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Painéis da B3, em São Paulo, na segunda-feira pós primeiro turno, em que a casa teve um pregão histórico de R$ 28,9 bilhões. | NELSON ALMEIDA/AFP
Painéis da B3, em São Paulo, na segunda-feira pós primeiro turno, em que a casa teve um pregão histórico de R$ 28,9 bilhões.| Foto: NELSON ALMEIDA/AFP

Com o segundo turno das eleições se aproximando, o chamado “mercado”, composto pela oferta e demanda agregada dos investidores, se posiciona tentando prever o resultado eleitoral. A cada nova pesquisa mostrando o avanço do candidato X ou Y, a bolsa cai ou sobe. No senso comum, volatilidade é oportunidade para especuladores, que podem ganhar ou perder muito (este último detalhe esquecido com certa frequência). Muitos também veem a alta oscilação de preços como uma dor de cabeça para investidores de longo prazo, por ter poder de causar perdas substanciais a um patrimônio acumulado após um longo período de poupança e investimento.

Porém, a realidade é que uma vez conhecendo o chamado valor intrínseco de um ativo, o investidor de longo prazo pode transformar a volatilidade eleitoral em aliada e aproveitar o período para aportar em renda variável de forma muito vantajosa, já que grandes quedas tornam possíveis compras antes caras, por conta do preço da ação estar acima de seu valor intrínseco. 

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O mercado de capitais brasileiros e principalmente o mercado acionário ainda têm grande presença de estrangeiros. Esses investidores são altamente avessos a risco político de qualquer espécie por temerem sempre pelo pior, por englobarem o Brasil no contexto histórico e político latino-americano, recheado de estatizações e punições ao mercado financeiro. A realidade é que o Brasil já se provou ser um país onde esse cenário altamente estatizante é pouco provável, com a “Carta ao Povo Brasileiro” de Lula em 2002. Quem vive a realidade do país, sabe que medidas muito extremas à esquerda do espectro político são poucos viáveis devido à fortíssima resistência por parte do Congresso Nacional e da própria população.

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Porém, é também preciso que se tome muito cuidado com o otimismo excessivo. Cenários eleitorais podem transformar o ato de investir em uma verdadeira torcida pelo candidato X ou Y. Da mesma forma que cenários negativos tendem a ser exagerados, isso ocorre também com cenários ditos positivos. É preciso que se tenha consciência da realidade: A atuação do Presidente eleito é limitada e a implementação de projetos é quase sempre negociada com o Legislativo.

Os fenômenos descritos acima são causados pelos chamados vieses comportamentais dos seres humanos. A interferência desses vieses em investimentos vem sendo amplamente estudada nas últimas décadas e eles são fatores importantíssimos a se terem em mente na hora de investir, de forma a se disciplinar para não os cometer.

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Os vieses comportamentais que podem afetar os investimentos são numerosos e não cabe discuti-los individualmente neste artigo. Porém, focando na época eleitoral em que estamos, o chamado viés da “torcida” é bastante importante, como foi discutido. É preciso que se atente ao fenômeno de investidores que transformam a Bolsa de Valores em um ambiente para torcer, muitas vezes comprando ações supervalorizadas e até opções na esperança de que seu candidato vença. Esse comportamento é perigoso e deve ser evitado a todo custo. Antes de investir, principalmente no cenário atual, revise seu raciocínio para garantir que esse tipo de viés não está interferindo em sua decisão.

*Formado em administração de empresas pela Fundação Getúlio Vargas, Tiago Reis é Fundador e CEO da Suno Research, consultoria de análise financeira voltada para investidores individuais. Analista de Investimentos com certificação da CNPI (Certificação Nacional dos Profissionais de Investimento), Tiago iniciou sua carreira na Set Investimentos e é especialista em assuntos como mercado financeiro, bolsa de valores, investimentos, fraudes corporativas e finanças corporativa. 

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