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Eike Batista: parceria com chineses para siderurgica de R$ 5 bilhões teria sido cancelada | Sérgio Moraes/Reuters
Eike Batista: parceria com chineses para siderurgica de R$ 5 bilhões teria sido cancelada| Foto: Sérgio Moraes/Reuters

Eike Batista ficou menos bilionário na semana que passou. E a culpa é toda dele.

O fato de sua companhia de petróleo estar extraindo apenas 5 mil barris por dia em vez dos 20 mil previstos em setembro de 2011 não significa que ela é um fracasso. Significa que seu dono prometeu mais do que ela seria capaz de entregar em condições normais.

Eike assegurou aos investidores resultados que não dependiam apenas da competência de sua equipe (e sobra gente competente na OGX), mas também de uma fabulosa sucessão de triunfos, sem margem para o menor imprevisto. E não é assim que as coisas funcionam na indústria do petróleo.

A OGX foi criada há apenas cinco anos. Seria natural que demorasse a apresentar resultados, porque produzir petróleo está longe de ser o negócio de risco zero que a autoconfiança de Eike faz supor. Exige gastar horrores em pesquisa, arrematar campos com algum potencial mas nenhuma garantia, encomendar plataformas, alugar sondas, perfurar quilômetros de solo conhecido apenas em parte e, com boa dose de sorte, encontrar o mineral. O trabalho não acaba aí: entre a descoberta e a produção comercial de petróleo passam-se meses de testes exaustivos; por sinal, é só nessa derradeira etapa pré-comercial que a companhia vem a conhecer mais a fundo as características boas e ruins de seu poço.

Petroleira alguma escapa disso, nem mesmo as que têm X no nome – a gigante Exxon tem dois e já levou muito tombo. Ocorre que, nas várias vezes em que alguém alertou o mercado sobre essas coisas da vida, Eike respondeu tachando os desconfiados de incompetentes, desinformados, mal-intencionados; ou então desfiando bravatas. Numa dessas, ao definir as "condições excepcionais" com que sua empresa se deparou em seus campos, chegou a dizer que "a Mãe Natureza gosta muito da OGX".

Pois na quarta-feira executivos da empresa explicaram que a produção do campo de Tubarão Azul é menor do que se previa justamente por causa de uma dessas peças da Mãe Natureza – mais especificamente, uma "fratura natural" descoberta entre dois poços da OGX na região. Como bem definiu um dos diretores, "não havia como prever isso".

Acontece nas melhores petroleiras. Mas, como muita gente havia investido na OGX e em suas irmãs X acreditando que elas não estavam sujeitas aos imponderáveis da vida, as ações desabaram.

O desapontamento do mercado também ficou claro nos relatórios que corretoras e bancos enviaram a seus clientes. A XP Investimentos escreveu que "a discrepância entre as expectativas e a realidade observada é gritante, fato que tira a credibilidade da empresa no mercado". O Deutsche Bank avaliou que "o otimismo da gestão, mais uma vez, jogou contra a OGX". Para o Bank of America Merrill Lynch, "o baixo nível de produção versus expectativas põe em dúvida os pressupostos por trás de todo o programa de crescimento da OGX".

Desta vez, Eike Batista preferiu o silêncio. Pode ser um bom indício para quem apostou na família X: talvez agora o empresário esteja trabalhando para responder às críticas "no campo", e não mais com palavras de efeito.

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