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Viktor Frankl é o tema do documentário "Além da Liberdade"
Pai da Logoterapia, Viktor Frankl é o tema do documentário “Além da Liberdade”| Foto: Lumine/Divulgação

Era possível encontrar o sentido da vida dentro de campos de concentração no Holocausto? Essa ideia parece completamente improvável. Como alguém poderia ter esperança em um dos cenários mais tristes da história? Mas foi dentro desse contexto que o austríaco Viktor Frankl se conectou com a grandeza do espírito humano e refletiu sobre a importância de viver. Essa figura ímpar da psicoterapia e da filosofia é o tema de Além da Liberdade, documentário da plataforma Lumine, que também está disponível gratuitamente no YouTube. 

A produção conta a história de Frankl desde sua infância (vivida durante a Primeira Guerra) até o período em que foi capturado, aos 37 anos. Ele viveu quatro anos como prisioneiro dos nazistas e passou por diferentes campos de concentração, como o da cidade de Dachau, onde hoje existe um memorial. O psicólogo Luis Enrique Paulino Carmelo, apresentador do documentário, viajou até os locais em que Frankl passou, como Áustria, Polônia e Alemanha. É ele quem vai explicando a importância do psicoterapeuta ao telespectador e esmiúça suas principais ideias. 

“Há dez anos, eu estudo a Logoterapia [que analisa a busca pelo sentido] e trabalho com ela na minha clínica. Já há algum tempo, queria conhecer um pouco da vida de Viktor Frankl in loco”, revela Carmelo, que buscou a Lumine para realizar o projeto. O brasileiro tem um destaque exagerado no longa, o que pode tirar um pouco o foco de seu objeto principal. 

Apesar disso, a produção faz um bom trabalho em apresentar as ideias de Frankl e o ambiente em que elas tomaram força. Cenas gravadas nos campos de concentração de Auschwitz, Dachau e Terezin ajudam a reforçar no espectador como aquelas condições eram precárias. 

Antídoto para o niilismo

É impressionante constatar que foi num desses locais que o austríaco encontrou um antídoto para o niilismo, doutrina filosófica que rejeita valores tradicionais e o propósito da existência. “Se existe algum sentido na vida, então deve haver um sentido no sofrimento. O sofrimento é uma parte inexorável da vida, assim como o destino e a morte. Sem sofrimento e morte, a vida humana não pode ser completa”, chegou a escrever o psicoterapeuta em seu livro mais famoso, Em Busca de Sentido.

Publicado em 1946, um ano após sua soltura ao fim da Segunda Guerra, a obra de Frankl relata as experiências como prisioneiro e descreve o seu método para encontrar uma razão para viver. Valores como o amor, a honra e a bondade são os mais elevados aos quais um homem pode aspirar e dão força para ele seguir em frente. “O maior segredo que a poesia, o pensamento e as crenças têm a transmitir: a salvação do homem é por meio do amor e no amor”, crava Frankl em uma das passagens da obra.

Para ele, a própria busca pelo sentido já torna a vida mais digna. Ou, em suas próprias palavras: “Todo homem é questionado pela vida... e ele só pode responder à vida se responsabilizando por ela.” Com isso, o filósofo quer dizer que a liberdade humana de escolher como enfrentar a vida não pode ser confiscada. Todos têm o controle sobre sua reação e entender isso é o que afasta a humanidade da perda de sentido.

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