exibir nos telões os índices de devoluções das pulseirinhas, criando uma competição para ver quais locais cooperariam mais. O Brasil passou a turnê inteira na rabeira de devoluções quando comparado aos outros países que receberam a banda. Com relação às cidades brasileiras, ainda sem contabilizar os dados do último show carioca, os números estavam assim:

Curitiba – 91%  
Rio de Janeiro – 87%  
São Paulo – 85%

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