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“O Discurso do Rei”, vencedor do Oscar de 2011 | Divulgação/
“O Discurso do Rei”, vencedor do Oscar de 2011| Foto: Divulgação/

Todo mundo sabe que não é exatamente qualidade que define os filmes ganhadores do Oscar. Como toda grande premiação, há muito mais do que a simples análise de critérios técnicos e artísticos. Nome, marketing, promoção, tudo conta. Mas, no geral, é possível reconhecer méritos nos vencedores. “Casablanca”, os dois “Poderoso Chefão”, “Rocky, um Lutador” e “O Silêncio dos Inocentes” são exemplos incontestáveis.

Mesmo filmes de qualidade discutível têm seus méritos pelo que representaram em termos de inovação e avanços, casos de “Titanic” e “O Senhor dos Anéis: o Retorno do Rei”.

Mas há alguns casos indefensáveis. Produções que à época até tiveram seu momento de glória, mas que, observando friamente hoje, fica difícil entender como receberam a chancela de “melhor filme do ano”. Selecionamos nove desses filmes, que estão longe de fazer jus à estatueta na estante da sala.

Oliver! (1969)

No final da década de 1960 os musicais já começavam a perder a força que tiveram durante muito tempo. Ainda assim, a Academia decidiu consagrar essa adaptação livre da obra “Oliver Twist”, de Charles Dickens, sobre um menino que foge do orfanato e se junta a um grupo de ladrões. Pobre Oliver, não chega nem aos pés dos grandes musicais, inclusive de um dos concorrente a melhor filme naquele ano, “Funny Girl”, com Barbra Streisand.

Kramer vs Kramer (1980)

Ok, o filme de Robert Benton tem aquelas características que caem como uma luva no gosto dos membros da Academia: um dramalhão para levar o público às lágrimas, estrelado por dois gigantes, Dustin Hoffmann e Meryl Streep, que vivem pais disputando a guarda do filho. Mas um dos adversários era “Apocalypse Now”, de Francis Ford Coppola, simplesmente uma das maiores obras-primas do cinema.

Conduzindo Miss Daisy (1990)

Quantas pessoas lembram desse filme? A comédia dramática sobre a amizade entre uma senhora idosa (Jessica Tandy) e um chofer negro (Morgan Freeman) é simpática, principalmente por conta da dupla de protagonistas. Mas é aquele típico filme que você deixa passando na tevê para passar o tempo e alguns minutos depois já sumiu da memória.

Dança com Lobos (1991)

É difícil entender como “Os Bons Companheiros”, um dos melhores filmes de um dos melhores diretores da história (Martin Scorsese), foi derrotado pela estreia na direção de Kevin Costner. O faroeste meloso e interminável (são três horas de duração) que retrata a amizade de um oficial (Costner) e um grupo de índios durante a Guerra Civil ainda teve a proeza de arrebatar outros seis prêmios.

Shakespeare Apaixonado (1999)

Num ano em que a disputa estava centrada entre filmes densos ou com temática forte - a guerra em “O Resgate do Soldado Ryan” e “Além da Linha Vermelha”, o Holocausto em “A Vida é Bela” e a monarquia britânica em “Elizabeth” - a Academia consagrou justamente o concorrente mais insosso: uma comédia romântica tola e descartável sobre um suposto passado romântico de William Shakespeare.

Chicago (2003)

A fascinação da Academia por musicais é tamanha que às vezes parece que basta fazer um filme do gênero para ganhar o coração dos votantes. Não à toa, “La La Land” foi o favorito de 2017. Mas um caso como o de “Chicago” parece mais complicado. Explorando o mundo das celebridades na década de 1920, o filme não funciona como comédia e seus números musicais mais entediam do que empolgam.

Crash - No Limite (2006)

“Crash” é um exemplo clássico de filme-engodo. Com uma estrutura aparentemente complexa, usa espertamente a trilha sonora e a montagem para interligar vários personagens mergulhados em diferentes dramas. Mas basta um olhar mais atento para perceber que tudo é verniz para uma narrativa superficial apoiada em clichês e personagens rasos.

O Discurso do Rei (2011)

Naquele ano, ainda eram obrigatoriamente dez os indicados a melhor filme. Entre os concorrentes, “A Rede Social”,A Origem”, “Toy Story 3” e “Inverno da Alma”. Quem ganhou? O mais burocrático dos indicados, que, a despeito da bela interpretação de Collin Firth (que, por sinal, também faturou o Oscar), como o rei que precisa superar a gagueira, poderia ser facilmente confundido com uma produção feita para a televisão.

O Artista (2012)

À época o filme foi saudado como uma grande ideia: uma produção sem diálogos, exatamente nos moldes dos filmes mudos do início do século 20, contando a história de um astro daquele período. Não tardou para que a euforia passasse e se percebesse o quanto a proposta soava artificial e sem fôlego. Certamente contribuiu para a vitória a concorrência fraca, que tinha até grandes diretores em momentos pouco inspirados (Scorsese com “A Invenção de Hugo Cabret” e Woody Allen com “Meia-Noite em Paris”).

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