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Maquete mostra como deve ficar o projeto final da mesquita | Aniele Nascimento/Gazeta do Povo
Maquete mostra como deve ficar o projeto final da mesquita| Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo

A comunidade muçulmana de Curitiba vai ganhar uma nova mesquita, cujo projeto foi inspirado em um dos mais icônicos cartões-postais da capital, o Jardim Botânico. O templo ainda não tem um local definido, mas a expectativa é que ele seja erguido em um terreno próximo ao Hospital Cajuru, no bairro Cristo Rei, para praticantes da vertente sunita do Islã na capital, que cresceu com a chegada recente de mais migrantes e também de refugiados árabes.

As tratativas para a ocupação do terreno onde será erguido o templo começaram a ser costuradas na última terça-feira (12), em uma reunião na prefeitura municipal.

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De acordo com o Centro Islâmico Beneficente do Paraná (CIBP), a prefeitura deve ajudar a viabilizar um terreno onde seja permitida a construção da mesquita. O terreno oficial do CIBP hoje, na Rua Hildebrando de Araújo, no bairro Jardim Botânico, não permite a implantação de espaço de práticas religiosas por ser área residencial. Por isso, a entidade espera que a prefeitura dê sinal verde para uma permuta entre os endereços – sem qualquer prejuízo para os cofres públicos.

“O projeto é de uma mesquita com elementos da cultura árabe, oriental, junto com características mais modernas inspiradas no Jardim Botânico de Curitiba “, descreveu o vice-presidente do CIBP Yasser Hassan.

Segundo ele, a inspiração para incorporar elementos de um dos principais cartões-postais da capital paranaense ao espaço sagrado dos muçulmanos vem do que ocorre em outras partes do mundo. “Na China, as mesquitas têm algo da cultura deles. É assim em todo o lugar. E Curitiba agora está nos unindo e achamos importante fazer com que o aspecto moderno fizesse lembrar a cidade”, acrescentou Hassan.

Até que o local da nova mesquita seja definido, não há como prever uma data para a inauguração. No entanto, a previsão é que as obras, após iniciadas, sejam concluídas em até dois anos.

Sunitas

O novo templo de Curitiba servirá aos seguidores do rito sunita do Islã, que hoje também frequentam a única mesquita da capital, no bairro São Francisco, de vertente xiita. Embora coexistam e mantenham em comum algumas práticas fundamentais, as duas linhas – as mais importantes do islamismo – diferenciam-se há séculos em relação a maneiras de interpretar os textos sagrados.

Conforme o CIBP, as práticas diárias sunitas reúnem cerca de 200 pessoas em Curitiba atualmente. Mas o número vem se expandido com a chegada de migrantes e refugiados fora do eixo Síria-Líbano — que fez do Paraná o estado com a maior comunidade muçulmana do Brasil. Hoje, além de sírios e libaneses, egípcios, líbios, argelinos, mauritaneses, marroquinos e ganeses ajudaram a crescer a lista de muçulmanos na capital.

“Nós não trazemos os problemas lá de fora. A nossa mesquita é sem discriminação alguma. A nossa identidade aqui, o que nos junta no Brasil e em Curitiba, é o islamismo”, ressalta o vice-presidente do CIBP.

Para Sheik Rodrigo Rodrigues, a chegada da nova mesquita em Curitiba ocorre em uma boa hora para ajudar ‘reformatar’ a imagem da cultura islâmica – muito prejudicada com o aumento de ataques radicais na Europa. Na capital, embora a islamofobia seja mais “velada”, como definem os próprios muçulmanos, já houve casos preocupantes. Em 2015, logo após os atentados em Paris, duas mulheres muçulmanas foram agredidas na cidade, ocorrência que chegou a ser repudiada pela seção paranaense da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-PR).

“A comunidade cresce, mas também cresce essa diversidade. E isso nós vemos como um benefício para a comunidade muçulmana local, do Brasil inteiro. Queremos que a nova mesquita ajude a fazer prevalecer a mensagem de que ser muçulmano não tem nada de estranho, não tem nada de diferente”, finaliza o Sheik.

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