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Agentes carcerários que foram mantidos reféns na Casa de Custódia de Curitiba. | Reprodução/
Agentes carcerários que foram mantidos reféns na Casa de Custódia de Curitiba.| Foto: Reprodução/

A rebelião na Casa de Custódia de Curitiba (CCC), na CIC, chegou ao fim por volta das 8h desta quinta-feira (5), depois que o último dos cinco agentes penitenciários mantidos reféns foi solto. A rebelião durou cinco dias e, conforme o Sindicato dos Agentes Penitenciários do Paraná (Sindarspen), é a mais longa do sistema carceário do Paraná dos últimos dez anos.

O refém solto na manhã desta quinta era o último de um grupo de agentes carcerários retidos pelos amotinados. O Departamento Penitenciário do estado (Depen) comunicou que, como os demais agentes retidos, ele teve ferimentos leves e foi encaminhado para o hospital por precaução.

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A rebelião ocorria na ala de seguro da CCC, onde ficam presos jurados de mortes por facções criminosas.Ao todo, 172 homens estavam detidos na ala, mas ainda não se sabe quantos deles estão efetivamente ligados à situação.

De acordo com o Depen, policiais do Batalhão de Operações Policiais (Bope), unidade de elite da Polícia Militar, e agentes penitenciários entraram na unidade para fazer uma vistoria geral logo após o fim do tumulto. Detentos foram concentrados no pátio para permitir a contagem dos presos, enquanto uma revista minuciosa foi feita nos cubículos. No fim da manhã, o secretário estadual de Administração Penitenciária, coronel Elio de Oliveira Manoel, disse que não foram encontrados danos na unidade, mas diversos aparelhos celulares e armas brancas improvisadas foram retirados das celas.

A principal reivindicação dos amotinados era a volta de sete presos levados da CCC. Segundo o grupo, eles corriam risco de morte nas unidades para onde foram levados por serem todos de oposição à facção Primeiro Comando da Capital (PCC). Ainda nesta quarta, Omar Campos da Silva Junior, advogado de alguns dos presos, disse que um dos detidos levados já teria voltado para a Casa de Custódio na segunda-feira (2). Outros dois estariam aguardando alta de um complexo médico, enquantro os outros quatro seguiam em presídios de Piraquara, Francisco Beltrão e Ponta Grossa.

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O Depen acrescentou nesta quinta que já havia feito um mapeamento da localização de custódia de presos das principais facções que atuam dentro do presídio e que já estava em andamento a remoção de presos de uma facção que estavam em celas especiais – chamadas seguro – das unidades em que predominantemente custódia detentos de facção rival.

Nos últimos dias do motim, os rebelados já eram mantidos quase sem comida. Desde domingo (1°.), quando tudo começou, eles não tinham água nem energia elétrica. A exceção foi uma entrega de jantar e água nesta quarta-feira à noite (4). A remessa de mantimentos teria sido entregue ao longo da noite, conforme informações de Isabel Mendes, presidente do Conselho da Comunidade, órgão da Execução Penal que atua na integração de presidiários em Curitiba e região metropolitana. Antes disso, os amotinados e reféns estariam dividindo alimentos recebidos pelas últimas visitas de familiares, que aconteceu no domingo.

Indiciados

Segundo o sindicato, o Depen agora busca, com a ajuda de filmagens internas e depoimento dos agentes, identificar quem estava por trás do motim para que eles possam responder por isso. A entidade disse que, pela primeira vez na história, estes presos identificados serão encaminhados direto para uma delegacia da Polícia Civil para serem indiciados por cárcere privado, tortura, e destruição do patrimônio.

“Na verdade, faz muito tempo que a gente reivindica que as agressões a agentes penitenciários sejam documentadas como crime não apenas como uma falta para agravar o cumprimento da pena. A gente sabe que não foram todos que se rebelaram . Uns tomam a frente e outro apenas não fazem nada nem para ajudar nem para atrapalhar. Agora é identificar e fazer com que isso não seja apenas tratado como uma falta”, comentou Petruska Niclevisk Sviercoski , diretora jurídica do Sindarspen.

O Depen ainda não se pronunciou sobre o fato e, até o momento, se pronunciou apenas sobre o uso de celulares pelos amotinados durante a rebelião. A pasta disse que vai abrir um procedimento interno para apurar a entrada dos aparelhos na unidade penitenciária.

Confusão em Piraquara

Um princípio de confusão chegou a acontecer também na Casa de Custódia de Piraquara (CCP), na tarde de quarta-feira (4). Alguns detentos que se encontram nos chamados shelters (abrigos provisórios em contêineres na parte externa da CCP), tentaram fugir, o que gerou um tiroteio, segundo a Secretaria de Segurança Pública do Paraná. Mas a situação logo foi controlada pelos agentes e policiais militares que chegaram em seguida. Não se sabe o motivo da confusão ou se teria relação com o motim na CCC.

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