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A década de 90 foi marcada por uma série de crises entre instituições financeiras tradicionais do cenário brasileiro. Antes do Bamerindus, o banco Econômico quebrou, em maio de 1994, e o Nacional, em novembro de 1995, entre outros. "Todos os bancos ganhavam muito com a inflação. O dinheiro que as pessoas deixavam parado naquele momento representava a receita fundamental deles. Até então, eles praticamente não cobravam tarifas", explica o professor Marcelo Curado, chefe do Departamento de Economia da Universidade Federal do Paraná (UFPR). "Mas essa receita desapareceu com o fim da inflação."

Com o Plano Real, e a estabilidade econômica, os bancos tiveram de se adaptar e passar a sobreviver dos serviços bancários e da concessão de crédito. "Os que não se adaptaram, quebraram." Foi nessa época que o governo federal criou o Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional (Proer). Segundo o próprio governo na época, o objetivo era ordenar a fusão e incorporação de bancos a partir de regras ditadas pelo Banco Central.

"O sistema bancário é um conjunto de devedores e credores que não permite a quebra de grandes instituições sem que se provoque uma crise nele todo", explica Curado.

Neste sentido, o Proer foi criado como uma extensão da função já própria do Banco Central de manter o equilíbrio desse sistema. "Reconhecendo que muitos bancos não conseguiram se adaptar às mudanças, o governo criou o programa com mais recursos para viabilizar essa reestruturação." E, de fato, muitos conseguiram. Curado lembra que, na época, praticamente todos os bancos receberam recursos do Proer. "Mesmo no caso das vendas, o chamado ‘passivo podre’ ficou por conta do Programa e não foi herdado pelos compradores."

A própria aquisição do Bamerindus seguiu as regras do Proer. Na época, ele foi vendido ao HSBC por R$ 1 bilhão. O banco inglês teve 180 dias para escolher os ativos que queria – e optou apenas pelas operações bancárias. O Bamerindus ficou sob intervenção por seis meses, prorrogados por mais seis, quando foi decretada a liquidação extrajudicial.

O economista José Pio Martins foi diretor financeiro da Inpacel, do grupo Bamerindus, e fez um estudo da situação das empresas na época. Para ele, o banco teve dificuldades em se adaptar à nova realidade brasileira. Além disso, a intervenção no Banco Econômico, segundo ele, contribuiu para o surgimento e a disseminação de boatos sobre a situação da instituição paranaense. "Os dois bancos tinham semelhanças. Ambos eram regionais e familiares." Os boatos agravaram os problemas do Bamerindus. "Esse conjunto de fatores gerou uma situação de falta de liquidez."

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