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Sargento Aylton Souza Silva, de 50 anos, já oerdeu as contas de quantas pessoas salvou em 28 anos de atuação no Litoral durante o verão. | Fotos: Albari Rosa/Gazeta do Povo
Sargento Aylton Souza Silva, de 50 anos, já oerdeu as contas de quantas pessoas salvou em 28 anos de atuação no Litoral durante o verão.| Foto: Fotos: Albari Rosa/Gazeta do Povo

Verão remete a férias na praia para muita gente, mas para o sargento do Corpo de Bombeiros Aylton Souza Silva, 50 anos, é sinônimo de trabalho há quase três décadas. Guarda-vidas recordista de temporadas nas praias do Paraná, há 28 anos seguidos Silva deixa sua casa em Paranavaí, no Noroeste do Paraná, a cerca de 600 km do litoral, para salvar pessoas no mar durante a Operação Verão. Com tantos anos de serviço, ele até perdeu as contas de quantas pessoas já resgatou.

O motivo para tantos deslocamentos, garante o sargento, é o gosto pela profissão. “Entrei na corporação com 20 anos e, assim que pude, fiz o curso de preparação para guarda-vidas para começar a trabalhar na praia”, relembra o sargento, que atuou na praia pela primeira vez com apenas 22 anos e em todas as temporadas se apresentou ao comando da Operação Verão de forma voluntária. Uma curiosidade chama a atenção da primeira temporada do sargento: até se tornar guarda-vidas, ele só havia visto o mar uma única vez.

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Ainda soldado, o sargento fora atraído pela possibilidade de mudar a rotina de trabalho do interior, onde ao invés de sunga, os bombeiros usam farda completa. Mais do que isso, também o atraía a possibilidade de salvar pessoas no mar. “Eu achava o trabalho muito bonito”, afirma.

Aylton entrou para a corporação com 20 anos: até se tornar um guarda-vidas, ele só tinha visto o mar uma única vez.

Inspiração para os colegas

A ocorrência bem-sucedida que mais marcou para a carreira do sargento foi de uma criança salva por ele que acabou virando colega de profissão. “Só fiquei sabendo anos mais tarde que um menino de 10 anos que resgatei aqui na praia de Caiobá acabou virando bombeiro também”, emociona-se Silva.

Cerca de 11 anos depois, os dois se encontraram justamente em uma Operação Verão, quando o colega de corporação contou a história. “Ele chegou e foi bem direto, disse que eu tinha salvado a vida dele”, recorda. Para o sargento, saber que seu trabalho não só salvou uma pessoa, mas também inspirou alguém a se tornar bombeiro é motivo de muito orgulho.

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Infelizmente, o trabalho de guarda-vidas nem sempre é bem-sucedido. Dos banhistas que não conseguiu salvar ao longo da carreira, Silva admite que um volta e meia tira seu sono — uma menina de 12 anos que morreu ao se afogar com a mãe e a irmã gêmea. “ Eu estava sozinho tirando as três da água e uma delas não resistiu. É o tipo de situação que a gente lembra volta e meia quando coloca a cabeça no travesseiro”, admite a frustração.

O sargento diz que é voluntário para a Operação Verão há quase 30 anos porque considera o “trabalho bonito”.

Rotina de disciplina

Resgatar pessoas no mar, no entanto, não é tarefa fácil. Para cumpri-la, é preciso estar não apenas com a atenção redobrada, tanto nos banhistas quanto nas condições do mar, mas também com o corpo em forma. Por isso, dormir cedo, acordar cedo, se alimentar bem e fazer exercícios diariamente fazem parte da rotina de Silva. A disciplina é regra de todo bombeiro, mas o sargento admite que foi na Operação Verão que deu mais importância à esta rotina para poder executar bem seu trabalho. Disciplina que ele conta ter aprendido em uma das 28 temporadas na praia com um bombeiro mais velho que também cuidava do físico com afinco e virou inspiração.

Quanto à parte difícil do trabalho, além de algumas vezes não conseguir salvar algumas, Silva também lida com o dilema de deixar a família em Paranavaí todo fim de ano. Como a participação na operação é voluntária, ele até poderia deixar de comparecer, mas o prazer de trabalhar como guarda-vidas fala mais alto. “Minha esposa chegou a me dar um ultimato este ano: era ela ou era a praia. Eu disse que não tinha como ficar sem vir”, confessa o bombeiro. Apesar do conflito, os dois acabaram entrando em acordo: a esposa passará uma semana na praia com o sargento com dois filhos do casal ainda em janeiro.

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Silva gosta tanto da praia que, admite, mesmo passando o expediente de olho no mar, é para lá que ele volta quando está de folga na temporada. “Quando acaba meu turno, gosto de levar meus filhos para a praia, para aproveitarmos juntos. Não enjoa”, enfatiza.

Depois de tanto tempo, Silva já perdeu as contas de quantas pessoas salvou. De certeza, só o fato de que ano que vem ele fará de volta o trajeto Paranavaí-Litoral. “Quando vai chegando perto do verão, o pessoal do meu quartel já pergunta: quem mais vai para o litoral esse ano além do Aylton?”, diverte-se o sargento.

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