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Das quase 30 abordagens realizadas nesta sexta-feira, apenas quatro pessoas aceitaram acolhimento | Aniele Nascimento/Gazeta do Povo
Das quase 30 abordagens realizadas nesta sexta-feira, apenas quatro pessoas aceitaram acolhimento| Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo

Uma operação da Fundação de Ação Social (FAS), da Guarda Municipal e do Departamento de Limpeza Pública da Prefeitura Municipal de Curitiba abordou cerca de 30 moradores de rua na manhã desta sexta-feira (28) na Praça Tiradentes. Apenas quatro aceitaram acolhimento. Além disso, as forças de segurança recolheram o alvará de soltura de um homem de 26 anos que ainda tem pendências com a Justiça e fugiu.

A operação ocorre pelo segundo dia consecutivo e foi motivada por denúncias dos comerciantes da Tiradentes. De acordo com a FAS, a central telefônica da prefeitura (156) recebe em torno de oito ligações por dias com denúncias de uso excessivo de álcool e drogas ilícitas. Na quinta (27), a operação foi conduzida pela ação social, com 32 abordagens e sete acolhimentos. Nesta sexta, a intervenção partiu da Guarda Municipal.

Em junho deste ano, de acordo com a FAS, 26 operações similares a essas aconteceram nas praças Tiradentes, Osório e Rui Babosa. Com a desta sexta, julho já atingiu 30 – contando as 62 abordagens no mesmo local entre quinta e sexta.

Problema recorrente

De acordo com os coordenadores das operações, o esforço conjunto de ação social tenta dar conta de um problema que parece insolúvel.

Segundo Waldemiro Paitra, supervisor da Guarda Municipal, pequenos traficantes de drogas costumam se infiltrar entre os moradores de rua, o que torna o Centro mais violento. “Nós recebemos diversas denúncias de lojistas que não conseguem abrir as suas lojas, pessoas que estão mudando o comércio para outro local”, revela. “Nós lidamos com a seguinte questão: o direito de ir e vir é unânime, mas o direito de permanecer na frente de uma loja, por exemplo, não pode se sobrepor”.

Dez guardas municipais participaram das abordagens desta sexta-feira. Eles ajudam a revistar e recolher os pertences deixados para trás pelos moradores de rua e também entram em contato com a central policial do Estado para averiguar se os moradores de rua são foragidos ou têm mandados de prisão já expedidos.

Guarda Municipal comandou a operação desta sexta-feira (28)
Aniele Nascimento
Gazeta do Povo

Segundo Vanessa Simone Resquetti, gerente da abordagem 24h da FAS, muitas pessoas estão abandonando o comércio de rua por causa disso. “As lojas da Galeria Pinheiro Lima estão fechando. É visível que nós tivemos um aumento desse problema nos últimos três anos. Cresceram principalmente as pessoas que estão em condição de rua por alguns problemas como álcool, dinheiro, família”, explica.

Nesta sexta, apenas quatro pessoas aceitaram acolhimento: um homem pediu para ser encaminhado para uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento) devido ao consumo excessivo de álcool; uma mulher pediu para ser levada para Campo Magro, onde mora a família; e outros dois homens foram encaminhados para o Lar Boa Esperança. A Prefeitura Municipal tem espaço para acolher 900 pessoas, mas as vagas nunca estão totalmente preenchidas.

Outra dificuldade na abordagem, segundo uma educadora social que não quis se identificar, é o oferecimento de auxílio aos moradores de rua por terceiros. “Nós chegamos com a promessa de um bom prato de comida e um bom lugar para dormir. Mas já não os convence mais, porque eles são bem alimentados na rua. Isso os vincula a essa condição”, conta. “Nós trabalhamos para tirá-los dessa condição. Talvez haja uma incompreensão, ainda que as pessoas façam isso na melhor das vontades”.

A experiência do Expresso Solidariedade, inaugurado no dia 29 de junho, segundo as educadoras da FAS, ajuda a conscientizar parte das associações que faziam esse tipo de abordagem. Ele funciona como um refeitório móvel e circula pela cidade distribuindo refeições. “No começo, o índice de aceitação era de três ou quatro. Já saltamos para 18 ou 20 por dia, nós podemos efetuar o cadastro e conhecer melhor essas pessoas”, conta Vanessa Resquetti.

Novos Cras

O prefeito Rafael Greca anunciou nesta quinta-feira (27/7) três novos equipamentos para a assistência social em Curitiba: Centro de Referência da Assistência Social (Cras) no Bairro Alto, ampliação do Cras Vila Verde, na CIC, e a Casa de Apoio São Bento, no prédio do antigo Laboratório Municipal, no Parolin. Curitiba tem 45 Cras, uma das maiores redes do país. Os recursos vieram de uma emenda parlamentar proposta pelo deputado federal Hidekazu Takayama (PSC-PR).

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