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 | Marco Charneski/Tribuna do Paraná
| Foto: Marco Charneski/Tribuna do Paraná

Depois de passar duas horas presa em uma agência da Caixa Econômica Federal em Curitiba, na noite de quinta-feira (4), a aposentada Roseli Pacce é categórica: agência bancária nunca mais. Com 70 anos, a idosa tem fobia de ficar em lugares fechados, e pretende resolver todas as questões financeiras diretamente em lotéricas a partir de agora. “O que eu passei eu não desejo nem ao meu pior inimigo”, lamenta.

A situação aconteceu às 19h de quinta, na agência Caixa da Av. Presidente Kennedy, em frente à sede social do Paraná Clube. Foi nesse horário que Roseli, sozinha no banco, viu uma porta metálica descer, deixando-a presa do lado de dentro. “O pior é que não tinha nenhum aviso informando o horário de fechamento da agência, e muito menos que uma porta dessas iria descer e me deixar trancada”, conta a idosa, que chegou a tentar segurar a porta e quase ficou com o dedo preso.

O desespero de ficar trancada diminuiu um pouco quando Roseli viu um botão de emergência ao lado da saída da Caixa, com uma orientação de como proceder em casos como esse. O problema de verdade começou quando o botão não funcionou e não havia nenhum informativo de telefone de emergência. “Estava escrito que se isso acontecesse, era para subir no alçapão da agência e puxar uma corrente que abriria a porta. Mas como que eu, com 70 anos, iria subir no forro sem nem uma cadeira?”, reclama a aposentada.

Em seguida, Roseli tentou ligar para os parentes, mas a agência não tinha sinal telefônico a todo momento. Cerca de 10 minutos depois, a idosa viu um carro passando na intenção de entrar na agência, e decidiu acenar para pedir ajuda. Foi a gerente de loja Luciane de Lima, que estava no banco do passageiro, que viu a situação de Roseli e passou a ajudá-la. “Eu liguei para a ouvidoria da Caixa, que fez o alarme da agência disparar no intuito de chamar a agência de vigilância responsável pelo local”, lembra Luciane, que teve de procurar na internet qual era a empresa de segurança que atendia o banco.

Luciane não conseguiu contato com a empresa, e mais de cinco ligações caíram durante as tentativas. Ao tentar entrar em contato com a empresa, a reportagem teve o mesmo problema: foram quatro ligações que caíram no fim da tarde desta sexta-feira (5). A solução, então, foi ligar para a Polícia Militar, que chegou cerca de meia hora depois, ainda antes do vigia da empresa de segurança, que só apareceu por volta de 20h. “Mas polícia não conseguiu abrir a porta, o vigia também não, então o jeito foi chamar o Corpo de Bombeiros”, relata Luciane.

Os bombeiros, então, tiveram de forçar a porta com um pé de cabra, para que uma agente passasse e verificasse o estado de saúde da idosa. “Nessa hora eu estava com a pressão alta e morrendo de sede. Mas logo a bombeira entrou com uma escada, subiu no alçapão e puxou a corrente para abrir a porta”, relata Roseli, que só saiu da agência às 21h, quando a família já a aguardava na porta - além da polícia, dos bombeiros e do vigia da empresa de segurança.

Trauma

Além do susto e do incômodo de passar duas horas trancada, Roseli conta que ficou traumatizada com o episódio. “Só de falar nisso, eu já começo a tremer. Eu não consegui dormir na última. Ficava com o barulho do alarme na minha cabeça, só fui pegar no sono por volta das 5h da madrugada”, explica.

Diabética, conta ter sentido a pressão subir durante as horas de clausura, e por isso ficou com a boca extremamente seca. A idosa também estava sem comer desde o almoço, teve de ficar boa parte do tempo em pé, já que o local não tinha uma cadeira, além de não ter a possibilidade de ir ao banheiro.

Apesar de ainda ter a intenção de continuar sendo cliente do banco, afirma que irá passar longe de qualquer agência enquanto o trauma não for esquecido. “Eu sou cliente Caixa há 12 anos, financiei meu apartamento com eles e tudo. Mas eles precisam resolver essa situação antes que aconteça com problemas de coração, por exemplo, que poderia já ter morrido”, alerta.

Outros casos

Essa não é a primeira vez que alguém fica preso e sem amparo em uma agência da Caixa. Em outubro, um casal também ficou preso em uma agência da Caixa Econômica Federal em Pinhais, na Região Metropolitana. Eles ficaram três horas esperando que policiais militares e bombeiros abrissem a porta para que eles pudessem sair. No caso, a porta de metal também fechou às 19h e, segundo o casal, não havia placas informando o horário de fechamento.

Para Roseli, que recebeu uma ligação do superintendente da agência na manhã desta sexta-feira, “É um absurdo que não tenha nenhum tipo de sistema de proteção para quem fica lá dentro. O botão de emergência precisava funcionar, além de ter um telefone para contato emergencial e orientação do horário de fechamento”, sugere. Quanto a possibilidade de um processo judicial, Roseli ainda não sabe se irá processar o banco e a empresa de segurança.

Contatada pela Gazeta do Povo nesta sexta, a Caixa emitiu uma nota lamentado o caso e informando que já está apurando a situação para checar o que gerou a ocorrência. Segundo a nota, o banco deu suporte à cliente com a presença da equipe técnica até a liberação da porta. O banco, porém, não deu respostas sobre as medidas de segurança adotadas especificamente nesses casos. Não há previsão, tampouco, para melhoria do sistema de alarme.

Colaborou: Cecília Tümler

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