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Pré-sal pode estimular avanço. Ou desperdício

A Petrobras quer investir, até 2020, US$ 111,4 bilhões nas áreas do pré-sal já licitadas. Ou seja, sem contar todos os demais blocos, que serão oferecidos dentro do novo modelo de partilha, a companhia deve desembolsar perto de R$ 190 bilhões em sondas, navios, plataformas e equipamentos.

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Instalações esportivas, aeroportos, avenidas, metrôs e outros "equipamentos" urbanos serão reformados ou construídos para a Copa e os Jogos Olímpicos. O custo é calculado entre R$ 80 bilhões e R$ 150 bilhões, conforme diferentes projeções de governos, associações empresariais, consultorias e seguradoras.

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O Brasil foi confirmado como sede da Copa de 2014 em 30 de outubro de 2007. Nove dias depois, a Petrobras anunciou a maior descoberta da indústria petrolífera mundial em três décadas. Em meados de 2008, o país recebeu as duas primeiras notas de "grau de investimento", e sua resistência à crise serviu de pretexto para a terceira delas, conferida em setembro passado. Para completar, há um mês o Rio de Janeiro "conquistou" a Olimpíada de 2016.Dois anos atrás, cartomante nenhuma prenunciaria destino tão generoso. Compreende-se por que a mídia estrangeira, talvez cansada da China, esteja tratando o Brasil por "bola da vez", "país do momento" e "potência do século 21 a se observar" – mais ou menos como fez o escritor austríaco Stefan Zweig há quase 70 anos, ao classificá-lo de "país do futuro". Profecias e exageros de lado, desta vez há vários indícios, ao menos no campo econômico, de que os próximos anos são mesmo promissores.Aparentemente, dinheiro haverá. Algo entre R$ 190 bilhões e R$ 260 bilhões em investimentos, de 2010 a 2016. Isso numa estimativa conservadora, que leva em conta somente o orçamento da Petrobras para os blocos já licitados do pré-sal (que respondem por 28% da área total) e o desembolso previsto em instalações esportivas e infraestrutura de mobilidade para a Copa e os Jogos Olímpicos.Em outros termos, mesmo desconsiderando o efeito multiplicador desses investimentos, o país poderá contar com um "extra" anual de até R$ 37 bilhões, em média, pelos próximos sete anos. Esse valor equivale a quase tudo o que foi aplicado no chamado eixo logístico do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) – de acordo com o governo federal, desde 2007 foram R$ 37,5 bilhões em obras como a recuperação de 4,5 mil quilômetros de rodovias. Com essa verba, também seria possível construir umas 130 "Linhas Verdes" como a de Curitiba.

Fatia considerável do "orçamento petroesportivo" brasileiro irá para a construção civil, um dos setores que mais "distribui" benefícios por diferentes cadeias produtivas e que é grande gerador de empregos. Daí que as perspectivas para o mercado de trabalho também animam. Os preparativos para Copa e Olimpíada devem gerar 4,3 milhões de empregos até 2016, o que dá mais de 600 mil vagas por ano – quase metade dos postos formais gerados no país em 2008.

Mundo real

O universo das projeções é exuberante, mas aproveitar a esperada fartura dos próximos sete anos dependerá muito da eficiência do setor público, responsável por grande parte das obras planejadas. Motivo para pé atrás. "Pré-sal, Copa e Olimpíada são possibilidades. Que podemos ou não aproveitar", pondera o economista Luciano Nakabashi, professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR). "Os dois eventos esportivos, por exemplo, representam uma boa ocasião para o país melhorar sua infraestrutura de transportes. Agora, se esse tipo de investimento não sair, o efeito dos eventos sobre a economia será muito limitado."

O professor Jedson de Oliveira, da Estação Business School, faz eco. "Após quase 40 anos de deslizes, o Brasil tem a grande oportunidade de deslanchar e se tornar um importante ator no cenário mundial. Mas tudo remete à necessidade de expandir o nível de investimentos", diz o economista, referindo-se à chamada "formação bruta de capital fixo" (FBCF), mais conhecida como taxa de investimento ou taxa de poupança. Trata-se do dinheiro que, em vez de ser usado para consumo, é "poupado" na forma de infraestrutura, máquinas, equipamentos e outros ativos que permitem à economia crescer mais no futuro.

Em 2008, empresas e governo investiram R$ 549 bilhões, 19% do Produto Interno Bruto (PIB), segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Essa taxa, a maior da década, ainda ficou longe do ideal – para que a economia cresça mais de 5% ao ano de forma sustentável, sem pressionar a inflação, exige-se algo próximo de 25% do PIB. A crise piorou o quadro, ao reduzir a taxa de poupança para apenas 16% entre janeiro e junho de 2009. Mas, se apenas o "orçamento petroesportivo" for cumprido à risca, pode-se esperar um incremento anual da ordem de 1,3% do PIB no nível de investimento.

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