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 | Átila Alberti / Tribuna do Paraná/
| Foto: Átila Alberti / Tribuna do Paraná/

Eles divertiram e emocionaram ao longo de todo o ano de 2018. Confira a história de nove cachorros de Curitiba e região cujas histórias, de tão bacanas, acabaram virando notícia na Gazeta do Povo.

Bandida, a estilosa da XV

Aniele Nascimento / Gazeta do Povo

Em junho, foi a vez da cadela Bandida chamar a atenção. Flagrada pela repórter fotográfica Aniele Nascimento, da Gazeta do Povo, passeando pelo calçadão da Rua XV de Novembro, no Centro, de gorro e bluzinha para se proteger do inverno curitibano. Após a publicação da imagem, a leitora Suemir Cornelsen mandou mensagem à redação da Gazeta contando a real história da cadelinha. Bandida pertence a um das pessoas carentes ajudadas por um grupo de voluntários que doou comida e roupas a 50 moradores de rua de Curitiba e seus cães.

Ao todo, o grupo confeccionou 30 roupinhas para os cães, que foram distribuídas no Centro de Curitiba. Os donos dos animais também receberam roupas, cobertores e alimentos. De acordo com a esteticista Cláudia Aparecida De Ciccio, de 53 anos, as peças que aqueceram os cachorros no frio foram preparadas por duas costureiras voluntárias. “Elas doaram seu tempo e talento para que esses bichinhos também recebessem a atenção que merecem e não sofressem no frio”, disse.

Pitoko, o fura-catraca do rolê

Reprodução Facebook

O sumiço de um cachorro movimentou o terminal de ônibud do Barreirinha em Curitiba, em julho, durante a Copa do Mundo. Pitoko, um dos três vira-latas que vive no terminal e que perdeu a visão de um dos olhos anos atrás, se assustou com o barulho dos fogos de artifício da final da Copa, entre França e Croácia, e entrou em um ônibus que estava parado para embarque. O ligeirinho Barreirinha-Guadalupe saiu instantes depois com o animal dentro.

O passeio deixou todos os cuidadores dos cachorros do terminal preocupados, mas Pitoko pareceu não se importar. Depois de passar a tarde andando pelas ruas do Centro de Curitiba, voltou para o terminal da mesma forma que partiu: em um ônibus da mesma linha, como se nada tivesse acontecido.

Lika, a heroína dos Bombeiros

Corpo de Bombeiros

Os bombeiros de Curitiba ficaram de luto em julho com a morte da cadela Lika, um dos primeiros cachorros treinados na corporação para operações de busca. Especialista em busca de pessoas submersas em escombros - como em desabamento de prédios -, a labradora de 12 anos estava aposentada desde 2013, quando passou a representar o Corpo de Bombeiros em atividades terapêuticas, como em hospitais e asilos, além de campanhas de aproximação da corporação com o público em escolas e eventos.

Lika entrou para o Corpo de Bombeiros ainda filhote em 2006, quando foi formado o Grupo de Operações de Socorro Tático (Gost), unidade especializada em ocorrências de busca e salvamento. A cadela da raça labradora encaixou perfeitamente no perfil de cão de que o Gost precisava. “A Lika era extremamente obcecada pela busca. Era muito brincalhona e tinha muito energia, exatamente o que um cão precisa para fazer trabalhos de buscas, já que uma ocorrência pode durar o dia todo”, explica o tenente Fellipe Pacheco, o primeiro condutor da cadela no Gost. “A Lika, sem dúvida, foi um dos melhores cães da corporação”, enfatiza Fellipe, que trabalhou com a labradora por quatro anos.

Doc, o segurança do shopping

Sheila Cordeiro Abage/Colaboração

Um cachorro perdido de aproximadamente 14 anos conquistou uma vaga na equipe de segurança do Shopping Palladium, no bairro Portão, em Curitiba. Sem precisar levar currículo ou fazer entrevista, o animal já velhinho invadiu a área de carga e descarga do estabelecimento , a doca, e atraiu a atenção dos funcionários na primeira semana de agosto. Ele foi chamado de Doc, ganhou uniforme e até crachá.

Quem encontrou o cão foi o porteiro Sergio Bonifácio, de 46 anos. “Eu vi o cachorro entrar no shopping pela portaria e tomar uma água bem suja que tinha ali. Tentei levá-lo para fora, mas ele voltou”, disse. A insistência do animal e a aparência de cansaço fez com que Sérgio entrasse em contato com alguns funcionários do shopping e pedisse ajuda para encontrar os responsáveis pelo cão.

Como não encontraram o dono, Doc ganhou uma casinha com cobertor e colchonete na doca. De quebra, ainda foi presenteado com um colete com a inscrição “segurança” para se proteger do frio. “Como ele ficaria com a equipe de segurança, seria bom estar uniformizado”, brincou o gestor de segurança do Palladium, Luiz Henrique do Nascimento.

Após dez dias de expediente, Doc ganhou um novo lar. Yago Fernando Gonschoroski, 26 anos, funcionário de uma loja do shopping, o adotou. “Peguei muito amor pelo Doc. Por isso, conversei com minha namorada e resolvemos cuidar dele”, revela, Yago.

Totó, o cão investigador

Átila Alberti/Tribuna do Paraná

O vira-lata Totó virou celebridade em setembro no bairro Atuba, em Curitiba, após auxiliar investigações da Polícia Civil ao encontrar ossos humanos. Em menos de um mês, o cachorro de apenas um ano levou para a casa um crânio e um braço. E, embora as estranhas descobertas do cão-detetive pareçam cena de cinema, elas foram ainda mais surpreendentes para o dono do animal.

