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Brasília (AE) – O ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, afirmou ontem que o ano de 2005 foi "muito duro para o agronegócio". "Felizmente o ano está acabando", disse, ao fazer um balanço da agricultura em 2005 e traçar perspectivas para 2006. Ele lembrou que há 40 anos trabalha com agricultura e que são freqüentes as crises que atingem determinados setores, mas em 2005 a crise foi generalizada.

Segundo ele, 2005 foi o "pior dos mundos" na agricultura, e os focos de febre aftosa no Mato Grosso do Sul e no Paraná complicaram ainda mais a situação. O primeiro foco foi diagnosticado em outubro. Rodrigues calcula que a perda de renda na agricultura neste ano chegue a R$ 21 bilhões. "Essa quebra de renda cria uma dificuldade brutal para o governo resolver. Não há políticas que permitam resolver um problema desse tamanho", afirmou.

Ele lembrou que a crise deste ano é resultado de diversos fatores:custos de produção que subiram muito de 2004 para 2005; preços em queda, principalmente os de algodão, arroz e trigo; câmbio, que reduziu a competitividade da agricultura brasileira; e a seca, "sem precedentes", no Sul do país.

O governo fez o que pôde para ajudar os produtores, argumentou. Só em dívidas de custeio, que foram prorrogadas de 2005 para 2006, o montante chega a R$ 4 bilhões. Essa rolagem, no entanto, reduziu a oferta de recursos controlados e elevou a taxa de juros dos empréstimos aos agricultores. "Nós vivemos em 2005 o pior dos mundos na agricultura: queda de renda, menos oferta de dinheiro com taxa de juros mais alta", comentou o ministro.

Rodrigues calculou que os focos de febre aftosa reduzirão a receita cambial obtida com as exportações de carne em US$ 250 milhões. Para 2006, ele acredita em um cenário mais favorável para a agricultura, resultado da queda dos custos de produção, redução da área plantada, que indicará menor produção de grãos, e a sinalização de uma política macroeconômica mais flexível no ano que vem. "O importante é que o fundo do poço já passou", disse o ministro. Ele cobrou a liberação de recursos no período correto. "A agricultura depende de São Pedro e o dinheiro precisa ser liberado no tempo certo. Se em março ou abril tivéssemos dinheiro para apoiar a comercialização os preços não teriam despencado tanto", disse.

Apesar das dificuldades, ele lembrou aspectos positivos. O primeiro, foi o seguro rural, que tem orçamento de R$ 10 milhões para subvenção ao prêmio neste ano. O ministro também citou a aprovação e regulamentação da Lei de Biossegurança. O ministro contou que um novo modelo de rastreabilidade para o rebanho bovino deve ser concluído nas próximas semanas e citou ainda a criação de novos papéis financeiros para alavancar recursos para a agricultura. Em relação à balança comercial, Rodrigues estimou saldo de US$ 35 bilhões com venda de produtos de maior valor agregado, como café torrado e moído, solúvel e de leite condensado e queijo.

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