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Lenny Kravitz fez melhor show | AFP PHOTO / Luisa DE PAOLA
Lenny Kravitz fez melhor show| Foto: AFP PHOTO / Luisa DE PAOLA

Quase 1 milhão de unidades vendidas em dez dias. Por este único fato, o iPhone pode ser considerado um dos maiores sucessos da história da indústria eletrônica. Some-se ao estrondoso sucesso comercial os comentários positivos de analistas em tecnologia e o primeiro telefone celular da Apple ganha definitivamente o status de divisor de águas. É possível que, num futuro próximo, o setor de telefonia móvel faça retrospectivas do tipo "antes do iPhone" e "depois do iPhone", usando o marco como referência.

As ações da Apple subiram 4% num único dia e atingiram um preço recorde na quinta-feira passada. Apesar de forte, a valorização repentina não é fruto de mera especulação financeira, afinal, desde o anúncio do iPhone em janeiro, os papéis da fabricante já ficaram 35% mais caros. Os prognósticos para a empresa comandada pela mente brilhante de Steve Jobs não poderiam ser melhores – e eles são justificados pelo lançamento do celular. Na Europa, onde o aparelho só deve chegar no fim do ano, operadoras de telefonia como Vodafone, T-Mobile, Orange e Telefónica estão realizando um verdadeiro leilão para se estabelecerem como parceiras da Apple. Até aqui no Brasil, há rumores de que Vivo e TIM estejam trocando farpas pela exclusividade. E, mesmo que a Apple tenha anunciado que o iPhone não deve chegar à América Latina antes de 2009, as empresas locais de telecom estão fazendo de tudo para fazê-la mudar de idéia.

Mas o que explica tamanha euforia? O que o iPhone tem de tão especial em relação aos demais smartphones, os aparelhos que unem as funções de celular e computador de mão? Os extremamente céticos responderiam à primeira pergunta dizendo que tudo é resultado de uma estratégia de marketing bem arquitetada. Mas, apesar de a propaganda ser um dos pontos fortes da Apple, uma boa dose de qualidade em seus produtos deve ser adicionada à equação. Se não fosse assim, as centenas de milhões de usuários de iPod e iMac ao redor do mundo não dariam a mínima para o iPhone. Ocorre exatamente o inverso.

David Pogue, o jornalista do The New York Times que realizou o teste editorial mais completo do iPhone, escreveu que o aparelho faz jus às expectativas – mesmo que algumas críticas sejam pertinentes. Os dois modelos disponíveis, com 4 GB e 8 GB de capacidade, custam US$ 500 e US$ 600 nos Estados Unidos, respectivamente. Se parece caro num primeiro momento, o valor fica razoável quando se leva em conta que o iPhone integra iPod, recursos de e-mail, navegador da web, câmera com 2 megapixels, funções de organização nos moldes de um Palm, além de um telefone celular.

Com todos esses recursos, o design e a tela multi-touchscreen (que aceita vários toques simultâneos e "entende" a posição do aparelho para evitar imagens de ponta-cabeça) são o que mais chamam a atenção. A espessura do iPhone é de mero 1,16 centímetro (contra 2,2 centímetros do BlackBerry 8700 e 2,03 centímetros do Treo 680) e o software operacional, de acordo com fóruns de discussão on-line, facílimo de usar. A rolagem dos menus e o ato de arrastar ícones, por exemplo, são feitos com os próprios dedos. "Pode parecer banal, mas somente o fato de um e-mail deletado ser representado por um envelopinho caindo no lixo torna o iPhone divertido. E essa é uma qualidade que a grande maioria dos celulares não tem", diz Marco Reis, estudante de design brasileiro que mora em Boca Raton, na Flórida. "Fiquei 4 horas na fila para comprar o iPhone, mas valeu a espera", completa.

Uma das razões que levou a Apple a assinar um contrato de exclusividade de cinco anos com a AT&T (ex-Cingular), nos EUA, foi o fato de a operadora dar carta branca à "grife da maçã". Steve Jobs e companhia podem, na AT&T, literalmente mudar a maneira como celulares são comercializados. Um único exemplo: o usuário do iPhone tem total liberdade para escolher seu plano, por meio da loja virtual iTunes – ou seja, sem a necessidade de aturar um vendedor "empurrando" pacotes de minutos.

O iPhone, claro, não é perfeito. O mesmo sistema que livra o consumidor das lojas físicas deu o que falar durante a semana passada, com milhares de compradores impossibilitados de ativar seu aparelho por problemas técnicos. A touchscreen, tão louvada, pede um pano (ou uma manga de camisa) a cada poucos minutos, já que fica toda engordurada com a oleosidade dos dedos. E, ironia das ironias, fazer uma ligação é uma das funções mais complicadas: demanda, em média, seis toques na tela.

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