“Quase enfartei”, relembra aos risos o pedreiro Adir Carlos dos Santos Pires, de 53 anos. Segundo ele, da primeira vez, Totó apareceu brincando com um objeto estranho junto com os outros três cachorros da família e ele não deu muita importância para o fato até perceber o que era o tal brinquedo. “Vi que era uma bola, só que mais achatada. Quando fui tirar deles, me dei conta que era um crânio”, recorda.

Na segunda vez, o achado ligou o alerta nos investigadores da polícia. Segundo Adir, na primeira ocorrência a polícia não chegou a fazer uma varredura na região porque não havia indícios que de se tratava de um homicídio. Contudo, quando Totó apareceu com o braço tatuado, a situação mudou. “Como era um braço, eles fizeram uma varredura e encontraram as outras partes”, conta o pedreiro, que chegou a acreditar que se tratava apenas do osso de algum animal.

O luto de Raika

Divulgação Bope

Em setembro, o lamento da cadela Raika comoveu os mais duros dos policiais militares. No velório de Skiper, cão de dois anos que estava em fase final de treinamento no Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), a cadela se despediu de forma emocionante do companheiro de canil. Na foto que viralizou nas mídias sociais, ela aparece com a pata em cima do corpo de Skiper, como que se despedindo, durante o velório em um crematório animal em Colombo, na região metropolitana de Curitiba.

Os dois cães e seus condutores treinavam juntos na Companhia de Operações com Cães (COC). Quando ela entrou na sala e viu Skiper no velório, foi direto até ele e colocou a pata no cachorro. “Ninguém pediu para ela fazer aquilo, ninguém consegue explicar”, emocionou-se o tenente Marcelo Henrique Hoiser, sub-comandante da COC. Skiper era um pastor belga malinois, assim como Raika, raça bastante utilizada pela PM. Ele chegou ao Bope com dois meses e estava finalizando o treinamento com seu condutor.

Para homenagear cães como Skiper, mortos a serviço da PM e do Corpo de Bombeiros, um memorial foi erguido no crematório de Colombo em dezembro. “Essa demonstração de respeito enobrece ainda mais a atividade dos cães na Polícia Militar e no Corpo de Bombeiros”, enfatiza o tenente-coronel Hudson Leôncio Teixeira, comandante do Bope .

Catatau, o cão herói

Reprodução Facebook

Uma tentativa de assalto a um grupo de vizinhos, em setembro, só não acabou em tragédia no bairro Novo Mundo, em Curitiba, graças a Catatau, o cachorro de uma das vítimas, que atacou o ladrão.

O grupo conversava quando um dos moradores foi abordado por um assaltante armado, que chegou correndo e ainda ameaçou as vítimas exigindo que entregassem um dos carros que estava estacionados no local. Enquanto o suspeito apontava o revólver na direção dos moradores, Catatau avançou nele. Assustado, o ladrão atirou no cachorro e fugiu. A ação foi registrada pelas câmeras de segurança da casa onde o grupo estava reunido. Catatau foi levado ferido a uma clínica veterinária, passou por cirurgia e se recuperou.

O pit bull alcagueta

Polícia Militar do Paraná

Sem querer, um pit bull acabou entregando o dono à polícia em outubro, em Fazenda Rio Grande, região metropolitana de Curitiba. Três PMs patrulhavam o bairro Nações por volta das 9h quando viram o cachorro de grande porte brigando com um vira-lata na rua. “O pit bull estava mordendo o pescoço do outro, que já estava morto”, relata o soldado Fabrício Marques.

Os policiais militares tentaram então achar o dono do pit bull, mas acabaram encontrando muito mais. Ao perceberem que a casa em frente de onde ocorreu a briga dos cachorros estava com portão aberto, os PMs desconfiaram que o pit bull vivia ali. Mas também desconfiaram de outra coisa ao sentir o forte cheiro de maconha vindo do imóvel. A surpresa foi constatar que o dono do animal tinha em casa 213 kg de maconha, o equivalente a quase R$ 200 mil.

“No máximo, imaginávamos que ali moraria um usuário e que ele estaria consumindo o entorpecente. Não que faríamos a maior apreensão este ano na cidade”, afirma o PM Marques, agradecido pela ajuda do pit bull.

Duna, a sobrevivente

Átila Alberti/ Tribuna do Paraná

O incêndio que destruiu casas após o assassinato de um policial militar, levou medo à Vila Corbélia, na Cidade Industrial de Curitiba, em dezembro. Mas a imagem do morador Rafael Mendes, 30 anos, abraçado à cadela Duna no dia seguinte ao incêndio levou esperança à comunidade.

Enquanto caminhava pelos escombros, Rafael reencontrou a cadela que achava estar morta. Ele se abaixou e a abraçou cheio de emoção. “Meu abraço nela foi como se estivéssemos nos despedindo desse lugar, eu e ela, juntos mais uma vez. Porque ela sempre esteve comigo e com minha família e agora não vai ser diferente”, explicou Rafael, em meio às lágrimas.

Por causa do incêndio, Rafael decidiu que não vai mais morar na invasão. “Estava há um tempo juntando dinheiro e poupando, porque realmente queria sair daqui. Planejava sair porque não é o futuro que eu queria dar aos meus filhos, não foi isso que sonhei, então meus planos foram só antecipados”, comentou ele, explicando que iria se abrigar na casa da sogra até encontrar uma nova casa, recusando até mesmo ajuda da Fundação de Ação Social (FAS) da prefeitura. “Tem gente que precisa muito mais do que eu aqui. Está tudo bem”, resignava-se em meio aos escombros, junto com duna.

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