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 | Arquivo da família
| Foto: Arquivo da família

Nos últimos meses, o funcionário público aposentado Darcy Rosa adotou uma espécie de "tática" para confundir a morte: adiantava o relógio em três horas. A mania foi se instalando aos poucos. Começou com 30 minutos, depois 60, e assim por diante, sem que a família entendesse qual era o sentido daquele ritual: já pontualíssimo, o patriarca acabava fazendo tudo antes do previsto – do despertar à sagrada ida à padaria no meio da tarde.

Quem decifrou a charada foi o neto Márcio Rosa, 37 anos. "Vô, o senhor está confundindo a morte, né? Quando ela chegar, a hora já passou." Riram. Não causa espanto que Darcy tenha tramado um golpe de capoeira na tal da "hora fatal". É verdade que dizia ter saudades da mulher, Maria de Lourdes, de quem era viúvo desde 2007. Mas a vida lhe foi generosa – inclusive em popularidade, em especial no local onde viveu desde guri, a Água Verde. Sem ele, o bairro se despede do passado.

Os Rosas se instalaram nos baixios da Rua Petit Carneiro na década de 1930. Eram ponto de referência. Os homens e mulheres da família bem podiam ser confundidos a um texto de Gabriel García Márquez. Passaram pela velha casa de madeira – agora uma das poucas no estilo em Curitiba – o militar tirânico, pai de Darcy; o desaparecido Jair Rosa – irmão de Darcy; e ele, o sujeito alto e esguio, a quem as mulheres outrora chamavam de "um pedaço". Por ironia, mesmo sendo um tipo calado, Darcy Rosa nunca passava despercebido. Em especial quando tirava uma dama para dançar. Não tinha para ninguém.

Os ofícios que escolheu aumentaram sua fama: foi goleiro do extinto Brithânia F.C.; crooner e percussionista de banda de jazz – destaque da Orquestra Guarani; e sambista, um dos marcos das escolas Dom Pedro II e Mocidade Azul. Em tempos idos, o bairro se dividia em antes e depois da casa do "Dumbo", apelido que carregou por décadas, até virar o "negro Rosa". A dualidade do apelido lhe caía bem. Vestia-se sempre de terno, boina e Ray-Ban – chegou a ser apontado pelo caderno Viver Bem, da Gazeta do Povo, um símbolo de elegância natural. Merecido.

O ganha-pão Darcy Rosa tirou da Secretaria de Estado de Obras Públicas. Nunca deixava de repetir: "Devo tudo ao meu curso de Datilografia", referindo-se ao diploma que o tirou das durezas da construção civil e o colocou num escritório, ao lado da engenheira Enedina Marques, negra como ele. Chegou a ser fiscal na construção do Centro Cívico, na década de 1950. Quando foi aposentado – quase que por decreto –, continuou vestindo o terno e indo a pé até o Centro, às 7 da manhã. "Tinha espírito de andarilho", lembra o neto.

A imagem nunca mudava – além da gravata bem posta, carregava o jornal debaixo do braço e a mão para trás, com um cigarro. As caminhadas foram derrotadas, aos poucos, pelos problemas de coluna. Mesmo assim, meses atrás, era possível encontrá-lo às passadinhas, descendo a Ângelo Sampaio, na contramão dos carros: as calçadas de granito estavam sendo reformadas para a Copa do Mundo. Seu sumiço repentino confirmou o que sempre repetia – "se eu deitar na cama, doente, é para morrer".

Ao neto Márcio – a quem amava como um filho – chegou a manifestar a mágoa de nunca ter sido reconhecido como músico. Bem podia, pois sua carreira seguiu paripassu com a de Raul de Souza e a de Giuseppe Bertollo, o Beppi, para citar dois. Darcy não teve sorte. No auge de sua carreira, passou por problemas emocionais. Foi salvo pelo candomblé. Era de Iansã. Calofé e Ogã nos terreiros. Sua irmã, Orminda, é um dos símbolos da cultura afro em Curitiba. Quis a vida que os palcos fossem devorados pelas horas que perdeu, as horas que mais tarde Darcy quase deu um jeito de dobrar. Deixa as filhas Olinda, Darcy e Conceição, quatro netos e quatro bisnetos.

Dia 3 de julho, aos 85 anos, de causas naturais.

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Abel Nogueira dos Santos, 47 anos. Profissão: carpinteiro. Filiação: Aristides Mangueira dos Santos e Edith Pereira dos Santos. Sepultamento ontem.

Arminda Gama Frangella, 76 anos. Profissão: costureiro(a). Filiação: Antônio Rodrigues Gama e Annunciata Barrela Gama. Sepultamento ontem.

