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Ray Mendoza tinha 17 anos em 1997, quando começou a servir na Marinha dos Estados Unidos em sua unidade de elite, a Navy SEAL. Durante 16 anos, lutou em diversas guerras, mas a que mais o marcou foi a do Iraque. Faz anos que Mendoza se tornou um dos principais conselheiros militares de Hollywood por meio de sua empresa, WarOffice. Assim, durante as intensas filmagens do filme Guerra Civil (2024), ele se tornou amigo íntimo de seu diretor, o londrino Alex Garland, que já havia feito ótimos trabalhos em Ex_Machina: Instinto Artificial, Aniquilação e Men – Faces do Medo. Agora, os dois escreveram e dirigiram Tempo de Guerra, um drama de guerra arrepiante que recria a experiência mais traumática de Mendoza.
A ação acontece em Ramadi, uma pequena cidade no Iraque, 110 quilômetros a oeste de Bagdá. Durante uma patrulha de rotina, um pelotão de Navy SEALs ocupa sigilosamente uma casa onde vivem duas famílias civis. No dia seguinte, enquanto monitoravam a área ao redor, eles são avistados pelos insurgentes, que os atacaram com sangue e fogo. Eles imediatamente pedem apoio aéreo e resgate, mas as coisas ficam desesperadamente complicadas.
Há muito tempo um filme não mostrava com tanto realismo e brutalidade os horrores da guerra e a devastação que ela causa nos corpos e almas dos combatentes e dos pobres civis que cruzam seu caminho. Com uma produção caprichada e sempre com a câmera na mão, Garland e Mendoza atingem plenamente seu objetivo de imergir o espectador no meio da ação bélica, sem lhe dar trégua em nenhum momento e sem fazer concessões ao heroísmo cinematográfico. Certamente, ambos tinham em mente outro filme semelhante, Falcão Negro em Perigo, de Ridley Scott, também envolvente e avassalador, e não muito complacente com o intervencionismo bélico da política externa americana. A cena final de Tempo de Guerra é uma declaração de princípios.
Como esperado, o hiper-realismo do filme – narrado com unidade de tempo e ação, e bem fotografado e editado por Ray Mendoza – proporciona momentos de grande tensão dramática e, ocasionalmente, um tom sangrento, não adequado para todas as sensibilidades. Além disso, todos os atores – não há uma única mulher entre os SEALs – vivem seus personagens ao máximo e realizam suas variadas reações com grande vigor. Então, não há necessidade de uma trilha sonora para gerar emoções. Basta contemplar o inferno em silêncio.
© 2025 Aceprensa. Publicado com permissão. Original em espanhol.
- Tempo de Guerra
- 2025
- 95 minutos
- Indicado para maiores de 16 anos
- Em cartaz nos cinemas