• Carregando...
 | Aniele Nascimento/Gazeta do Povo
| Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo

A falta de segurança no bairro São Francisco, em Curitiba, tem preocupado moradores vizinhos de um imóvel onde por 47 anos foi a sede de um colégio na Rua 13 de Maio. O tráfico e o consumo de drogas, aliás, foram alguns dos motivos que teriam incentivado a mudança da instituição de ensino para outro endereço no começo do ano. Desde então, o complexo está vazio e passou a sofrer constante invasão e depredação, que se intensificaram nas últimas semanas.

O professor Ivan Alexander Mizanzuk, 35 anos, vizinho do imóvel, conta que há duas semanas a esposa ligou apavorada, pedindo que voltasse para casa por causa de uma invasão. Era noite e a mulher chegou a apagar todas as luzes do apartamento para não ser notada pelos invasores. “Moramos colados à sede e me preocupei. À noite, fica tudo muito escuro ali dentro. De 10 a 15 pessoas estavam escalando as grades da quadra esportiva e quebrando coisas”, aponta.

Veja também: Curitiba tem 154 imóveis abandonados com potencial para virar “mocós

Mizanzuk conta que a esposa postou reclamações das ocorrências nas redes sociais com fotos dos portões do imóvel arrombados. “Depois disso, foram tomadas providências: o portão foi concretado e outros acessos também. Só que não resolveu. Os invasores continuam pulando o muro. Semana passada, ouvimos o que parecia ser barulho de tiros lá dentro”, relata. O professor chegou a ligar para a Polícia Militar (PM) na noite de sábado (6), por volta das 23h.

Aniele Nascimento/Gazeta do Povo

Outra vizinha, a enfermeira Daniela Rocha, 41 anos, diz que se preocupa com uma invasão às residências. “Sempre ouvimos falar dos casos envolvendo invasões em que as pessoas escalam os muros e paredes e entram pela janela”, disse.

Quem trabalha pela região também relata a insegurança. “Foi por volta de 10 dias atrás que a PM pegou um homem ali dentro com um saco cheio de fios roubados”, lembra Odair Braun, pastor do Sínodo Paranapanema, entidade vizinha do imóvel na Rua 13 de Maio. A organização é ligada ao Colégio Martinus, que tem uma das sedes na região e é um dos motivos para a preocupação quanto a possíveis ameaças aos estudantes. “A gente sabe que qualquer local abandonado aqui no Centro gera invasão, então não dá pra deixar assim”, avalia Braun.

Leia também: Prefeitura define regras para isenção na taxa do lixo; saiba como vai funcionar

Já para Izaqueu dos Anjos, que há sete anos é funcionário do estacionamento na esquina contrária à escola, a situação começou a piorar há cerca de dois meses, principalmente nos últmos 20 dias. “Foi nessa época que outro funcionário daqui foi ameaçado com faca na hora de fechar o estacionamento. A região sempre foi mais violenta, mas com um imóvel abandonado só piora”, avalia.

Preocupação dos donos

Os donos do imóvel enfatizam que justamente a falta de segurança no São Francisco, geralmente associada ao tráfico de drogas, foi um dos fatores que levaram a escola a deixar a antiga sede na 13 de Maio. Furtos e assaltos frequentes colocavam em risco professores, funcionários, alunos e as famílias. Por isso, os proprietários do imóvel também se consideram vítimas da insegurança.

Ainda segundo os donos, na tentativa de minimizar o problema, foi providenciado o fechamento de todas as portas externas com blocos de concreto. O imóvel também está sendo esvaziado, com a doação de mobiliário para escolas públicas e entidades assistenciais. Além disso, eles estão em vias de protocolar na prefeitura uma solicitação para demolição de duas partes do imóvel. Isso deve ser feito na semana do dia 15 de outubro.

Aniele Nascimento/Gazeta do Povo

Aliadas a essas medidas, os donos dizem que desde que o prédio foi desocupado, denúncias à PM de invasões e furtos já resultaram em prisões em cinco ocasiões. Mas todos os suspeitos acabaram soltos e o problema continua.

Polícia Militar e Guarda Municipal

A PM informa que não localizou as ocorrências na região relacionadas às cinco prisões de suspeitos. Sobre a ligação para o 190 na noite de sábado, também diz não ter registro. Segundo a PM, diuturnamente o policiamento preventivo é feito no bairro por equipes da 1.ª Companhia do 12.º Batalhão, unidade responsável pela área, incluindo a Rua Treze de Maio. O trabalho é reforçado com por equipes das Rondas Ostensivas Tático Móvel (Rotam) e da Rondas Ostensivas com Apoio de Motocicletas (Rocam).

Ainda segundo a PM, a atuação da polícia se faz em vias públicas. Portanto, aponta a corporação, a responsabilidade de manutenção de imóveis ou propriedades particulares é do proprietário. No que cabe à PM, abordagens a pessoas e veículos suspeitos são feitas. Se for constatado crime, os suspeitos são encaminhados para a delegacia, de acordo com cada caso.

Já a Guarda Municipal (GM) diz que faz rondas constantes e um trabalho frequente no São Francisco. As rondas são feitas com viaturas e motos em ruas 13 de Maio, São Francisco, Paula Gomes, Trajano Reis e Carlos Cavalcanti.

Além disso, a GM disse que tem guardas fixos 24 horas na região do Largo da Ordem, próxima ao São Francisco. Um módulo móvel ou uma viatura ficam de plantão em frente à Igreja Presbiteriana e outra equipe em frente ao Belvedere, nas Ruínas do São Francisco. Os guardas fazem trabalho preventivo e não podem entrar em imóveis particulares, somente em caso de flagrante - ocorrência que ainda não teria sido registrado pela corporação na antiga sede da escola.

Em imóveis particulares, como é o caso, é responsabilidade do proprietário isolar a área e tomar medidas de segurança para evitar invasões, reforça a GM. Quando o município constata que o local está abandonado e pode virar abrigo para invasores, são tomadas medidas administrativas para notificar o proprietário, conclui a GM.

Também procurada, a Secretaria Municipal de Urbanismo (SMU) disse que, realmente, não havia no sistema os registros do pedido de demolição. Como apurou a reportagem, o documento ainda não foi protocolado pelos donos do imóvel.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]