Avandir Ferreira Lemos Lapikoski, 76 anos. Profissão: auxiliar. Filiação: Juvelina Ferreira. Sepultamento ontem.

Beatriz Magedanz Vidal, 1 anos. Filiação: Rodrigo Vidal e Grazielli Magedanz Vidal. Sepultamento ontem.

Cecília de Fátima dos Santos, 57 anos. Filiação: Cândida Rodrigues dos Santos. Sepultamento ontem.

Elias Soares Pimentel, 72 anos. Profissão: carpinteiro. Filiação: Maria Pimentel de Andrade. Sepultamento ontem.

Ercias de Moura Evangelista, 62 anos. Profissão: metalúrgico. Filiação: Eurides Evangelista e Lourdes de Moura Evangelista. Sepultamento ontem.

Generoso Marcondes Ferreira, 94 anos. Profissão: engenheiro(a). Filiação: Octávio Ferreira Pinto e Dalila Martins Marcondes. Sepultamento ontem.

Hana Hamdar Haidar, 58 anos. Profissão: do lar. Filiação: Abdul Karim Husun Hamdar e Amira Hamdar. Sepultamento ontem.

João Vitor Karvoski Blocki, 7 anos. Filiação: Celio Jaciel Blocki e Maraiza Karvoski. Sepultamento ontem.

José Carlos Apolinário de Lima, 48 anos. Profissão: autônomo. Filiação: José Apolinário de Lima e Dirce Pereira de Lima. Sepultamento ontem.

Juventina Rosa Krieger, 95 anos. Profissão: do lar. Filiação: Antônio Rosa e Isabel Alves Ramos. Sepultamento ontem.

Leny Castilho Nascimento, 98 anos. Profissão: do lar. Filiação: Antônio Castilho e Maria Rosa Castilho. Sepultamento ontem.

Liborio Damaso, 82 anos. Profissão: metalúrgico. Filiação: Renero Damaso e Maria Nascimento Damaso. Sepultamento ontem.

Luiz Alves Machado, 76 anos. Profissão: comerciante. Filiação: José Alves Machado e Rosa Alves Machado. Sepultamento às 10 h, Paroquial de Umbará, saindo de Paroquial Umbará.

Márcia Januario Alves Patriani, 31 anos. Profissão: auxiliar. Filiação: Mauro Alves e Loudes Januario Alves. Sepultamento ontem.

Márcia Theisges, 46 anos. Profissão: auxiliar administrativo. Filiação: Bertolino Theisges e Lauda Hillesheim Theisges. Sepultamento ontem.

Maria Aparecida Marques Cândido, 75 anos. Profissão: do lar. Filiação: Joaquim Marques e Ana Marques. Sepultamento ontem.

Maria Osmarinda Pereira, 70 anos. Profissão: do lar. Filiação: Imperansio Pereira e Izabel Machado. Sepultamento ontem.

Maria do Carmo Albuquerque, 65 anos. Profissão: empresário. Filiação: Antônio Guimaroes Kobener e Dolaria Nepomoceno Kobener. Sepultamento ontem.

Maria dos Anjos Alves Poli, 88 anos. Filiação: Antônio Floriano dos Santos e Ernestina Alves dos Santos. Sepultamento hoje, Cemitério Memorial da Vida (São José dos Pinhais), saindo da Cap. Memorial da Vida - S.j.p /PR.

Mário Rogério Haluch, 54 anos. Profissão: servente. Filiação: Faustino Haluch e Djair dos Santos Haluch. Sepultamento ontem.

Matheus Elias de Souza, 19 anos. Profissão: estudante. Filiação: Maria Cristina Pinheiros de Souza. Sepultamento ontem.

Nathalia Adolphina Kaercher, 96 anos. Profissão: do lar. Filiação: Jorge Kaercher e Helena Kaercher. Sepultamento ontem.

Olivo Jader Tissi, 77 anos. Profissão: empresário. Filiação: Francisco José Tissi e Maria Joana Tissi. Sepultamento ontem.

Paulo Alceu Aliski, 75 anos. Profissão: autônomo. Filiação: Paulo Aliski e Cecília Camargo Aliski. Sepultamento ontem.

Sandra Maria Rodrigues Tizzot, 63 anos. Profissão: bibliotecário(a). Filiação: Francisco José Rodigues e Myrthe Cecília Roderjan Rodrigues. Sepultamento ontem.

Tânia Denise Faria Bandeira, 59 anos. Profissão: designer. Filiação: Orlando Faria Bandeira e Elizabeth Faria Bandeira. Sepultamento ontem.

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