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Na Netflix

Suspense policial “Dept. Q” é violento, mas tem esperança na bondade humana

Série da Netflix adapta romance do dinamarquês Justin Adler-Olsen
Nova série da Netflix adapta romance do dinamarquês Justin Adler-Olsen (Foto: Divulgação Netflix)

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Carl Morck inaugura um novo departamento de polícia dedicado a investigar crimes não resolvidos após um incidente traumático em Edimburgo, Escócia. O primeiro caso é o de uma mulher que desapareceu há vários anos enquanto viajava de barco com o irmão. Assim começa Dept. Q, série policial de nove episódios da Netflix.

O autor dinamarquês Justin Adler-Olsen (Copenhague, 1950) é um dos grandes romancistas policiais nórdicos, com dez títulos dedicados ao Departamento Q entre 2007 e 2022. Até agora, cinco desses romances foram adaptados para o cinema na Dinamarca, em produções exportadas para o mundo todo, mas com certa rotina e frieza formal nas adaptações.

Com Dept. Q, o americano Scott Frank (O Gambito da Rainha, Godless) se recupera das críticas negativas que recebeu por sua última minissérie, em 2024: Monsieur Spade, uma releitura bastante sem graça do personagem protagonista de O Falcão Maltês. Além da encenação atmosférica e meticulosa, o sucesso desta nova obra para a Netflix reside numa adaptação bem britânica para uma trama e personagens distintamente nórdicos. Grande parte desse crédito se deve ao roteiro da série e à atuação de Mathew Goode, que cria um detetive sarcástico e ferido, mas com um humanismo e uma ironia que, no fim das contas, geram uma empatia peculiar. Sua relação com o enteado é muito autêntica e engraçada, com alguns diálogos sensacionais entre dois personagens forçosamente unidos por uma solidão compartilhada.

O enredo do romance é complexo, mas explicado com clareza suficiente, embora às vezes seja desnecessariamente detalhado na violência e vulgaridade das situações. No entanto, essa dureza é temperada por uma notável esperança na bondade humana de personagens castigados pela vida. O mundo é um lugar muito perigoso e cruel segundo os romances de Adler-Olsen. Mas, segundo a série, é também um lar onde se pode recuperar dos golpes mais atrozes. O final da série e a música do cantor americano Radical Face que encerra o episódio, intitulada Welcome Home, não são coincidência. Uma conclusão brilhante e calorosa para uma das melhores séries do ano.

© 2025 Aceprensa. Publicado com permissão. Original em espanhol.

  • Dept. Q
  • 2025
  • 9 episódios
  • Indicado para maiores de 16 anos
  • Disponível na Netflix

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