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 | Atila Alberti/Tribuna do Parana
| Foto: Atila Alberti/Tribuna do Parana

Apesar de ter destruído tudo, as chamas altas do incêndio não mataram e nem machucaram ninguém na Vila Corbélia, na CIC, entre a noite de sexta-feira (7) e madrugada do último sábado (8). Enquanto a reportagem caminhava pelos escombros, de longe foi possível ver a preocupação de um homem, que parecia estar buscando por algo entre o que sobrou do fogo e realmente estava. Quando encontrou, Rafael Mendes, de 30 anos, tratou logo de se abaixar e abraçar como se parte dele estivesse ali, junto novamente. Era sua cachorrinha, Duna.

“Meu abraço nela foi como se estivéssemos nos despedindo desse lugar, eu e ela, juntos mais uma vez. Porque ela sempre esteve comigo e com minha família e agora não vai ser diferente”, explicou Rafael, em meio às lágrimas.

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No momento do incêndio, Rafael estava trabalhando na empresa onde atua como operador de máquina. “Minha esposa me ligou e disse só que tínhamos perdido tudo. Naquele momento eu perdi também o chão”, contou o homem, que vivia com a esposa e os dois filhos no local.

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Atila Alberti/Tribuna do Parana

Em meio às lágrimas e com sua fiel companheira o acompanhando por onde andava, Rafael não lamentava por ele, mas sim pelas outras pessoas. “De tudo que falam sobre a gente, uma coisa é certa e eu posso afirmar a você: ninguém mora aqui porque quer”, explicou. Entre os que conversaram com a reportagem, o operador de máquina foi o único que não se importou em ser identificado. “Não sou bandido, nem eu e nem boa parte das pessoas que moram aqui. Diria que 90% de quem vivia nas casas que agora foram destruídas eram pessoas de bem, que trabalhavam e lutavam por algo melhor, mas que por inúmeros motivos foram forçadas a estar aqui. É difícil entender isso quando se tem tudo em casa”.

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Por causa do incêndio, Rafael decidiu que não quer mais voltar a morar na invasão. “Estava há um tempo juntando dinheiro e poupando, porque realmente queria sair daqui. Planejava sair porque não é o futuro que eu queria dar aos meus filhos, não foi isso que sonhei, então meus planos foram só antecipados”, comentou ele, explicando que iria se abrigar na casa da sogra até encontrar uma nova casa e recusando até mesmo ajuda dos representantes da Fundação de Ação Social (FAS), que estavam no local. “Tem gente que precisa muito mais do que eu aqui. Tá tudo bem”.

O incêndio aconteceu depois que um policial militar foi morto durante a tentativa de abordagem, na madrugada de sexta-feira. Segundo a Polícia Militar (PM), o policial chegou acompanhado de um colega de viatura, para atender a uma solicitação de perturbação de sossego e foi baleado ao verificar uma moto parada.

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