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Fabrizio Corbera, príncipe de Salina, na Sicília, vê sua ilha e sua família mudarem drasticamente após as revoltas que culminaram na reunificação italiana de 1860. Seu sobrinho favorito, Tancredi, junta-se às forças liberais rebeldes; Concetta, sua filha mais velha, apaixona-se perdidamente pelo jovem; e Paolo, seu herdeiro, é crítico e desdenhoso em relação ao pai. Enquanto isso, nobres e outros oportunistas aproveitam a mudança política para tomar o poder e o status que antes pertenciam aos Salina. Disponível na Netflix, O Leopardo é um melodrama em que todos os personagens são levados pela onda dramática da história.
A série, baseada no romance de Giuseppe Tomasi di Lampedusa, conta o desaparecimento de um mundo e o nascimento de um novo, um retrato nostálgico perfeitamente encarnado pelo Príncipe Fabrizio, o leopardo, personagem central do romance, e que o ator Kim Rosi Stuart encarna com presença e elegância, e até com nuances que não existiam na obra de Visconti de 1963, na qual Burt Lancaster interpretou o príncipe emblemático. Era inevitável que essa minissérie em seis partes, criada por Richard Warlow (O Paraíso e a Serpente), fosse comparada ao impressionante filme de Visconti, que contou com outros atores do porte de Alain Delon e Claudia Cardinale nos papéis de Tancredi e Angélica, filha do prefeito de Donafugata e um dos exemplos dessa nova, emergente e ambiciosa classe.
Embora algumas das novas atuações – como as de Deva Cassel como Angélica e de Saul Nanni como Tancredi – sejam menos convincentes e um tanto superficiais, a grande virtude de O Leopardo é o tempo, que permite um maior desenvolvimento da psicologia dos personagens principais e, assim, uma compreensão mais profunda das consequências que o momento histórico que vivem tem sobre todos eles. Os esforços dos Salina para se juntar à mudança, para tentar manter tudo igual e assim não perder sua posição, fazem da luta do príncipe por sua família um esforço tão titânico quanto fútil.
O Leopardo também reforça com sucesso a personagem de Concetta, a filha mais velha da família, que está dividida entre o amor e a linhagem, e que vê como a beleza de Angélica a rouba de seu lugar na sociedade, entre outras coisas. Um papel feminino muito atual, mas que nos deixa com uma relação pai-filha muito bem-sucedida. No final das contas, esta é uma boa atualização do clássico, em grande parte graças aos cenários impressionantes que refletem a glória desbotada daquele mundo em desaparecimento, a uma trilha sonora bem elaborada e a uma ótima encenação.
© 2025 Aceprensa. Publicado com permissão. Original em espanhol.
- O Leopardo
- 2025
- 6 episódios
- Indicado para maiores de 12 anos
- Disponível na Netflix