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Celso Izidoro.
Celso Izidoro.| Foto: Divulgação

O belo está no simples e no coração puro. A frase repetida pelo artista plástico Celso Izidoro durante a vida reflete não só em seu modo de criar, mas na maneira como viveu por 69 anos. Passou por diferentes fases criativas, pela pintura, escultura e poesia, ensinou pessoas a mergulharem no mundo das telas e como constante tinha o pensamento de que a arte estava acima das questões mundanas. Celso morreu no dia 26 de janeiro após lutar por 16 anos contra problemas renais.

A presença da família sempre foi peça-chave para ele. Criado ao lado de nove irmãos em Itupuranga (SC), onde produziam cebola, adolescente mudou-se para Guarapuava (PR). Com muita luta e valorização da educação dos filhos, os pais sustentaram a família na nova cidade com diferentes negócios, como uma quitanda e uma barbearia. Enquanto isso, o pequeno Celso fazia desenhos com carvão, material acessível para iniciar a trajetória criativa. Seu gatilho para a arte aconteceu na cidade do Centro-Sul do estado, onde a família tem raízes até hoje e onde Celso foi sepultado, e sua concretização aconteceu em Curitiba.

O artista chegou à capital com cerca de 20 anos e se apaixonou instantaneamente. Um dos pontos altos da atuação no local foi a época em que conduziu uma escola artística no Círculo Militar. Além de palco para as aulas, era um ponto de conexão com a comunidade de pintores, escultores, curadores e amantes das artes. Autodidata, no fim da década de 1970 Celso se reunia com um grupo de artistas de diferentes tendências para promover e discutir sobre a arte por livre iniciativa. Foi um dos precursores de salões de arte e movimentos independentes como o “Cheiro de Terra”, ao lado dos jornalistas Paulo e Cristina Esteche e de outros integrantes da cena artística local.

Dizem que um artista inicia a trajetória na arte abstrata e termina na arte abstrata. Com Celso, a tendência também aconteceu. Entre um ponto e outro, passou pelo retratismo – quando pintou a cantora Maysa e um quadro do Papa João Paulo II, que permanece no Vaticano –, pela natureza morta, pelo surrealismo, impressionismo e expressionismo. Recebeu títulos de cidadão honorário em Guarapuava e Curitiba, expôs nacionalmente e no exterior, recebeu prêmios nos Estados Unidos e suas obras compõem coleções particulares ao redor do mundo.

Apesar de já ter trabalhado com escultura antes disso, redescobriu a inspiração durante seu problema renal por meio desta expressão artística específica. É possível perceber uma continuidade entre suas telas abstratas e suas esculturas, feitas com cristais coloridos e uma pequena luz dentro da estrutura. Celso expunha momentos importantes do processo criativo na internet, adicionando uma camada a mais à compreensão de sua obra.

“Ele tinha uma necessidade constante de criar, isso era como alimento para ele, era onde encontrava razão para viver. Colocava harmonia em tudo o que tocava”, conta a irmã Marisol Isidoro. Seu processo criativo era muito particular. O ateliê ficava dentro de uma área de sete mil metros quadrados, cercado por uma natureza que Celso ajudou a compor. O paraíso verde no meio da cidade contava com plantas e árvores que ele plantou nos mais de 20 anos no local, além de um galinheiro, outros animais amados por ele e esculturas em pedra. Antes de falecer, sua maior obra de arte foi o jardim. Era neste santuário, após regar as plantas, contemplar a natureza e fumar um sagrado cigarro, que Celso produzia sua arte, em geral das 16 horas às 2 horas da madrugada, período preferido para fazer aflorar a inspiração. Agora, o objetivo da família é eternizar a arte dele auditando e organizando todas as suas obras.

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