A dificuldade na vacinação contra a febre amarela em São Paulo tem impactado na procura pela imunização em Curitiba. Com medo de que a doença se alastre ainda mais, moradores do estado vizinho estão aproveitando suas passagens pela capital paranaense para garantir doses do imunizante por aqui, onde as filas e a espera não assustam tanto.
É o caso do engenheiro Gustavo Médici, 38 anos, que procurou pela vacina na Unidade de Saúde Ouvidor Pardinho, no Centro de Curitiba, na manhã da última sexta-feira (2). Na cidade a trabalho, ele contou que não pensou duas vezes antes de sair do hotel para se vacinar, já que onde mora, em Americana, no interior de São Paulo, é preciso madrugar na fila para conseguir uma das cem senhas distribuídas diariamente e que só garantem a vacinação para a semana seguinte.
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“A minha cidade nem é área de risco, mas mesmo assim a vacina está em falta, não tem para todo mundo. Como eu viajo bastante por São Paulo inteiro, Minas Gerais, Rio de Janeiro, aproveitei para tomar aqui em Curitiba que está mais tranquilo”, conta o engenheiro, que ao menos uma vez ao mês vem para a capital paranaense. Para receber a dose, Médici teve de fazer um cadastro provisório no posto, procedimento comum para todos que não estão cadastrados.
Espera reduzida
A situação em São Paulo tem feito com que até mesmo estrangeiros busquem a imunização em Curitiba. Em viagem pelo Brasil, o inglês David Caswell descobriu que precisa do imunizante para chegar aos Estados Unidos. “Felizmente um amigo me convidou para visitá-lo em Curitiba e aqui não havia muitas filas. Então eu cheguei e esperei cerca de 40 minutos. Em São Paulo era quase impossível”, comentou o inglês, que se disse surpreso com as filas de São Paulo cheias já às 7h da manhã.
A demora até ser vacinada também fez com que a administradora de empresas Caroline dos Santos, de 32 anos, aproveitasse parte das horas de lazer em Curitiba para procurar um posto e garantir imunização contra a febre amarela. Em aproximadamente uma hora ela conseguiu aqui a dose que tentou por mais de três semanas na cidade de São Paulo. “Depois de algum tempo, as vacinas começaram a acabar em alguns postos e veio a história da vacina fracionada. Estava ficando muito difícil. Como eu já tinha viagem marcada para Curitiba e vi que aqui não tinha nada dessa loucura que estava em São Paulo, pesquisei para saber se podia tomar a vacina numa cidade que não é minha e vi não tinha problema”, relatou.
Prefeitura analisa aumento
A Secretaria Municipal da Saúde de Curitiba confirmou já ter recebido informações pontuais de pessoas de fora da cidade que têm passado por aqui em busca do imunizante. Segundo o Centro de Epidemiologia, essa procura está sendo monitorada, mas, por enquanto, não existe informação de que tenha atrapalhado a vacinação de moradores da capital.
“O que a gente tem a falar é que o SUS [Sistema Único de Saúde] é um sistema universal. Até estamos analisando se essa procura de gente de fora de Curitiba está aumentando, mas para qualquer decisão nossa temos que aguardar alguma diretriz da Secretaria de Saúde do estado”, comentou Alcides Oliveira, diretor do Centro de Epidemiologia.
Em Curitiba, não há mortes registradas por febre amarela e, até o momento, a prefeitura confirmou apenas um caso da doença – contraída por uma mulher de 36 anos que viajou para Mairimporã, na região metropolitana de São Paulo.
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