• Carregando...
Cena de “Meu Amigo Robô”, do diretor espanhol Pablo Berger
Cena de “Meu Amigo Robô”, do diretor espanhol Pablo Berger| Foto: Divulgação Imovision

Vindo do País Basco, o diretor espanhol Pablo Berger já surpreendeu muita gente e ganhou diversos prêmios com os filmes Da Cama para a Fama (2003), Abracadabra (2017) e Branca de Neve (2012), sendo que este último foi rodado em preto e branco e sem diálogos, tal qual o filme francês O Artista. Em seu novo trabalho, Meu Amigo Robô (2023), ele mantém essa ausência radical de diálogos, volta à cor e usa os desenhos animados tradicionais como técnica narrativa. O resultado é fascinante, já foi premiado nos festivais de Annecy e Sitges, levou para casa estatuetas variadas do Prêmio Europeu, do Goya, do Forqué, do Feroz, e agora concorre ao Oscar de Melhor Longa-Metragem em Animação.  Meu Amigo Robô entrou em cartaz em circuito reduzido no Brasil e ainda pode ser visto em cinemas do Rio de Janeiro e de outras cidades.

O roteiro do próprio Berger é baseado na história em quadrinhos da americana Sara Varon e segue os passos de Dog, um cachorro solitário e abatido que mora em Manhattan na década de 1980. Ansioso por ter um amigo, um dia Dog compra e constrói um robô Amica 2000. A amizade entre os dois cresce, até se tornarem inseparáveis. Mas, numa noite de verão, Dog, com muita dor, é forçado a abandonar Robot sem bateria na praia de Coney Island.

Os cinéfilos e fãs de animação irão apreciar as inúmeras referências que Berger inclui em Meu Amigo Robô. Elas vão desde as palhaçadas de Charles Chaplin, Buster Keaton ou as tolas sinfonias da Disney, ao naturalismo do mestre japonês Hayao Miyazaki em Meu Vizinho Totoro ou Porco Rosso: O Último Herói Romântico. Passam também pelo escapismo encantado de O Mágico de Oz, pela brilhante estupidez do francês Jacques Tati e pela louca falta de controle da Pantera Cor-de-Rosa ou do Mr. Bean. Tudo isso se enquadra nesta bela, emocionante e tragicômica exaltação da amizade diante do individualismo.

A animação é resolvida com um belo estilo de linhas claras, bem parecido com o de Hergé na saga Tintim. Os desenhos são muito expressivos nos gestos dos personagens e são cheios de detalhes criativos em sua recriação da Nova York de quatro décadas atrás, onde Berger se formou como cineasta. Merecem elogios especiais a trilha sonora sutil e variada de Alfonso de Vilallonga, completada com sucessos como September, do Earth Wind and Fire.

© 2024 Aceprensa. Publicado com permissão. Original em espanhol.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]