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A cena de uma agente de trânsito usando libras para orientar um motorista surdo em Curitiba viralizou semana passada. O vídeo foi postado quinta-feira (8) no Facebook da prefeitura e teve 2,3 mil compartilhamentos até a manhã desta segunda-feira (12). O vídeo foi feito um dia antes de ser postado, na quarta-feira (7), quando a agente Claudia Claudiano Moreira, 38 anos, orientou o motorista surdo em uma blitz educativa no bairro Portão.

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Claudia, que sabe libras em nível intermediário, foi chamada por uma colega que abordou o motorista surdo durante a blitz. "Ela já sabia que eu sabia a linguagem e pediu para eu passar as informações a ele. De maneira bem sucinta, disse que é proibido mexer no celular, tomar cuidado com a velocidade e outras orientações padrões", conta a agente de trânsito.

Esta foi a primeira abordagem em blitz que Claudia usou a linguagem em libras. “Eu fiquei muito feliz e deu para ver que o motorista estava surpreso em ver que eu sabia falar com ele. Logo que o carro partiu, dei vários pulos de felicidade”, relembra a agente.

Essa não foi a primeira vez que Claudia usou a linguagem de libras no trabalho. Há três meses, ao abordar um motorista que estacionou o carro sem acionar o pisca-alerta, percebeu que ele também era surdo. “Quando me aproximei, vi que ele gesticulava com as mãos dizendo que era deficiente auditivo. Assim, consegui orientá-lo na hora que naquele local precisava pisca-alerta”, conta.

O conhecimento em libras, no entanto, surgiu do próprio interesse da agente. “Sempre gesticulei demais e fiquei curiosa sobre a comunicação por gestos. Nisso, comecei a ver vídeos na internet sobre libras. Para conhecer o básico”, diz Claudia.

Querendo aprender mais, procurou ajuda profissional e se inscreveu no Núcleo de Ensino de Libras da Universidade Federal do Paraná (UFPR) em 2018. Hoje, Claudia está no ensino intermediário do curso que dura três anos e vai até o nível avançado. “Depois que conheci essa comunidade, percebi que mesmo tendo uma deficiência, eles têm uma linguagem própria. Nós que não acompanhamos isso”, constata.

Para Claudia, isso reflete uma falha na sociedade. “Uma vez, um cidadão reclamou que um homem estacionou o carro em uma vaga para deficiente, mesmo ele tendo credencial. Quando chamei o motorista, na frente do cidadão, ele notou que ele era surdo e poderia estacionar na vaga. As pessoas precisam entender que para estacionar nessas vagas não é preciso que a pessoa tenha uma deficiência motora necessariamente”, reflete a agente.

Incentivo

Para incentivar os colegas a aprender o básico para se comunicar com deficientes auditivos, Claudia chega no trabalhando falando em libras. “Às vezes eu chego no trabalho dando oi em libras. Acho importante que meus colegas saibam como se comunicar dessa forma como eu”, conta Claudia.

A Superintendência de Trânsito de Curitiba (Setran) está elaborando um projeto de inclusão com motoristas, ciclistas e pedestres deficientes. Entre as iniciativas previstas está estender noções básicas da linguagem de libras para mais agentes de trânsito.

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