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A derrubada de dois pinheiros durante obras de revitalização da Praça Coronel Alexandre Mafra, popularmente conhecida como Praça Central de Guaratuba, no Litoral do Paraná, gerou revolta da população na última sexta-feira (26), quando as árvores foram cortadas. Os moradores reclamaram com a prefeitura pelas redes sociais – e até pessoalmente – que elas eram centenárias e pertenciam ao conjunto visual do local. A prefeitura se defendeu afirmando que os pinheiros estavam condenados e que prepara um laudo técnico para explicar a derrubada das árvores.

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Um morador indignado com a atitude da prefeitura afirmou que, na hora da ação, sua casa chegou a tremer de tão enraizados que estavam os pinheiros. “Eram árvores centenárias, com os troncos grossos”, reclama o morador, cuja casa fica a poucos metros da praça. “Nem os ninhos de tucanos que elas tinham foram levados em consideração. Não houve resgate das aves, nem nada. Simplesmente cortaram”, disse.

Já o comunicador Octavio Akawan, 23 anos, contou que passava pelo local no momento da derrubada, viu o início do corte dos galhos, mas imaginou que era uma simples poda. “Estamos sabendo da reforma da praça, mas ninguém explicou nada sobre cortar os pinheiros. A população ficou vendida na história”, apontou.

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Conforme explicou a regional do IAP de Guaratuba, a ação da prefeitura não foi irregular porque os pinheiros eram considerados exóticos, ou seja, não eram nativos do local. Por isso, autorização ou licença não eram necessárias para o corte das árvores. Mesmo assim, segundo o próprio IAP, depois que as árvores caíram, muitos moradores de Guaratuba foram reclamar na sede do órgão.

A espécie de pinheiro posta abaixo pela prefeitura é conhecida no Brasil como pinheiro-de-cook (Araucaria columnaris). Ela apresenta tronco geralmente inclinado, com a copa colunar e estreita.

Por mais que se tratassem de árvores não-nativas, o assunto repercutiu de tal forma na internet que o prefeito Roberto Justus (DEM) se pronunciou nas redes sociais. Ele comentou a postagem da Rádio Guaratuba, veículo de comunicação local que deu a notícia da queda dos pinheiros pelo Facebook. No comentário que fez, Justus insistiu na justificativa de que as árvores derrubadas não eram nativas e estavam condenadas, pondo em risco a segurança das pessoas. Ainda no texto, o prefeito aproveitou para mencionar o projeto de revitalização da praça. Ao mesmo tempo em que elogiou os trabalhos, acabou destacando a criminalidade no local, misturando no mesmo balaio moradores de rua, usuários de drogas e punguistas. “Deixo registrada a minha expectativa de que a praça vai ficar linda, acessível, iluminada. Deixando de ser um local de mendigos, drogados e batedores de carteira para voltar a ser um local de convívio social e atração turística”, publicou.

Segundo a prefeitura, os pinheiros não eram indicados para praças e tinham características – altura e ausência de copa – que levaram a Secretaria do Meio Ambiente a optar pelo corte. O município afirmou ainda que eles serão substituídas por árvores nativas. Após a publicação da reportagem, a nota enviada pela prefeitura de Guaratuba foi atualizada. Confira a nota na íntegra.

Obras na praça de Guaratuba

A revitalização da Praça Coronel Alexandre Mafra ficou a cargo de três escritórios de arquitetura de Florianópolis, que venceram um concurso público nacional criado em junho de 2018. O certame foi organizado pela regional paranaense do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB-PR) e contou com apoio do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Paraná (CAU/PR).

Ao todo serão investidos R$ 750 mil nas obras, com repasse do Ministério do Turismo. Nas redes sociais, porém, a nova ideia para a praça gerou polêmica entre os moradores da cidade, desde a sua concepção, por não prever banheiro ou academia ao ar livre.

Nota da prefeitura de Guaratuba na íntegra

“O Projeto de Revitalização da Praça Cel. Alexandre da Silva Mafra, conhecida como Praça Central de Guaratuba, foi aprovado através de Concurso Nacional de Projetos, que contemplou inclusive a realização de audiências públicas.

O principal objetivo do projeto é preservar o acervo histórico e cultural da cidade, valorizando o comércio do entorno da praça, atraindo mais turistas ao centro histórico, proporcionando segurança e acessibilidade. O projeto conta com estudo paisagístico e se preocupou em manter as espécies nativas da região, oriundas do Bioma da Mata Atlântica.

Em relação à arvore que está sendo questionada, conforme registrado na nota técnica da Secretaria do Municipal do Meio Ambiente, teve sua remoção autorizada pelos órgãos responsáveis porque se trata de um Pinheiro de Norfolk, espécie exótica, sem restrição ambiental de corte, contra-indicada para implantação em praças, especialmente em razão de sua altura e ausência de copa.

A árvore será substituída por outras, nativas da nossa região. Serão mais de 33 unidades, tais como oito Jacarandás-mimosos, quinze Capororocas e dez Goiabeirasserranas, restaurando não somente a flora local, mas também a fauna ao atraindo as aves da região.

Outro fator importante e que merece destaque é o fato que, ao contrário do que está sendo dito, não se trata de uma árvore centenária, pois foi plantada após a década de 60, quando então a única vegetação existente eram cinco palmeiras e nada mais, como se depreende da fotografia histórica da Praça.

Desta forma, a supressão da referida árvore não causa impacto ambiental nem tampouco fere a cultura histórica local, vez que, com já destacado, nem sequer é uma espécie nativa do litoral”.

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