O relato emocionado de uma mãe gerou muita comoção nas redes sociais nos últimos dias. O motivo pode até parecer banal para a maioria das pessoas, mas não para quem possui filhos com transtorno do espectro autista: o segurança de um shopping de Curitiba permitiu que o rapaz fosse até a praça de alimentação junto com seu cão-assistente. Dias após a publicação da reportagem na Gazeta do Povo, o centro de compras identificou o funcionário responsável pela boa ação e o homenageou por meio das redes sociais (leia mais abaixo).
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O episódio aconteceu no último domingo (24), quando a professora Rita de Cassia Zborowski, de 55 anos, foi com seu filho Henrique ao Shopping Curitiba, no bairro Batel. O jovem de 22 anos é autista e anda sempre acompanhado de seu cachorro Freud, um spitz alemão anão que o ajuda a se socializar e a quebrar as barreiras do transtorno. E, por estar acostumada a enfrentar o preconceito em vários estabelecimentos, ela conta que se surpreendeu ao ver a receptividade oferecida pelo profissional.
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“Ele teve a humildade de dizer que não sabia o que era um cão-assistente. Perguntou se era a mesma coisa que um cão-guia, não exigiu nenhum laudo e nos indicou um ponto de menor movimento na praça de alimentação para que o meu filho ficasse mais confortável”, relembra Rita, que diz já ter passado por situações desagradáveis em locais que não aceitaram a entrada do cão. “Isso foi de um carinho e uma receptividade que ficamos sem palavras”.
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Da mesma forma que acontece com cães-guias, pessoas com transtorno do espectro autista têm o direito de andar com seus cães-assistentes, uma vez que eles ajudam no processo de terapia. Segundo a professora, no caso de Henrique e Freud, o animal chegou a ser "receitado" pelo psiquiatra do jovem. "Foi com o Freud que ele começou a sair sozinho na rua", diz.
Com o gesto do segurança, Rita diz que todos ficaram tão impressionados com o gesto que ela decidiu compartilhar o episódio com outras pessoas. “Eu participo de um grupo com mães de crianças autistas e quis mostrar para elas que existem lugares abertos para nós. O próprio Henrique se surpreendeu com a educação do segurança”, diz. Ela decidiu então gravar um rápido vídeo relatando o acontecido e publicar em seu perfil no Facebook.
A postagem emocionada logo se espalhou e viralizou. De acordo com Rita, ela teve retorno de outras mães de vários pontos do Brasil e até mesmo do exterior. “Viralizou porque eu dei esperança para muita gente. Todo mundo já passou por pelo menos um caso de desrespeito e discriminação”, desabafa a mãe. "Meu filho só consegue ir para lugares se levar o cachorro com ele — e ele tem esse direito. E essa situação no shopping elevou sua autoestima".
Passada a surpresa inicial, a professora tentou localizar o segurança para agradecer a atenção, mas não o encontrou mais. E, mesmo sem saber seu nome, disse que quer voltar ao shopping para tentar localizá-lo. “O meu filho quer voltar e entregar um presente para ele”, conta. Ela diz que ainda não sabe exatamente quando e como isso vai ser feito, mas que espera reencontrar o profissional em breve.
Reconhecimento
Não demorou muito para que o segurança fosse identificado como Guilherme da Rocha, de 20 anos. O próprio Shopping Curitiba usou seu perfil nas redes sociais para homenagear o jovem e contar um pouco de sua história. Segundo a publicação, Rocha soube como agir com Rita e Henrique porque sua mãe é professora e já deu aula para crianças autistas. Assim, sabendo das necessidades do jovem, encaminhou a família para um lugar mais calmo na praça de alimentação.
“Não fiz nada demais. Apenas tratei os clientes da forma que eu gostaria de ser tratado” , disse Rocha ao jornal Tribuna do Paraná. O segurança diz que ficou surpreso com a repercussão do vídeo e com o reconhecimento que veio em seguida. "Fui parabenizado pelos colegas e pela chefia. Até dei entrevista para a TV".
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