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 | Arquivo da família
| Foto: Arquivo da família

Os parentes de dona Maria Marta tinham o costume de lhe fazer o mesmo pedido – que narrasse a saga de sua vinda para o Brasil. A portuguesa da Ilha da Madeira não se furtava do desafio: contava como se fosse a primeira vez o dia em que cruzou o oceano, em 1954, aos 29 anos, vindo parar na Vila Leão, no Portão, em Curitiba.

Seu marido, José Ferreira, chegou ao Brasil tempos antes, com "carta de chamada", como se exigia, para trabalhar no Matte Leão. Quando lhe escrevia, no entanto, pedia que ela esperasse mais um pouco. As vizinhas pronto desconfiaram – "não teria o José arrumado uma morena?"

Decidida, desobedeceu. Vendeu o pouco que tinha, comprou as passagens de terceira classe e embarcou no North King – Marta e os sete filhos. O mais novo, Avelino, ainda de colo, sofria com a saúde frágil. Avisaram-lhe que se o "miúdo" morresse a bordo, seria atirado ao mar, o que bastou para que se agarrasse ao bebê durante toda a viagem. Não permitiria. Assim era a Marta, mulher pequenina, de pacíficos olhos azuis, mas caráter de combatente.

Ao descer no Porto de Santos, estava lá o José. Não havia morena nenhuma. Vítima de uma doença tropical, acabou desenganado pelos médicos, mas fugiu do hospital para receber a Martinha, como a chamavam. Juntos, enfrentaram 12 horas num trem até chegar ao frio e distante Paraná.

José e Marta procuraram o patrão, Ivo Leão. "Um, dois, três...sete. Tudo isso seu Ferreira?", espantou-se o empresário, na fábrica do Rebouças, ao ver a escadinha. "O senhor tem coragem de deixar uma mãe com sete filhos na rua?", devolveu Marta. Não teve. Saiu do encontro com a chave de uma moradia para operários na Vila Leão. Aquele foi seu primeiro anjo. O segundo se chamava Nydia Covas Barrionuevo. O terceiro, Giocondo Artigas.

Em Santos, tinham dito a Marta que vivia aqui uma boa mulher, de nome Nydia, e lhe deram o endereço num pedaço de papel. Seria seu bilhete da sorte. Bateu palmas na mansão da Rua Buenos Aires. Falaram-se no muro. Ganhou uma pilha de panos – que os bordasse e voltasse "dali um mês". Em uma semana a portuguesa estava de volta, com bordados tão perfeitos que levaram a irmã de Mário Covas a recomendá-la à sociedade curitibana. Tornaram-se grandes amigas.

Não houve gente "de berço", como se dizia, que não encomendasse toalhas e lençóis feitos pela "portuguesa do Portão" – Slaviero, Oliveira Franco, Beltrão, Cunha Pereira, Khoury, longa lista. Quando tinham filhos, as mesmas freguesas voltavam à Rua Frei Gaspar Madre de Deus, 688, e pediam babeiros, vira-mantas, mandriões, assim, geração após geração.

Maria Marta teve mais duas meninas. Criou-as e aos outros com o que recebia dos bordados, um negócio do qual mais tarde participaram as noras, outras portuguesas imigradas, e em especial a filha Laurinda, motorista do Fusquinha verde quartel, 1.3, que levava os bordados, e cuidadora da mãe: a portuguesa tinha pouco mais de 40 anos quando passou a ter graves problemas no sistema gástrico. Foi tratada com esmero pelo médico Giocondo Artigas, mesmo sem ter como pagá-lo.

Teve sequelas, mas não era dada a reclamar. Preferia a casa cheia. Tinha gosto de ouvir, de aconselhar e contar histórias, dando continuidade à tradição oral das bordadeiras lusas. Nos últimos anos, surpreendeu ao declamar trovas decoradas na infância, na aldeia das Preces, onde nasceu.

No fundo, nunca se esqueceu da Ilha da Madeira. Descrevia cada caminho, cada freguesia. Sua casa com imenso quintal vivia lotada. A mesa sempre posta e sua presença faziam do lugar um arquipélago de afeto. A Madeira morava no Portão. Viúva, deixa nove filhos (um em memória), 27 netos, 35 bisnetos.

