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Robert De Niro, que ganhou o Oscar de Melhor Ator por “Touro Indomável”
Robert De Niro, que ganhou o Oscar de Melhor Ator por “Touro Indomável”| Foto: MGM/Reprodução

Filmes baseados em histórias reais, mesmo quando imperfeitos, são capazes de deixar o espectador curioso para saber mais, ou pelo menos reflexivo sobre sua própria vida. Esse é o caso de Touro Indomável, clássico dirigido por Martin Scorsese, que acabou de chegar ao streaming da Brasil Paralelo e já estava disponível no catálogo do Prime Video.

Neste longa de 1980, acompanhamos a trajetória do pugilista Jake LaMotta, interpretado por Robert De Niro, um homem bruto que parece viver pela violência. Quando não está fazendo isso no lugar certo, durante lutas nos ringues, é ignorante com sua esposa e demais familiares. Sua figura não poderia ser mais distante daquela de Rocky Balboa, o boxeador fictício encarnado por Sylvester Stallone nos cinemas quatro anos antes.

Enquanto o personagem de Sly reforça que a maior virtude de um boxeador é se superar e melhorar por meio de seus treinamentos e relacionamentos, o “touro” de De Niro é um homem que não demonstra nenhum interesse nisso. Essa questão fica nítida na cena em que LaMotta vê sua esposa, Vicky, conversando com um oponente e decide partir para cima dele de maneira cruel, em um ataque de ciúme infundado.

“Você nunca me derrubou” 

Baseado na autobiografia de LaMotta, Touro Indomável é uma tragédia. Por escolher o caminho da brutalidade, o lutador consegue se afastar de todos, inclusive seu irmão Joey, um homem imoral com conexões com a máfia. Isso logo leva o espectador a entender que não verá um final feliz ou uma redenção. A carreira do pugilista vai imbicando para baixo e culmina na perda de seu título para o lutador Sugar Ray Robinson. Esta última luta escancara a ignorância do personagem de De Niro. Mesmo perdendo, seu ego continua inflado enquanto declara “você nunca me derrubou”, com a cara destruída pelos socos do adversário.

Em cenas como essa, Touro Indomável justifica como conseguiu ser uma das principais presenças no Oscar de 1981, com indicações a oito prêmios – De Niro levou para casa a estatueta de Melhor Ator, vencendo gigantes como Robert Duvall e John Hurt, que estava impecável como o protagonista de O Homem Elefante. Curiosamente, ambas as películas foram rodadas em preto e branco, mas por motivos diferentes. No caso de Touro Indomável, Scorsese tomou essa decisão motivado pela cor das luvas, que estavam erradas para a época em que se passa o filme. O cineasta também já afirmou que elas simplesmente pareciam estranhas na versão em cores. Como ele mudou a versão ao longo dos anos, não se sabe o motivo exato.

Independentemente disso, a escolha é acertada e, além de deixar a produção esteticamente única, ajuda o espectador a entender a tristeza, a falta de um colorido na vida trágica de LaMotta, que acaba o filme como um comediante de stand-up sozinho. Mesmo que seu personagem principal seja um péssimo exemplo de ser humano, assistir ao longa-metragem lançado há 43 anos é um bom convite para refletir sobre seus próprios defeitos e buscar um aperfeiçoamento.

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