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Para aqueles que sentem falta da nostálgica “Sessão da Tarde”, com suas narrativas leves, humor despretensioso e lições sutis, Campeões, disponível na Amazon Prime Video, revela-se uma escolha acertada. Dirigido por Bobby Farrelly — conhecido por comédias irreverentes como O Amor É Cego, Debi e Loide e Quem Vai Ficar com Mary?,— Os Campeões entrega uma mistura irresistível de risadas e comoção. A história gira em torno de um treinador de basquete impulsivo que precisa comandar uma equipe de jogadores com deficiência intelectual. Com Woody Harrelson no papel principal e um elenco que inclui Ernie Hudson, Cheech Marin, Kaitlin Olson e Matt Cook, o filme convida ao riso, empatia e sensibilidade.
A trama gira em torno de Marcus (Harrelson), um técnico profissional de basquete que vê sua carreira ser interrompida após se envolver em um acidente de trânsito. Como pena, é condenado a prestar serviço comunitário. Sua missão, treinar um time amador de jovens com deficiência intelectual. Inicialmente, Marcus mostra-se cético e cheio de preconceitos, questionando a capacidade dos jogadores. Contudo, com o passar do tempo, é ele quem aprende com o time: sobre trabalho em equipe, serviço ao próximo, e o verdadeiro significado de superação.
Campeões acerta ao retratar com respeito e naturalidade o universo das pessoas com deficiência. Longe de recorrer a estereótipos ou exageros, o filme humaniza seus personagens com humor e dignidade.
Um dos momentos mais divertidos é o da jovem com síndrome de Down que faz piada com sua própria condição — uma cena que simboliza bem o tom leve e, ao mesmo tempo, edificante da obra. O longa mostra que rir das dificuldades pode ser um sinal de maturidade e força, não de deboche.
Outro mérito do filme está em inverter papéis: muitas vezes são os chamados “normais” que mais dependem dos outros, enquanto os personagens com deficiência demonstram autonomia, coragem e visão de mundo.
O filme transmite, sem clichês ou excesso de sentimentalismo, que espírito esportivo vai além do placar — trata-se de enfrentar limites, respeitar o próximo e não se apegar àquilo que nos prende. Cada passo aprendido, cada jogada e cada vitória do time é, na verdade, um ensinamento sobre a importância de comemorar as etapas da vida.
Conversas impróprias
Mas nem tudo são aplausos. Um ponto sensível da narrativa é o tratamento dado à sexualidade. Algumas falas entre os personagens são marcadas por uma imodéstia que beira o vulgar, destoando do tom geral da produção. Além disso, o comportamento da irmã de um dos jogadores, que leva uma vida desregrada, acaba reforçando uma banalização do sexo que incomoda. Em um filme com tanto conteúdo edificante, essas escolhas de roteiro poderiam ter sido mais equilibradas.
Outro aspecto questionável é o romance entre dois personagens maduros que se comportam como adolescentes inconsequentes. Embora a química funcione em cena, a caricatura de um relacionamento imaturo em personagens mais velhos pode soar forçada e até incoerente. Ainda assim, essas falhas não comprometem o valor maior da obra, que é despertar o olhar do espectador para realidades muitas vezes invisibilizadas.
Em suma, Campeões é um filme leve, bem-humorado e com sensibilidade, ideal para quem busca entretenimento com propósito. Ao mesmo tempo em que diverte, provoca reflexões sinceras sobre inclusão, respeito e superação. Uma comédia dramática que nos lembra que, às vezes, vencer não se resume a ganhar o jogo, mas ultrapassar os próprios limites. Vale o play — e, quem sabe, uma nova forma de ver o outro.
- Campeões
- 2023
- 123 minutos
- Indicado para maiores de 12 anos
- Disponível no Prime Video
