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Exportações são exceção: 56% empresas do ramo acreditam em alta nas encomendas – maior porcentual desde 2010 | Jonathan Campos/Gazeta do Povo
Exportações são exceção: 56% empresas do ramo acreditam em alta nas encomendas – maior porcentual desde 2010| Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo

Entraves

Mão de obra, crédito e concorrência preocupam

Encontrar pessoal qualificado ainda é o principal problema dos empresários ouvidos na pesquisa. Ele está no topo da lista de condições que travam o crescimento dos negócios para 12% dos entrevistados, seguido pelo aumento da concorrência e retração do mercado – com 9% cada. Na sequência aparecem a dificuldade para obter acesso ao crédito e a taxa de câmbio (7% cada).

Mesmo com a economia crescendo menos, encontrar mão de obra é um problema para praticamente todos os setores – da construção civil ao varejo. A rede de supermercados Condor, que tem 4 mil funcionários, passou a "importar" pessoal de Antonina, no litoral do estado. Mesmo assim tem 300 vagas abertas, segundo o presidente do grupo, Pedro Joanir Zonta.

Segundo a sondagem, mais de um terço dos empresários que vão contratar (37%) planejam abrir entre 10 e 50 vagas em 2014. Outros 24% vão contratar entre 100 e 500 pessoas. Para José Ricardo de Oliveira, sócio do escritório da consultoria EY no Paraná, esse movimento deve contribuir para manter baixo o nível de desemprego em 2014. Em média, as empresas aumentam em 10% os quadros por ano.

Crédito

Além da mão de obra, o crédito mais restrito já aparece no radar das empresas. O porcentual das que consideram esse problema como o mais crítico subiu de 5% para 7% entre 2012 e 2013. As empresas, em geral, já vêm sentindo o aperto no crédito, com juros mais altos e dificuldade em aprovar financiamentos, principalmente a partir do segundo semestre. Com projeção de alta dos juros para 2014, os bancos também preferem esperar para emprestar a juros mais altos nos próximos meses.

A provável retirada dos incentivos concedidos durante a crise devem afetar o cenário de crédito para o Brasil. A tendência é que os investidores voltem a buscar o mercado americano e o cenário, por aqui, seja de menos liquidez, diz Oliveira. "A economia brasileira não é capaz de gerar reservas para atender toda a demanda", afirma.

Timidez

É assim que o setor produtivo do Paraná deve se comportar no ano que vem, segundo o levantamento do Paraná Pesquisas. A maioria dos setores da economia vai segurar investimentos e também empregados – pensando mais no custo para demitir e recontratar. Em termos de crescimento, o cenário avistado pelos empresários do estado também é tímido. A maior parte espera crescer, mas não acredita que 2014, o ano da Copa do Mundo no país, fará grande diferença nos negócios.

Os empresários estão menos otimistas em relação a 2014. Apenas 47% acreditam que haverá crescimento econômico no próximo ano, aponta sondagem realizada pela Paraná Pesquisas. Trata-se do pior índice desde o início da série, em 2009 (96%). No levantamento do ano passado, 73% previam crescimento da economia. Ainda entre os que acham que haverá crescimento em 2014, mais de um terço dizem que o PIB não crescerá mais que 2%.

INFOGRÁFICO: Empresários não preveem crescimento econômico para o Brasil em 2014

De maneira geral, os empresários preveem ainda um ano de inflação alta e de elevação da taxa de juros e não acreditam que eventos como Copa do Mundo e as eleições irão ajudar nos seus negócios.

O pessimismo aumentou depois de dois anos de frustração em relação ao crescimento da economia brasileira. Os que se dizem otimistas somaram 64,2%, dos entrevistados, contra 77,03% na edição passada da pesquisa.

Reflexos

A perda de ânimo deve ter reflexo, ainda que tímido, nos investimentos. Caiu o porcentual dos que vão colocar mais dinheiro no próprio negócio, de 46%, no ano passado, para 35%, neste ano.

Ainda assim, a maioria absoluta – 94% – vai manter ou aumentar o número de empregados. Mas duplicou a participação dos que dizem que vão demitir, para 6%.

O aumento do déficit nas contas públicas, da inflação, dos juros, a retirada de incentivos e a ausência de reformas contribuem para aumentar o pessimismo, na opinião de Roberto Zürcher, analista do departamento econômico da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep). "O empresário olha para 2014 com uma dose de precaução", diz.

No entanto, os empresários são mais otimistas quando olham para o próprio negócio. Entre eles, 76% preveem aumento do faturamento em 2014. "O empresário sempre vai ser otimista. Mas o ponto zero desse indicador é 60%. Há um esforço para fazer crescer o próprio negócio. Mas está mais difícil", diz Zürcher.

Há também uma previsão de melhora do cenário de exportações. Entre as empresas que atuam no mercado internacional, 56% esperam aumento das encomendas – o maior porcentual desde 2010 (31%).

Copa do Mundo

Para Murilo Hidalgo Lopes de Oliveira, diretor da Paraná Pesquisas, um fator que chama a atenção é a indiferença em relação ao impacto da Copa do Mundo sobre a economia. "Os empresários não viram as coisas acontecerem e por isso acham que o evento não terá efeito multiplicador", diz.

Para José Ricardo de Oliveira, sócio do escritório consultoria EY no Paraná, o desempenho da economia seria ainda mais fraco sem a Copa do Mundo. Um estudo realizado em 2010 pela consultoria estimava que o evento esportivo poderia elevar em 2,17% o PIB brasileiro até 2014. Segundo ele, inflação, crédito e juros devem pesar negativamente na economia no próximo ano. Mas o desemprego baixo, o consumo e a melhora no cenário de exportações devem ser contribuições positivas.

Cautela deve ditar setor produtivo no ano que vem

O otimismo foi substituído pela cautela pela maioria das empresas para 2014. A Ibema, terceira maior fabricante de papel-cartão do país, não vai fazer novos investimentos em ampliação em 2014, mesmo com a fábrica, localizada em Turvo, na região central do estado, operando muito próxima do limite da capacidade, de cerca de 100 mil toneladas por ano. "Vamos segurar um pouco os investimentos. A gente não está muito otimista. A inflação está alta, há pressão nos custos que são cotados em dólar", diz Clécio Chiamulera, diretor financeiro e administrativo da empresa. A empresa também adiou a abertura de capital. "Estamos prontos, mas temos de esperar o momento certo", diz.

A previsão é que, depois de crescer 20% em 2013 – a estimativa é encerrar o ano com receitas de R$ 300 milhões –, o faturamento fique estável em 2014. "No máximo vamos crescer 5%", diz.

Para ele, a inflação, os juros altos e crédito mais restrito continuarão a ter impacto no consumo. O setor de papel-cartão é considerado um dos termômetros da economia, porque é usado em embalagens de vários tipos de produtos, como alimentos, cosméticos, itens farmacêuticos, roupas e calçados, dentre outros.

Com 74 empresas em setores diversos, como construção, energia, financeiro e imobiliário, o grupo J.Malucelli também tem uma visão mais conservadora para 2014. "A alta da taxa de juros gera incertezas. Vamos continuar a crescer, mas acredito que o próximo ano vai passar sem sentirmos muito, por conta das eleições e da Copa. A retomada virá mesmo em 2015", diz Alexandre Malucelli, presidente do grupo.

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