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Acompanhe através do gráfico o aumento das contribuições para os fundos de previdência complementar |
Acompanhe através do gráfico o aumento das contribuições para os fundos de previdência complementar| Foto:

A poupança, de volta ao impasse

Se valerem as estimativas feitas pelas consultorias e bancos, amanhã o Banco Central deve anunciar a manutenção da taxa de juros Selic em 10,75%. Com isso estará consolidado o fim de um curto ciclo de alta nos juros básicos do país – em 17 de março a Selic (que serve de referência para negócios dos bancos com o governo e entre si) chegou a 8,75%, o porcentual mais baixo das últimas décadas.

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Não posso generalizar – é óbvio que as instituições financeiras, que administram diversos desses fundos, têm especialistas de alto nível. Mas, na maioria dos casos, essas pessoas não estão nas agências ou ao alcance dos clientes que precisam de informação básica: categoria de plano, composição de carteira, tabela de tributação. Essas pessoas acabam sendo mal informadas e podem ficar muito descontentes com o resultado.

Dias atrás fui procurado por uma senhora que contou que pretendia transferir suas aplicações de previdência – divididas em dois fundos, um PGBL e um VGBL – de uma instituição para outra. Não queria mudar nada nas aplicações; o único objetivo da mudança era concentrar todos os investimentos num único banco. Nas duas instituições, tanto na de origem quanto na destinatária, ela foi informada que teria de resgatar o valor total da aplicação e então depositá-lo no outro banco. Se fizesse isso, teria de recolher imposto de renda e perderia dinheiro.

Tudo errado! As pessoas que a atenderam pareciam ignorar o dispositivo da portabilidade, que transmite transferir sem custo algum recursos aplicados em fundos de previdência entre um banco e outro, desde que dentro da mesma categoria. Mais do que isso: o banco que recebe a nova aplicação quase sempre concede algum benefício para o cliente, como a redução das taxas de carregamento e/ou administração. Nada mais justo, já que estão recebendo recursos que, de outra maneira, ficariam nas mãos de um concorrente.

Por que então a cliente foi tão mal orientada? E por que informações ruins sobre previdência (de vez em quando alguém escreve para a coluna relatando alguma experiência nesse sentido) são tão frequentes?

"Desinformação", sentencia o consultor Renato Follador, especialista no assunto. "O pessoal que cuida de previdência nas agências bancárias não consegue responder a segunda pergunta que os clientes fazem." Ou seja: têm apenas um conhecimento regular sobre o tema.

O caso da portabilidade, diz ele, é emblemático: ela foi criada para que o cliente descontente com algum serviço ou com os valores cobrados pudesse migrar de uma instituição para outra sem pagar "pedágio" nenhum. "Não faria sentido sacrificar anos de contribuição para isso, já que a previdência complementar tem regimes tributários que privilegiam o longo prazo. O importante da portabilidade é manter o período contributivo e as condições tributárias", resume Follador.

Se você quer poupar para a aposentadoria e pretende entrar num plano de previdência complementar, não precisa se assustar com essa epidemia de desinformação. Apenas tome as precauções necessárias. Consulte os sites dos bancos e leia bastante. Há vários bons livros no mercado que explicam tintim por tintim o funcionamento do sistema. Há consultores que trabalham com isso, como o próprio Follador (www.renatofollador.com.br). O importante é não se deixar levar por uma opinião só e construir o seu próprio raciocínio. No fim das contas, o responsável pelo seu futuro é mesmo você.

Brincadeira

Daniel Hamermesh, economista e professor da Universidade do Texas, escreveu no blog Freakonomics (freakonomics.blogs.nytimes.com, em inglês) algumas dicas econômicas úteis que podem ser ensinadas pelo jogo Monopoly (que está no mercado brasileiro sob esse nome e também pelo mais conhecido Banco Imobiliário). Abaixo, duas delas:

- como o valor é predefinido e você pode comprar quase qualquer coisa, é preciso aperfeiçoar ao máximo o uso dos recursos. Hamermesh, que costuma jogar com os netos, diz que nunca compra estradas de ferro no começo do jogo, porque acredita que o aluguel de uma propriedade convencional é proporcionalmente maior;

- é preciso ser dinâmico e mudar as estratégias para se manter ao longo do jogo, aplicando dinheiro na construção de casas e guardando o suficiente para não quebrar quando cair nas propriedades dos outros jogadores.

Educação financeira é assunto sério, mas isso não significa que brincadeiras e jogos não sejam úteis para ensiná-la.Contato

Escreva para financaspessoais@gazetadopovo.com.br e mande sua dúvida, comentário ou crítica.

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