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Planos econômicos

Correção pode levar tempo

Os investidores que pleiteiam na Justiça a correção da caderneta de poupança de três planos econômicos (Bresser, Verão e Collor I) terão de esperar mais alguns meses para saber o rumo que suas ações terão. Isso porque, após uma decisão positiva tomada na última quarta-feira pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) sobre as ações individuais, o Supremo Tribunal Federal (STF) suspendeu na sexta-feira passada a tramitação de todos os recursos de poupadores. "Agora, quem tem ação precisa esperar. E é bom esperar torcendo para que o julgamento do STF seja positivo aos poupadores", diz Alexandre Berthe, advogado que está cuidando de alguns casos sobre o tema.

Na prática, todas as decisões anunciadas pelo STJ quarta-feira não estão valendo, inclusive os índices de correção monetária aplicados às poupanças. Na ocasião, ficaram definidos 26,06% para o Plano Bresser; 42,72% para o Plano Verão; 44,8% para o Collor I; e 21,87% para o Plano Collor II. "Se não houvesse a suspensão, apesar de os índices já terem sido definidos, os poupadores que entraram com ações individuais teriam de esperar os julgamentos. Provavelmente, os resultados seriam positivos aos cidadãos", diz Alberto Haim Fux, coordenador de contencioso cível do escritório Rosenbaum, que tem 50 ações individuais. As ações individuais que já transitaram em julgado (ou seja, que já passaram por todas as instâncias judiciais, nas quais não cabe mais recurso) não terão alteração no resultado, segundo os advogados consultados.

As ações coletivas – ou seja, as impetradas por órgãos de defesa do consumidor, instituições, entidades de classe – foram derrubadas pelo STJ na quarta-feira. Essa decisão também está suspensa, mas o mais provável é que o tribunal mantenha a decisão anterior.

Se valerem as estimativas feitas pelas consultorias e bancos, amanhã o Banco Central deve anunciar a manutenção da taxa de juros Selic em 10,75%. Com isso estará consolidado o fim de um curto ciclo de alta nos juros básicos do país – em 17 de março a Selic (que serve de referência para negócios dos bancos com o governo e entre si) chegou a 8,75%, o porcentual mais baixo das últimas décadas. E estará voltando à ordem do dia uma discussão que movimentou economistas e políticos no ano passado: a necessidade de promover alterações nas regras das cadernetas de poupança.

O problema da poupança, segundo observadores, é que ela pode tornar-se um obstáculo para a queda dos juros. Isso decorre da sua regra de remuneração: 0,5% ao mês mais a variação da TR, que é uma taxa referencial calculada diariamente pelo Banco Central a partir de uma "cesta" de títulos. Mesmo que a TR seja reduzida a zero – e isso já aconteceu 49 vezes este ano – a poupança continuaria pagando juros de 6,17% ao ano, bastante próximos da taxa básica.

A preocupação do governo é que essa proximidade torne desinteressantes os títulos públicos que pagam aqueles juros iguais ou próximos à Selic. Com isso sairiam prejudicados o próprio governo – que depende da venda desses títulos para a rolagem da dívida pública – e os fundos de renda fixa oferecidos pelos bancos. Ao menos teoricamente, essas aplicações ficariam menos atraentes do que a velha caderneta, porque são tributados com Imposto de Renda, enquanto que a poupança é isenta. No ano passado, o governo chegou a uma fórmula em que a poupança seria tributada, mas desistiu até mesmo de mandá-la para o Congresso.

O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, diz que a mudança teria de ser maior do que simplesmente tributar a caderneta. Isso passa por uma mudança conceitual, não só da caderneta, mas para todos os ativos financeiros. A remuneração deveria estar associada ao prazo (da aplicação)", comentou. "A liquidez imediata em nenhum lugar do mundo tem taxas de remuneração tão altas. De repente, não precisa repensar a regra de remuneração (da caderneta de poupança), mas sim as condições de remuneração", afirmou.

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