Dia 15 de maio, aos 93 anos, de falência múltipla.

Alberto José Porto, 40 anos. Profissão: auxiliar serviços gerais. Filiação: Alberto da Piedade Porto e Geny Porto. Sepultamento ontem.

Ângela Fernandes, 79 anos. Profissão: do lar. Filiação: Ernesto Timoteo Fernandes e Maria Fernandes. Sepultamento às 16:30 h, Cemitério Padre Pedro Fuss (São José dos Pinhais), saindo da Capela Mortuario da Capela Padre Pedro Fuss.

Audete Sanches Pontes, 59 anos. Profissão: do lar. Filiação: João Geroncio Sanches e Lourdes Matioli Sanches. Sepultamento às 15 h, Municipal Santa Cândida, saindo de Assembléia de Deus Cachoeira/Almirante Tamandaré PR.

Doroti Keune Salles, 70 anos. Profissão: outros. Filiação: Henrique Guilherme Keune e Irene Cooper Keune. Sepultamento às 9 h, Municipal São Francisco de Paula, saindo de Municipal São Francisco de Paula.

Edson Luiz Kochy Santos, 50 anos. Profissão: metalúrgico. Filiação: Nelson Miranda Santos e Estefania Kochy Santos. Sepultamento ontem.

Fernando Alves Vieira, 37 anos. Profissão: operador(a) máquinas. Filiação: João Vieira Neto e Dinair Alves Vieira. Sepultamento ontem.

Francisca Santos Bezerra, 70 anos. Profissão: do lar. Filiação: Raimundo Bezerra e Maria Pereira dos Santos. Sepultamento hoje, Municipal do Boqueirão, saindo da Capela Municipal do Boqueirão - Capela 02 Boqueirão.

Gilberto Luiz Babtista da Silva, 54 anos. Profissão: engenheiro(a) agrícola. Filiação: José Ivo Babtista da Silva e Helena Babtista da Silva. Sepultamento ontem.

Ivone de Jesus Roque, 51 anos. Profissão: do lar. Filiação: Pedro Rosa de Jesus e Maria Martinha Pereira. Sepultamento ontem.

Jeronimo Dubigenski, 85 anos. Profissão: pedreiro. Filiação: Pedro Dubigenski e Nastacia Dubigenski. Sepultamento ontem.

José Teodoro de Oliveira, 80 anos. Profissão: motorista. Filiação: Olímpio Romão de Oliveira e Elisa Olímpia e Oliveira. Sepultamento ontem.

Leni Alves Estefanovski, 75 anos. Profissão: do lar. Filiação: Eduardo Ferreira Alves e Brasilicia Ferreira Alves. Sepultamento ontem.

Luzia Dias Hakim, 86 anos. Profissão: costureiro(a). Filiação: Jesuíno Dias Filho e Olímpia Maria de Jesus. Sepultamento ontem.

Nevio Luiz Silva, 56 anos. Profissão: vendedor(a). Filiação: Arlindo Silva e Arcedilha de Oliveira Silva. Sepultamento às 11 h, Municipal do Boqueirão, saindo da Capela Municipal do Boqueirão - Capela 01 Boqueirão.

Osmar Luiz Bergonco, 64 anos. Profissão: comerciante. Filiação: Natal Bergonco e Carmelinda Fernandes Bergonco. Sepultamento ontem.

Rafael dos Santos Pereira, 25 anos. Profissão: torneiro mecânico. Filiação: Antônio Soares Pereira e Izabete dos Santos Pereira. Sepultamento ontem.

Ruth Kochinski do Nascimento, 75 anos. Profissão: do lar. Filiação: Marta Kochinski. Sepultamento ontem.

Sylvio Benedito Matos, 78 anos. Profissão: pedreiro. Filiação: Anália Matos. Sepultamento às 9 h, Tranqueira, saindo da Capela Anjo da Guarda - Alm. Tamandaré -PR.

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